Diário do Amapá - 10 e 11/08/2025

ENTREVISTA MINISTRA |ENTREVISTA | DIÁRIO DO AMAPÁ DOMINGO E SEGUNDA-FEIRA | 10 E 11 DE AGOSTO DE 2025 14 Aministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, defendeu que é preciso planejamento para enfrentar as mudanças climáticas e promover a transição energética. Também sobre investimentos na exploração de combustíveis fósseis no país. A ministra foi questionada por jornalistas sobre os projetos do governo e da Petrobras como a exploração de petróleo na Margem Equatorial do Brasil, extensa área marítima que vai do Rio Grande do Norte ao Amapá e onde o Rio Amazo- nas deságua no Oceano Atlântico. Marina Silva - Nós vivemos ummomento de muitas contradi- ções, e o importante é que estamos dispostos a superar essas con- tradições. Em Dubai [na 28ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas – COP28, em 2023] nós assumimos o compromisso de fazer a transição para o fim de combustível fóssil, com países ricos liderando essa corrida, países em desenvolvimen- to vindo em seguida. E o que eu tenho dito é que é preciso que te- nhamos uma espécie de mapa do caminho para essa transição. A pior forma de enfrentarmos uma situação adversa, e ela é adversa para todos, é não nos planejarmos para ela. Por isso que, muito corretamente, foi estabelecido que é uma transição justa e planeja- da. Marina citou como exemplo o compromisso brasileiro de zerar o desmatamento até 2030, enquanto tem na agricultura o maior peso da sua balança comercial. Marina - Já conseguimos reduzir desmatamento em 46%, na Amazônia, e em 32%, no país inteiro. “E olha que coisa interessan- te, nós conseguimos reduzir desmatamento nessa quantidade, evi- tamos lançar mais de 400 milhões de to. neladas de gás carbônico na atmosfera e, ao mesmo tempo, a nossa agricultura cresceu 15% e nós tivemos um aumento da renda da per capita emmais de 11%, e o Brasil conseguiu abrir mais de 300 mercados para a sua agricul- tura” Aministra afirmou, ainda, que o Brasil é capaz de liderar pelo exemplo na questão ambiental. Para isso, ela cobrou umfinanciamento robusto, pelos países desenvolvidos, para as ações de enfrentamento amudanças climáticas, principalmente, empaísesmais vulneráveis. Marina - O Brasil, talvez, seja um dos únicos países que tem um compromisso de zerar desmatamento até 2030. E nós considera- mos que isso é liderar pelo exemplo. Todos os países em desenvol- vimento são unânimes de que precisamos de recursos financeiros e de recursos tecnológicos; de juntar recursos públicos que sejam alavancadores, inclusive, para que a gente possa ter acesso a recur- sos privados. É necessária, também, transferência de tecnologia para ajudar países em desenvolvimento a fazerem suas transições, a reduzirem suas emissões e, sobretudo, a se adaptarem a uma si- tuação que já é realidade. São recursos muito volumosos na área de infraestrutura. Tem uma outra agenda, que é a de perdas e da- nos: como reparar os prejuízos daquelas populações e regiões que já estão sendo dramaticamente afetadas, principalmente os países mais vulneráveis. A ministra citou as iniciativas do Brasil para mobili- zar a comunidade global durante a presidência do G20, no ano passado, e do Brics, no último semestre, em temas relacionados a desenvolvimento sustentá- vel e mudanças climáticas. Marina - É o pagamento por serviços ambientais, de conserva- ção das florestas", explicou Marina. “As florestas prestam servi- ços para o equilíbrio do planeta e isso ajudará a conservar flores- tas e seus povos originários e locais, que são responsáveis pela preservação dessas áreas no mundo inteiro. Ainda de acordo com a ministra do Meio Ambiente, o governo Lula vem trabalhando em uma proposta de remunerar grandes, médias e pequenas propriedades rurais que têm reserva legal excedente. Marina - São instrumentos econômicos para que a gente possa enfrentar a mudança do clima, a desertificação, a perda de biodiver- sidade e, ao mesmo tempo, combater a pobreza e as desigualdades, gerando emprego, gerando renda e, exatamente em função disso, é que nós estamos trabalhando medidas alternativas para viabilizar recursos, como é o caso do Fundo Clima, do Ecoinvest e do próprio Fundo Amazônia Financiamento climático para países em desenvolvi- mento até 2035. Marina - Neste ano, a COP30 ocorrerá sob a presidência do Bra- sil, em Belém, e, segundo Marina, o objetivo do governo é que seja a COP da implementação, com compromissos financeiros robus- tos e metas de redução de emissões ambiciosas. Texto: CLEBER BARBOSA | Foto: DIVULGAÇÃO PERFIL Marina Silva é professora, ambientalista e política brasileira. Formada em História, tem especialização em Psicopedagogia e Teoria Psicanalítica. Formação acadêmica - Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal da Bahia e pela Academia Chinesa de Silvicultura. - Recebeu dezenas de títulos e prêmios nacionais e internacionais. - Foi vereadora, deputada estadual e senadora – eleita sempre com votações recordes. - Foi também ministra do meio ambiente entre 2003 e 2008. - Disputou as eleições presidenciais de 2010, 2014 e 2018. - Foi eleita deputada federal por São Paulo em 2022. - Atualmente está novamente chefiando a pasta de Meio Ambiente na Esplanada. Posicionamentos - Ela foi eleita deputada federal por São Paulo em 2022 pela Rede Sustentabilidade, em federação com o PSOL, com 237.526 votos, sendo a 12ª candidata mais votada. - Também é conhecida por sua plataforma anticorrupção e por se opor ao programa nuclear brasileiro, defendendo a redistribuição de recursos para fontes de energia renovável como solar e eólica. - Defende um plebiscito nacional sobre investimentos em energia nuclear e limites de mandato presidencial. Marina Silva ■ Ministra doMeioAmbiente do Brasil, a acreana Marina Silva | Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil Estamosdispostosasuperar contradições dispost

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