Diário do Amapá - 19/02/2025

| OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ QUARTA-FEIRA | 19 DE FEVEREIRO DE 2025 2 LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIODECOMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) - Fone: 96-3223-7690 www.diariodoamapa.com.br COMPROMISSOCOMANOTÍCIA O Papa Bento XVI considerou Eusébio, Bispo de Cesareia na Pa- lestina, como o representante mais qualificado da cultura cristã do seu tempo, da teologia à exegese, da história à erudição. Eusébio é conhecido como o primeiro historiador do cristianismo, mas foi também o maior filólogo da Igreja antiga. Eusébio nasceu em Cesareia no ano de 260. Estudou na escola e vasta biblioteca fundada por Orígenes que fora destituído do sacerdócio e expulso de Alexandria pelo bispo dali. Em 325, era Bispo de Cesareia e foi protagonista no Concílio de Niceia. Subscreveu o Credo e a afirmação da plena divindade do Filho de Deus, por isso definido "da mesma substância" do Pai. Ainda rezamos este Credo em missas especiais e que compartilhamos também com os protestantes. Ele era admirador de Constantino, que trouxera paz à Igreja. Seus muitos escritos analisam três séculos de cristianismo, vividos sob a perseguição, servindo-se das muitas fontes cristãs e pagãs conservadas na grande biblioteca de Cesareia. Foi o primeiro que escreveu a história da Igreja, que permanece fundamental graças às fontes colocadas por Eusébio à nossa disposição para sempre. Com os dez livros da sua História Eclesiástica ele conseguiu salvar do esquecimento certo numerosos acontecimentos, personagens e obras literárias da Igreja antiga. Portanto, trata-se de uma fonte primária para o conhecimento dos primeiros séculos do cristia- nismo. No início do primeiro livro o historiador elenca pontualmente os temas que deseja tratar na sua obra: Propus-me pôr por escrito as su- cessões dos santos apóstolos e os tempos trans- corridos, a partir dos do nosso Salvador até nós; todas as coisas grandiosas que se diz que foram realizadas durante a história da Igreja; todos os que dirigiram e orientaram excelentemente as dioceses mais ilustres; os que, em cada geração foram mensageiros da Palavra divina com a palavra ou com os escritos; e quais foram, quantos e em que período de tempo os que por desejo de novidade, depois de terem caído ao máximo no erro, se tornaram intérpretes e promotores de uma falsa doutrina, e como lobos cruéis devastaram ferozmente o rebanho de Cristo; e com quantos e quais meios e em que tempos foi combatida por parte dos pagãos a Palavra divina; e os homens grandes que, para a defender, passaram através de duras provas de sangue e de torturas; e finalmente os testemunhos do nosso tempo, e a misericórdia e a benevolência do nosso Salvador para com todos nós. Desta forma, Eusébio inaugura a historiografia eclesiástica, levando a sua narração até 324, ano em que Constantino, depois da derrota de Licínio, foi aclamado único imperador de Roma. Estamos no ano anterior ao grande Concílio de Niceia que depois oferece a "suma" de quanto a Igreja doutrinal, moral e também juridicamente tinha aprendido nestes trezentos anos. A análise histórica nunca é fim em si mesma, não é feita só para conhecer o passado, antes, ela tem por finalidade decididamente a con- versão, e um autêntico testemunho de vida cristã por parte dos fiéis. É uma guia para nós mesmos. ■ A análise histórica nunca é fim em si mesma, não é feita só para conhecer o passado, antes, ela tem por finalidade decididamente a conversão, e um autêntico testemunho de vida cristã por parte dos fiéis. É uma guia para nós mesmos. Eusébio de Cesareia E-mail: mariosaturno@uol.com.br Tecnologista Sêniordo INPE MARIO EUGENIO A rigor, 1996 foi o primeiro ano de vigência da então nova moeda, o Real, implantada dois anos antes. O Plano Econômico do Governo FHC, que baniu a inércia inflacionária e estabilizou a moeda, alcançava 75% de aprovação nas pesquisas de opinião em todo o Brasil. Sob a euforia da sociedade com um novo tempo de economia forte e crescimento, surgiu a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) para "salvar a saúde pública", então vivendo uma crise: mortes por contaminação em hemodiálise em Pernambuco; vacinas causando vítimas em São Paulo; idosos maltratados no Rio de Janeiro; bebês mortos em UTIs no Ceará e no Espírito Santo. A solidariedade do povo brasileiro assimilou a CPMF. O provisório já levava mais de 10 anos, quando a alíquota subiu e a arrecadação não foi apenas para a saúde, utilizada até para pagar juros da dívida pública. Um ano depois da criação da CPMF, a carga tributária foi 27% do PIB. Em 2006, havia crescido para 33,7%. Uma década depois da criação da CPMF pagávamos mais de sete pontos percentuais de impostos sobre o PIB. E sem retorno em serviços públicos. O brasileiro, além de arcar com uma das maiores cargas tributárias do Mundo, é forçado a pagar por saúde, educação, segurança e outros direitos. O Governo não se preocupa em gerir responsavelmente a coisa pública, eliminar gastos que, como os im- postos, sobem ano a ano. Esse quadro é antigo. Hoje, na contramão do que a sociedade quer - ser desonerada para diminuir o Custo Brasil, au- mentar a competitividade, abaixar preços, gerar empregos - a prometida e postergada Reforma Tri- butária caminha para não atender à realidade. Cortar gastos públicos e diminuir impostos, sem sacrificar projetos sociais do Governo, é possível. Em 9 de maio de 2007, o "Manifesto da Sociedade Contra a CPMF", liderado pela Federação das In- dústrias do Estado de São Paulo (FIESP), com mais de um milhão e cem mil assinaturas, mostrava ao governo a inadequação da CPMF e pedia seu fim. O então ministro da Fazenda, Guido Mantega, com nítido desprezo ao Congresso, incluiu a arrecadação da CPMF na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o ano seguinte sem esperar sua votação na Câmara e no Senado. Apostou que tudo era possível em um parlamento sob o espectro do "Mensalão", cujo presidente do Senado era julgado por corrupção. O PSDB, naquele momento, demorou para decidir-se contra a CPMF ra- tificando a pecha de que tucanos pousam "em cima do muro". Os Democratas, sem nada a perder, fecharam questão contra a CPMF conquistando simpatia popular. A CPMF venceu o embate na Câmara Federal, mas perdeu no Senado e não foi reeditada. Quase 15 anos depois, a sociedade luta pela saúde e questiona a situação tributária do País. Enfrenta corrupção. Ferreira Gullar, morto em 2016, foi um dos mais importantes intelectuais deste País. Sofreu no Golpe de 1964, mas, sobreviveu. Deixou obra emblemática: "A luta corporal". Em um já esquecido domingo, de um esquecido setembro, de um esquecido 2007, em jornais brasileiros, Gullar assinou o artigo "Apagão na Saúde". Pois é, poeta, o País segue o mesmo. Com a esquerda ou a direita no poder, "a luta corporal" faz-se necessária na política, na economia, na saúde, na educação... ■ O PSDB, naquele momento, demorou para decidir-se contra a CPMF ratificando a pecha de que tucanos pousam "em cima do muro". Os Democratas, sem nada a perder, fecharam questão contra a CPMF conquistando simpatia popular. E-mail: agata@viveiros.com.br Jornalista A luta corporal RICARDO VIVEIROS

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