Diário do Amapá - 12/02/2025

| OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ QUARTA-FEIRA | 12 DE FEVEREIRO DE 2025 2 LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIODECOMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) - Fone: 96-3223-7690 www.diariodoamapa.com.br COMPROMISSOCOMANOTÍCIA S ou fã de sebos. Sempre fui. São uma alternativa mais barata para que consigamos manter o hábito da leitura. E agente encontra cada tesouro lá... Pois me ocorreu um outro tipo de sebo, o sebo de praia. E existe isso? Pois então, existe, sim. Existe, porque existem pessoas abnegadas, amantes de livros, que fazem deles profissão, ganha-pão. E quando chega o verão, eles vão de mala e cuia – ou melhor, com a barraca e uma boa quantidade de livros – para a praia, oferecer variada opção de leitura para os veranistas. Admiro essas pessoas, por levarem o livro a um lugar onde normalmente ele não seria encontrado e também por sacrificarem o seu verão trabalhando para que algum turista que esteja pro- curando por uma boa leitura, possa en- contrá-la sem ter que deixar a praia e des- locar-se até a cidade. Sei que não é em toda praia que acontece isso, não sei exa- tamente quais delas contam com essa opção, mas aqui em Floripa, em um ou outra, já houve como encontrar um cristão ofere- cendo livros. É claro que eles não oferecem apenas livros, há revistas, quadrinhos, etc., como todo bom sebo, o que os torna ainda mais atrativos. Acho ótimo que o sebo tenha chegado até a praia. Que a ideia sirva de exemplo e mais sebos nas praias de todo o nosso litoral, por todo o Brasil, apareçam e sejam prestigiados, porque não adianta existir o sebo se não comprarmos os livros que eles oferecem. Se não houver demanda, eles desaparecem. E precisamos valorizar toda iniciativa que venha para incentivar a leitura, que venha para colocar livros nas mãos de todo aquele que queira adquirir mais cultura, mais conhecimento, mais informação. A leitura nos faz viajar, pois ao recriarmos a ficção, passeamos por lugares verdadeiros ou imaginados que talvez não possamos visitar de outra maneira. Que venham os sebos praianos, que venham mais e apareçam em todas as nossas praias. Qualquer iniciativa que privilegie a leitura, qualquer ação que coloque livros nas mãos de leitores em formação ou tenha a possibilidade de formar novos leitores é bem-vinda. A criatividade do brasileiro nesse sentido é grande e precisamos apoiar aqueles que se dedicam a incentivar a leitura. São ideias várias, de norte a sul do Brasil, e tenho o hábito de divulgar, porque bons projetos para melhorar a cultura de nosso povo, têm que ser co- nhecidos e multiplicados. ■ Acho ótimo que o sebo tenha chegado até a praia. Que a ideia sirva de exemplo e mais sebos nas praias de todo o nosso litoral, por todo o Brasil, apareçam e sejam prestigiados, porque não adianta existir o sebo se não comprarmos os livros que eles oferecem. Se não houver demanda, eles desaparecem. Livros nas praias O s números do Ligue 180 escancaram uma realidade cruel: a violência contra a mulher no Brasil não dá trégua. Em 2024, mais de 750 mil atendimentos foram registrados. São dois mil gritos de socorro por dia, sem contar aqueles que ficam entalados na garganta de quem ainda não conseguiu pedir ajuda. Mas aqui vai um dado que merece um holofote especial: 46,4% das vítimas relataram ser agredidas diariamente. Diariamente! Isso significa que, enquanto você lê este texto, em alguma casa, um homem levanta a voz, ameaça, humilha, bate. E o pior? Muitas dessas mulheres não saem desse in- ferno porque acreditam que não vão con- seguir se sustentar sozinhas. Esse é o nó psicológico que sustenta tantos relacionamentos abusivos. A violência não começa com o tapa, mas com o medo. O medo de não dar conta de pagar o aluguel, de criar os filhos, de recomeçar. E é por isso que tantas mulheres ficam presas por anos dentro de um pesadelo que se veste de estabilidade. Só depois de saírem — e muitas só saem quando quase perdem a vida — é que percebem que não era amor, nem proteção. Era pressão psicológica, chan- tagem emocional, domínio. E se engana quem pensa que o problema está só em um tipo de lar ou de classe social. Os dados mostram que a violência se espalha como um vírus. E atinge de ma- neira brutal as mulheres negras, que repre- sentam a maioria das denúncias. Agora, tem um outro lado da moeda que merece ser dito. Quando uma mulher consegue romper esse ciclo, ela descobre o óbvio que o medo não a deixava enxergar: sim, é possível recomeçar. Há redes de apoio, políticas públicas (embora ainda muito falhas), e uma sociedade que precisa deixar de julgar e passar a amparar. O Ligue 180 não é só uma central de denúncias. É um canal de acolhimento. Mas acolhimento de verdade acontece antes da agressão. Antes da mulher achar que precisa aguentar. Antes dela duvidar da própria força. E, acima de tudo, antes que seja tarde demais. ■ Omedo que aprisiona, a coragem que liberta E se engana quem pensa que o problema está só em um tipo de lar ou de classe social. Os dados mostram que a violência se espalha como um vírus. E atinge de maneira brutal as mulheres negras, que representam a maioria das denúncias. LUIZCARLOSAMORIM E-mail: lcaescritor@gmail.com Presidente do Grupo Literário A ILHA/SC GREGÓRIOJ.L. SIMÃO E-mail: gregogiojsimao@yahoo.com.br Radialista e estudante de Filosofia

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