Diário do Amapá - 10 e 11/08/2025

LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIODECOMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) - Fone: 96-3223-7690 www.diariodoamapa.com.br COMPROMISSOCOMANOTÍCIA |OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ DOMINGO E SEGUNDA-FEIRA | 10 E 11 DE AGOSTO DE 2025 2 I niciando a Quaresma, começamos também a Campanha da Fraternidade. Essa campanha é a proposta concreta da Igreja para que a nossa “conversão” e o nosso “jejum” quaresmais tenham uma atuação prática. No Primeiro Domingo, sempre encontramos a página das “tentações” de Jesus no deserto. A primeira tentação foi a de transformar as pedras em pão, algo muito atrativo para quem estava jejuando. Jesus não aceitou, ao contrário, respondeu com as palavras da Escritura: “Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”. Entendemos que essa narração é muito mais que um relato. O que está em jogo é a maneira de como Jesus viverá o seu “messianismo”. Será alguém ambicioso pelo poder humano, dominador do mundo, um “rei” maior do que todos os demais, um milagreiro insuperável ou um enviado pelo Pai para ensinar o caminho, dif ícil e sempre novo, da gratuidade e do amor? Pelos Evangelhos e pela pregação dos apóstolos conhecemos como foi a vida de Jesus, ele “andou fazendo o bem” (At 10,38). Foi um dom para quem o en- contrava, deixou-se consumir pelo amor aos pobres, aos enfermos, aos pecadores, até oferecer a própria vida na cruz. Ele nos ensinou que a realização do Reino dos Céus, a “nova” humanidade fraterna, passa pela solidariedade, a partilha, a generosidade. Ainda hoje, escutamos pessoas dizendo que se Deus fosse bom mesmo não deveria deixar ninguém morrer de fome, como se a culpa do egoísmo e das injustiças humanas fosse dele. O trecho do evangelho de Mateus (14,13-21) escolhido como iluminação bí- blica para a Campanha da Fraternidade 2023 é aquele que nos acostumamos a chamar de multiplicação dos pães e dos peixes, e o lema repete as palavras de Jesus aos discípulos que queriam despedir o povo: “Dai-lhes vós mesmos de comer!”. Ao juntar o pouco alimento disponível oferecido, ao entregá-lo nas mão de Jesus que o abençoa e ao distribuí-lo, algo surpreendente aconteceu: “todos comeram e ficaram saciados”. E ainda sobrou. A resposta decisiva à questão gravíssima da fome no mundo e no Brasil virá, sem dúvida, de uma melhor e mais justa dis- tribuição dos recursos e das riquezas que o planeta - dádiva de Deus- nos oferece. Tudo deve começar, porém, pelos pequenos gestos, como foi aquele de partilhar os cinco pães e os dois peixes. Para que consigamos fazer isso, precisamos antes experimentar o mesmo que Jesus sentiu ao ver aquela multidão de sofredores e famintos: ele “encheu-se de com- paixão” (Mt 14,14). Essa “compaixão” é muito mais do que um senti- mento, ela vai junto com a consciência de que algo está errado e, sobretudo, com o impulso a agir para que o sofrimento daqueles irmãos e irmãs seja mitigado. Este sempre será o primeiro passo a ser dado em sinal de solidariedade com quem passa fome. É a primeira das obras de misericórdia: “Estava com fome e me destes de comer” (Mt 25,35). Quantas ações bonitas as nossas paróquias e comunidades realizam neste sentido! No entanto, sabemos que isso não resolve o problema que é social e complexo. Por isso, a Campanha da Fraternidade, que pela terceira vez coloca a questão da fome, convida-nos a procurar e a reconhecer as responsabilidades e as mazelas que causam essa si- tuação. Não basta dar uma “esmola” para quem precisa e assim silenciar a nossa consciência. Esse gesto sempre será uma das obras da penitência quaresmal, mas aos problemas sociais devemos dar soluções que envolvam toda a sociedade, ou seja leis justas e, quando for necessário, mudança também das relações econômicas entre as pessoas, as empresas e países inteiros. Quando uma ação precisa do envolvimento e da boa vontade de todos são ne- cessárias motivações humanitárias, que vão além dos projetos partidários e de poder. Para nós, cristãos, as motivações nos vêm da Palavra de Deus, luz e alimento para as nossas escolhas pessoais e comunitárias. Por isso, junto ao “pão”, os cristãos têm que oferecer amizade, respeito, acolhida. A verdadeira “compaixão” deve alegrar o coração de quem doa e de quem recebe, para que, junto com a fome, sejam vencidos também a indiferença e o egoísmo. ■ DOMPEDROCONTI E-mail: oscarfilho.ap@bol.com.br Administrador Apostólico da Diocese de Macapá A resposta decisiva à questão gravíssima da fome no mundo e no Brasil virá, sem dúvida, de uma melhor e mais justa distribuição dos recursos e das riquezas que o planeta - dádiva de Deus- nos oferece. Tudo deve começar, porém, pelos pequenos gestos, como foi aquele de partilhar os cinco pães e os dois peixes. Não só de pão vive o homem (Mt 4,4) O salmo 104, das Sagradas Escrituras, apresenta a história de salvação que Israel canta na liturgia. É um salmo bem resplandecente e pleno de confiança na ação redentora de Deus. É um hino que revela toda a sua rejeição ao pecado que prejudica a vida. É, em síntese, uma exaltação da história de salvação de Israel. "Aleluia. Celebrai o Senhor, aclamai o seu nome, apregoai entre as nações as suas obras. Cantai-lhe hinos e cânticos, anunciai todas as suas maravilhas. Glo- riai-vos do seu santo nome; rejubile o coração dos que procuram o Senhor. Recorrei ao Senhor e ao seu poder, procurai continuamente sua face. Recordai as maravilhas que operou, seus prodígios e julgamentos por seus lábios proferidos, ó descendência de Abraão, seu servidor, ó filhos de Jacó, seus escolhidos! É ele o Senhor, nosso Deus; suas sentenças comandam a terra inteira. Ele se lembra eternamente de sua aliança, da palavra que empenhou a mil gerações, que garantiu a Abraão, e jurou a Isaac, e confirmou a Jacó irrevo- gavelmente, e a Israel como aliança eterna, quando disse: Dar-te-ei a terra de Canaã, como parte de vossa herança. Quando não passavam de um reduzido número, minoria insignificante e estrangeiros na terra, e andavam errantes de nação em nação, de reino em reino, não permitiu que os oprimissem, e castigou a reis por causa deles. Não ouseis tocar nos que me são consagrados, nem maltratar os meus profetas. E chamou a fome sobre a terra, e os privou do pão que os sustentava. Diante deles enviara um homem: José, que fora vendido como escravo. Apertaram-lhe os pés entre grilhões, com cadeias cingiram-lhe o pescoço, até que se cumpriu a profecia, e o justificou a palavra de Deus. Então o rei ordenou que o soltassem, o soberano de povos o livrou, e o nomeou senhor de sua casa e go- vernador de seus domínios, para, a seu bel-prazer, dar ordens a seus príncipes, e a seus anciãos, lições de sabedoria. Então Israel penetrou no Egito, Jacó foi viver na terra de Cam. Deus multiplicou grande- mente o seu povo, e o tornou mais forte que seus inimigos. Depois, de tal modo lhes mudou os corações, que com aversão trataram o seu povo, e com perf ídia, os seus servidores. Mas Deus lhes suscitou Moisés, seu servo, e Aarão, seu escolhido. Ambos operaram entre eles prodígios e milagres na terra deCam.Mandou trevas e se fez noite, resistiram, porém, às suas palavras. Converteu-lhes as águas em sangue, matando-lhes todos os seus peixes. In- festou-lhes a terra de rãs, até nos aposentos reais. A uma palavra sua vieramnuvens demoscas, mosquitos em todo o seu território. Em vez de chuva lhes mandou granizo e chamas devorantes sobre a terra. Devastou-lhes as vinhas e figueiras, e partiu-lhes as árvores de seus campos. A seu mandado vieram os gafanhotos, e lagartas em quantidade enorme, que de- voraram toda a erva de suas terras e comeram os frutos de seus campos. Depois matou os primogênitos do seu povo, primícias de sua virilidade. E Deus tirou os hebreus carregados de ouro e prata; não houve, nas tribos, nenhum enfermo. Alegraram-se os egípcios com sua partida, pelo temor que os hebreus lhes tinham causado. Para os abrigar Deus estendeu uma nuvem, e para lhes iluminar a noite uma coluna de fogo. A seu pedido, mandou-lhes codornizes, e os fartou com pão vindo do céu. Abriu o rochedo e jorrou água como um rio a correr pelo deserto, pois se lembrava da palavra sagrada, empenhada a seu servo Abraão. E fez sair, com júbilo, o seu povo, e seus eleitos com grande exultação. Deu-lhes a terra dos pagãos e desfrutaram das riquezas desses povos, sob a condição de guardaremseusmandamentos e observaremfielmente suas lei." Pela primeira vez nos salmos, ouve-se a palavra ‘aleluia,’ aclamação festiva da liturgia e, nesse caso, uma liturgia de louvor. O hino é uma reflexão de louvor sobre o Credo de Israel, um Credo não feito de intelectualismo ou de elucubração mental, mas de ações históricas de Deus na vida do seu povo. ■ CLAUDIOPIGHIN E-mail: clpighin@claudio-pighin.net Sacerdote e doutor em teologia. Pela primeira vez nos salmos, ouve-se a palavra ‘aleluia’, aclamação festiva da liturgia e, nesse caso, uma liturgia de louvor. O hino é uma reflexão de louvor sobre o Credo de Israel, um Credo não feito de intelectualismo ou de elucubração mental, mas de ações históricas de Deus na vida do seu povo. Celebrai o senhor, aclamai o seu nome!

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