Diário do Amapá - 03 e 04/08/2025

Em reunião extraordinária nesta sexta-feira (1º), o Conselho Monetário Nacional (CMN) apertou as instituições financeiras para poderem se associar ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Entidade privada gerida pelos bancos associados, mas regulada pelo CMN, o FGC garante os saldos em conta e os investimentos de pessoas f ísicas e jurídicas de até R$ 250 mil para cada instituição financeira, com limite global de até R$ 1 milhão em quatro anos. O dinheiro é pago aos investidores em caso de quebra ou liquidação da instituição financeira. Prevista para entrarem em vigor em 1º de junho de 2026, as novas regras foram definidas após o caso do Banco Master, cuja compra pelo Banco do Brasília (BRB) é alvo de ações judiciais e é investigada pelo Ministério Público. O Banco Central (BC), no entanto, não informou se outros bancos serão afetados, além do Master. As normas procuram inibir condutas agressivas na captação de recursos por instituições financeiras, que ofe- recem investimentos como Certificados de Depósito Ban- cário (CDB) e títulos privados e prometem retornos mais altos que a média do mercado. Para poderem pagar o retorno oferecido, essas insti- tuições fazem investimentos arriscados, que podemprovocar problemas e crises de liquidez (falta de dinheiro para pagar os donos dos CDB) caso as aplicações não deem certo. Alavancagem Aprincipal mudança diz respeito ao grau de alavancagem das instituições financeiras participantes do FGC. Por meio da alavancagem, uma instituição pega dinheiro em- prestado para investir, multiplicando o valor aplicado, porém expondo-se a mais riscos. ■ CMN Conselho Monetário aperta regras do FGC após caso do Banco Master BOLSA Dólar cai para R$ 5,54 com dados de desemprego nos EUA A divulgação de dados fracos no mercado de trabalho nos Estados Unidos (EUA) fez o dólar iniciar o mês em forte queda. A bolsa de valores, no entanto, continuou em território negativo e caiu para 132 mil pontos, afetada pelas bolsas em outros países. O dólar comercial encerrou a sexta-feira (1º) vendido a R$ 5,545, com recuo de R$ 0,056 (-1,01%). A cotação chegou a R$ 5,62 nos primeiros minutos de negociação, refletindo o anúncio de tarifas para diversos países pelo governo de Donald Trump, mas despencou após o anúncio das estatísticas de emprego nos Estados Unidos. Na mínima do dia, por volta das 10h30, o dólar chegou a R$ 5,53. A divisa cai 10,27% em 2025. Diferentemente do câmbio, o mercado de ações teve um dia de turbulências. O índice Ibovespa, da B3, fechou aos 132.437 pontos, com recuo de 0,48%. O indicador foi influenciado tanto por fatores ligados à guerra comercial com os Estados Unidos quanto pelo desempenho das bolsas em todo o planeta. Em relação ao mercado de trabalho norte-americano, a criação de 73 mil vagas formais no país em julho e o au- mento da taxa de desemprego para 4,2% aumentaram as chances de o Federal Reserve (Fed, Banco Central esta- dunidense) cortar os juros da maior economia do mundo a partir de setembro. Juros mais baixos em economias avançadas estimulam a fuga de recursos financeiros em países emergentes. A renúncia de uma diretora-regional do Fed e a de- missão da comissária responsável pelo Departamento de Estatísticas do Trabalho dos EUA aceleraram a queda do dólar. *Com informações da Reuters ■ ● ● FALECOM0COMERCIAL E-mail: comercial.da@bol.com.br site: www.diariodoamapa.com twitter: @diariodoamapa Instagram: @diariodoamapa A taxação de 50% sobre os produtos brasileiros que entrarem nos Es- tados Unidos (EUA) foi o tema do encontro As Medidas do Governo Trump e os Efeitos para o Brasil, organizado pelo Conselho de Relações Internacionais e pelo Conselho Superior de Economia, Sociologia e Política, da FecomercioSP. O encontro, online, foi realizado nesta sexta-feira (1º), em São Paulo. Para a Fe- comércio-SP, a medida contraria os pres- supostos básicos do comércio global, pe- nalizando as empresas, a geração de em- pregos e o crescimento econômico do Brasil. “O enfraquecimento das relações co- merciais entre os dois países compromete a disposição dos negócios para investir, agregar valor e ampliar a sua presença no mercado internacional, além de abalar a confiança entre duas nações, cuja relação é marcada pela longa tradição de coope- ração comercial”, diz a entidade. Para o economista e pesquisador sê- nior no Policy Center for the New South, Otaviano Canuto, com a medida, e já calculando as exceções, o Brasil deve re- gistrar redução do Produto Interno Bruto (PIB) em torno de 0,9% ao longo de um ano. “Em termos absolutos, o impacto é menor do que o que seria com os 50% para tudo. O impacto é negativo, mas ao mesmo tempo não é desastroso, a não ser do ponto de vista dos setores especí- ficos, como carnes e frutas.” O sociólogo e diretor de Estratégia da consultoria Arko Advice, iago de Aragão, observou que inúmeras empresas estão lutando para entrar na lista de isen- ção. Segundo Aragão, as negociações co- meçam de fato quando os EUA publicam a lista dos isentos. “Oque está acontecendo agora é que nós temos indústrias tentando se adaptar à realidade dentro da lista de isenção ou para uma tentativa de entrar nessa lista de isenção.” Para o sociólogo, os setores que fica- ram fora da lista podem ser incluídos se as negociações forem bem conduzidas nos próximos 30 ou 45 dias. Caso isso não ocorra, a terceira alternativa é buscar outros mercados. “Na pior das hipóteses, haverá diminuição nos investimentos se não for possível redirecionar a produção para o mercado que pague um valor si- milar." Aragão disse ainda que a permanência da taxação para alguns setores e produtos é estratégica e que, se a lista sair perfeita demais, o ímpeto de negociação e o senso de urgência do Brasil diminuem. Ele res- saltou que a forma como Trump estabelece as negociações não é novidade e que sem- pre há uma questão política envolvida para pressionar a outra parte. “Podemos identificar esse padrão em várias outras negociações. Se no Brasil é o Bolsonaro e o Supremo; no México, é o Fentanyl; no Canadá, é a questão do 51º estado; na União Europeia, é a anexação da Groenlândia; na África do Sul, é o apartheid inverso contra os africanos brancos; no Panamá, o canal do Panamá. Sempre há um gatilho político com um objetivo comercial. E esse gatilho político é voltado para gerar ansiedade.” De acordo com o sociólogo, na carta enviada ao Brasil, essa estratégia fica muito clara, uma vez que o americano aponta dois tipos de insatisfação e uma saída para resolvê-las. “Se o acordo co- mercial for satisfatório, os outros assuntos vão se diluir, vão deixar de ser temas es- truturais na relação ou na negociação. O Trump gosta de fechar negócios, e a forma dele de fechar negócio é um jogo de soma zero. Ele entende que precisa ganhar e apresentar uma vitória.” ■ TARIFAÇO PREJUDICA EMPRESAS E GERAÇÃO DE EMPREGOS, DIZ FECOMERCIOSP V Foto/ Divulgação/Porto de Santos COMÉRCIO GLOBAL ECONOMIA | ECONOMIA | DIÁRIO DO AMAPÁ 7 DOMINGO E SEGUNDA-FEIRA | 03 E 04 DE AGOSTO DE 2025

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