Diário do Amapá - 23 e 24/02/2025
A RÁDIO O JORNAL AGORA WEBTV Luiz Melo |OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ DOMINGO E SEGUNDA-FEIRA | 23 E 24 DE FEVEREIRO DE 2025 FALECOMOLUIZMELO E-mail: luizmello.da@uol.com.br Blog: www.luiz melo.blog.br Twitter: @luizmelodiario Instagram: @luizmelodiario© 2018 3 FROM RAPIDINHAS FEZES - ‘Caguei para a prisão’, diz Bolsonaro após denúncia da PGR sobre trama golpista. “Você de vez em quando dá uns coices por aí para mostrar que somos de carne e osso”, disse, depois, reconhecendo ter exagerado na dose. ■ ASCENSÃO - Mais nova procuradora de justiça do MP-AP é Gláucia Porpino Nunes Crispino, empossada no cargo em sessão solene do Colégio de Procuradores de Justiça, nessa sexta-feira, 21. Assomando à tribuna, na ocasião, o irmão de Gláucia, advogado Marcelo Porpino, disse estar orgulhoso pela promoção da mana e que para a família era momento de júbilo, emoção e de grande alegria. ■ AMEAÇA - Na China, cientistas descobrem novo tipo de coronavírus em morcego, que pode contaminar humanos das mesmas formas que o SARS-CoV-2, vírus causador da covid-19. ■ Basta! Neste domingo, 23, Fátima Diniz, Miss Amapá 1982, faz 40 anos de morta, tragicamente, vítima de feminicídio, um símbolo deste tipo de crime que envergonha a raça humana, independente de qualquer contexto. Para Alcolumbre, projeto que anistia condenados por atos golpistas divide a sociedade e não interessa ao país. “Isso não é um assunto que nós estamos debatendo, não é um assunto dos brasileiros”, afirmou. Graças a Davi Alcolumbre, a partir já de algumas semanas passadas, o Amapá é foco de todos os assuntos relativos ao turismo, justamente porque o senador viabilizou a inclusão do estado na rota estratégica do setor, nacionalmente. Randolfe corrigiu, no Senado, uma das distorções provocadas pela covid-19 no país – atrasos no cumprimento de obrigações financeiras. Através de Projeto de Lei Complementar, conseguiu que pagamentos não sanados entre 2019 e 2024 sejam executados até o fim de 2016, o que garante continuidade de prestações de serviços e obras públicas. Bravo! Inflação dos alimentos será combatida pelo governo federal, tendo à frente o líder Randolfe Rodrigues, a partir de reorganização do Plano Safra, liberando créditos para pequenos e grandes agricultores. Saída Gafe Povo católico se fez presente, em massa, na recepção ao novo bispo católico Dom Antônio, neste sábado, 22. Mas nenhuma autoridade política foi receber o líder do maior segmento de fiéis do estado. Liderança Sob presidência de Davi Alcolumbre, Senado reverteu esta semana decisão anterior do governo e — agora com o aval dos próprios governistas — aprovou projeto que autoriza o pagamento de emendas parlamentares de orçamentos anteriores que somam aproximadamente R$ 2,6 bilhões em investimentos. Contexto Para refletir Novo bispo de Macapá, Dom Antônio de Assis Ribeiro chegou no início da tarde deste sábado (22). E do Aeroporto de Macapá, saiu em carreata pelas paróquias, para, às 16h, participar de cerimônia da acolhida, no Santuário de Fátima, na Zona Sul da capital. Acolhida Sacerdote Novo Bispo de Macapá, Dom Antônio de Assis Ribeiro chega agradecenfo acolhida e, sento a igreja uma grande família de irmãos, com um pedido para que trabalhemos juntos pelo Reino de Deus. Celebridade Ex-Presidente da República e senador pelo Amapá, José Sarney vem ao estado para a posse de Dom Antônio de Assis Ribeiro, dia 26, quarta-feira vindoura, como Bispo da Diocese de Macapá, segundo Padre Paulo, da coordenação da programação do evento canônico. Eu muitas vezes, em entrevistas, artigos, disse que, ao longo da vida, nunca tive capacidade de sentir ódio. E isto considero que me fez e faz muito bem. O ódio traz como consequênciamaior o ressentimento, e este, a amargura, que faz muito mal a nós próprios e deforma o nosso modo de viver. Conheci umhomemque tinha uma alma pura, oDeputado DjalmaMarinho. Era uma figuramuito conhecida e respeitada na Câmara dos Deputados. Foi candidato a presidente da Casa. Perdeu. Eu e o Deputado Nelson Marchezan fomos a sua casa prestar-lhe solidariedade. Com o meu jeito de não cultivar sentimentos negativos, disse-lhe: “Djalma, não guarde ressentimentos.” Ele me respondeu: “Sarney, eu não guardei dinheiro na vida, que é coisa boa, lá vou guardar ódio e ressen- timento, que não prestam para nada?” Foi ele que depois, na Comissão que presidia, recusou-se a cumprir uma ordem do governo para processar o Deputado Moreira Alves, em 1968, quando o país estava sob as normas do AI-5. Renunciou ao cargo de presidente e, repetindo o espanhol Calderon de La Barca, marcou a Casa com a célebre frase: “Ao rei tudo, menos a honra”. Mas quero falar também das consequências do ódio, que muitos escritores registraram na literatura, como Tolstói, cuja personagem feminina vai ao suicídio sucumbida pelo ódio; Dostoiévski, como alerta de que “o ódio alimenta o ódio”; Sha- kespeare, com o seu Otelo, o Mouro de Veneza, cujo ciúme o leva a matar sua fiel esposa, Desdêmona, um destino de ódio construído pelo relato falso de infidelidade por Iago, um suboficial preterido numa promoção. Também resultado desse mal, escrevo sobre a divisão que vemos hoje no Brasil: a casa está dividida, justamente pelo ódio que perpassa pela política brasileira. E uma casa dividida não prospera. Disso já sabemos nós, cristãos. Na política brasileira, eu, que por mais de meio século a acompanho como espectador, interlocutor, participante e até como protagonista, nunca vi uma época em que os homens se dividissem entre uns adeptos do diabo e outros, de Deus. De tal modo que a luta política extravasou para um nível em que uns são conduzidos à salvação e outros, conde- nados à perdição. Eu, pessoalmente, sempre tive adversários. E a estes nunca considerei inimigos. Essa concepção de adversários como inimigos foi proposta por Carl Schmitt, jurista oficial do Terceiro Reich, para quem a política era uma guerra, na qual devíamos eliminar os contrários e levá-los até a morte — como ocorreu na Alemanha com a morte de milhões de judeus. O ódio ao inimigo também justificou, logo depois da Revolução Russa, a violência e crueldade dos comunistas aos milhões de perseguidos e eliminados. O exemplo simbólico e maior na Rússia talvez tenha sido o fuzilamento da família inteira do Czar Nicolau II, que hoje pela Igreja Oriental foi considerado santo. Eu era deputado no Rio de Janeiro quando ouvi Carlos La- cerda, omaior orador a que assisti no Parlamento, defender-se — no processo que moveram contra ele por ter divulgado um telegrama secreto, que envolvia o Jango e o Peron, num tempo em que os discursos tinham títulos, a que chamou de “A corrida dos touros embolados” —daqueles que o acusavamde uma maneira odienta, retrucando com a seguinte denúncia: “Aqui até o ódio é fingido.” Não é o que ocorre hoje no Brasil. Situação repelida por todos nós. O ódio hoje é real. E deve acabar. Ele é a semente que desponta como o instrumento de divisão não só dos políticos, como do povo brasileiro. Não é dif ícil encontrarmos dentro das famílias discussões acaloradas e situações dif íceis em que as posições são dogmáticas. O ódio leva até ao que está sendo apurado no processo sobre a inacreditável proposta de assassinato, a ser cumprido nas figuras do Presidente e doVice-Presidente e de umMinistro do Supremo Tribunal Federal. O caso segue o devido processo legal — somos um Estado de Direito — no Supremo e depois, tudo devidamente apurado, haverá a punição prevista na lei dos responsáveis. O ódio é danoso, cruel, indigno, divisionista. Por julgá-lo assim quero vê-lo extirpado do nosso país. Sou partidário do diálogo, de ver o próximo como objeto de convergência e não da divergência. Por tudo isso emais, não há palavras suficientes que definam o mal que o ódio produz. Somos irmãos e como irmãos devemos viver em paz. Que os dirigentes e líderes do país viajem por outros caminhos que não este, o do ódio. Por isso, só me cabe encerrar dizendo: Ódio não! ■ Ódio não! E-mail: j.sarney@uol.com.br Ex Presidente do Brasil JOSÉSARNEY O Conquista
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