Diário do Amapá - 05 e 06/01/2025

LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIODECOMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) - Fone: 96-3223-7690 www.diariodoamapa.com.br COMPROMISSOCOMANOTÍCIA |OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ DOMINGO E SEGUNDA-FEIRA | 05 E 06 DE JANEIR0 DE 2025 2 C erta noite, quando o Mahatma Ghandi estava em Pretória, na África do Sul, passou perto da casa de alguns amigos cristãos. Resolveu fazer-lhes uma visita. Quando entrou na casa daquela família, viu que estavam reunidos em oração. Todos ficaram alegres, deram as boas-vindas ao amigo e resolveram deixar a oração para outro momento. No entanto, Ghandi pediu que não parassem: " Peço-lhes que continuem nas vossas orações. Aquele a quem vocês estão rezando é muito mais importante do que eu". Com a Solenidade da Epifania continuamos a viver o clima do Natal. Desta vez, são os Magos vindos do Oriente que nos conduzem ao encontro do Menino recém-nascido. Num estilo bem bíblico, ou seja, através de uma narração, o evangelista Mateus nos apresenta um grande anúncio: aquele que nasceu não será somente o “rei dos judeus” (Mt 2,2), será uma luz para todos os povos, para a humanidade inteira. Tudo contribui para essa boa notícia. Podemos começar pela estrela que guia os Magos. Ela representa o universo com a sua grandiosidade e o seu encanto. Contemplar as estrelas nos faz sentir pequenos e nos coloca na frente de algo ou de Alguémmuito maior. Tudo já estava lá antes de nós e vai continuar depois que nós passarmos. A luz das estrelas, desde a an- tiguidade, serviu para orientar o caminho, sobretudo aos navegantes. Quando não conhecemos a estrada ou não sabemos para onde ir, somos como alguém que caminha no escuro, precisamos de uma luz para não nos perder. Tudo nos leva a pensar que osMagos, dos quais sabemos somente que vieram do Oriente, fossemastrólogos, ou seja, pessoas que interpretavam segundo os seus conhecimentos e as suas crenças a posição e os movimentos dos astros. Eles dizem ter visto aparecer uma estrela e somente o nascimento de um rei pode explicar isso. Querem saber onde en- contrá-lo. O curioso da história é que os sumos sa- cerdotes e osmestres da Lei, convocados porHerodes, sabem onde devia nascer o Messias, mas não vão procurá-lo. Ficam perturbados com a notícia. É evidente que os Magos, que vieram de longe, estão mais interessados do que eles para encontrar o re- cém-nascido. Por fim, o evangelistaMateus nos apre- senta a cena de umencontro que é de adoração e pro- fecia. Os três presentes dos Magos são um reconhe- cimento àquele que será reconhecido como um rei manso ehumilde. Ele revelará a presençamisericordiosa de Deus na história humana e dará o exemplo do maior amor, porque entregará a sua própria vida na cruz. A página do evangelho da Epifania, está cheia de símbolos, memórias e cumprimento de promessas, é um anúncio de esperança para todos. Foi numa casa que os Magos encontraram a criança com Maria sua mãe. Não foi no Templo e nem no palácio do rei. O que ela tinha de tão especial para a adorarem? Antes de responder que era omenino Jesus, vamos lembrar a profecia de Isaias 11,6-9: “o bezerro e o leão (inimigos por natureza) pastarão juntos, e um menino pequeno os guiará” (v.6). Aquela criança representa o que pode acontecer de realmente novo. Toda criança que nasce não é somente uma vida nova, é um novo projeto de pessoa, que poderá fazer algo inédito, surpreendente, talvez algo que antes parecia impossível. Toda criança tem tempo disponível à sua frente, poderá usar de forma nova a sua inteligência, a sua capacidade de amar, a sua criatividade e imaginação. Se não fosse assim, a humanidade estaria repetindo somente as coisas do passado e nunca teria inventado nada de novo. Cada criança é um potencial ainda desconhecido, é o maior sinal de esperança para uma humanidade cansada ou prisioneira nos seus velhos planos de poder, de ganância e, infelizmente, ainda de violência. Omenino da profecia conduzirá juntos os inimigos, abrirá veredas de paz. Pode fazê-lo porque para ele tudo é novo, o caminho está totalmente aberto à sua frente. Nós cristãos acreditamos que se Deus se fez criança e assumiu a nossa humanidade foi para começar algo novo e nos envolver neste plano de renovação. “Adorar” Jesus é mais do que re- conhecê-lo Messias e Senhor, é confiar nele e colocar em prática o que ele veio nos ensinar. Ele é sim o mais importante. É o novo horizonte. ■ DOMPEDROCONTI E-mail: oscarfilho.ap@bol.com.br Bispo de Macapá O curioso da história é que os sumos sacerdotes e os mestres da Lei, convocados por Herodes, sabem onde devia nascer o Messias, mas não vão procurá-lo. Ficam perturbados com a notícia. É evidente que os Magos, que vieram de longe, estão mais interessados do que eles para encontrar o recém- nascido. O hóspede mais importante O mal que hoje nos domina se chama ignorância. É uma ignorância gene- ralizada na humanidade. Assim sendo, é muito dif ícil se defender do mal e, ao mesmo tempo, fazer uma verdadeira experiência de Deus vivo entre nós. Vejo na nossa Igreja o quanto é dif ícil fazer uma profunda experiência de comunicação. Dá a impressão de que as instituições que fizeram a opção dos meios de comunicação social e se esqueceramde que comunicação émuitomais que isso. A comunicação não pode se reduzir aos meios porque ela é um processo bem amplo, que envolve relação e respeito ao outro. Por causa dessa ignorância, não sabemos viver a verdadeira comunicação, que é vida. Uma verdadeira comunicação que liberta o ser humano e lhe permite adquirir uma melhor e objetiva contemplação da vida na perspectiva de Deus. Vivendo sem comunicação, imergimos no mal e vivemos a mentira, assim, nos afastamos de Deus. O salmo 89 das Sagradas Escrituras nos ajuda a resgatar a verdadeira comunicação entre as pessoas e Deus. “Senhor, fostes nosso refúgio de geração emgera- ção.Antes que se formassem as montanhas, a terra e o universo, desde toda a eternidade vós sois Deus.Re- duzis o homemà poeira, e dizeis: Filhos dos homens, retornai ao pó,porque mil anos, diante de vós, são como o dia de ontem que já passou, como uma só vigília da noite.Vós os arrebatais: eles são como um sonho da manhã, como a erva virente,que viceja e floresce de manhã, mas que à tarde é cortada e seca.Sim, somos consumidos pela vossa severidade, e acabrunhados pela vossa cólera.Colocastes diante de vós as nossas culpas, e nossos pecados ocultos à vista de vossos olhos.Ante a vossa ira, passaramtodos os nossos dias. Nossos anos se dissiparam como um sopro.Setenta anos é o total de nossa vida, os mais fortes chegam aos oitenta. Amaior parte deles, sofri- mento e vaidade, porque o tempo passa depressa e desaparecemos. Quem avalia a força de vossa cólera, emede a vossa ira como temor que vos é devido?En- sinai-nos a bemcontar os nossos dias, para alcançarmos o saber do coração.Voltai-vos, Senhor - quanto tempo tardareis? E sede propício a vossos servos.Cumulai- vos desde amanhã comas vossas misericórdias, para exultarmos alegres em toda a nossa vida.Consolai- nos tantos dias quantos nos afligistes, tantos anos quantos nós sofremos.Manifestai vossa obra aos vossos servidores, e a vossa glória aos seus filhos.Que o beneplácito do Senhor, nosso Deus, repouse sobre nós. Favorecei as obras de nossas mãos. Sim, fazei prosperar o trabalho de nossas mãos.” Esse salmo demonstra que o mal há como grande referência o tempo, a história da humanidade. É nessa história humana que o mal vai dominando. Para compreender isso, tem que entrar na eternidade de Deus: “Mil anos, diante de vós, são como o dia de ontemque já passou”. O salmista diz que o ser humano é tão dependente de Deus que sua ordem o torna pó. Revelando, assim, a transi- toriedade humana. A vida das pessoas é como se fosse um sonho que é interrompido pela morte. Assim sendo, a existência muito frágil e pobre, o autor a compara como a erva que de manhã floresce e a tarde é cortada e seca. Isto mostra como a morte se impõe na nossa vida. Perante tudo isso se levanta um canto fúnebre de todas as pessoas: o que vale a vida, a existência com todas as suas preocupações se o nosso tempo passa depressa e desaparecemos? O autor do salmo insiste que pre- cisamos confiar em Deus porque somente Ele nos pode dar alegria nesses poucos anos de vida que temos a disposição. Anos relativos, onde tudo passa e o tempo marca de maneira implacável a sua corrida. Nós totalmente imergidos nesse tempo, que não faz descontos para ninguém, nos deixamos iludir pela eternidade terrena. Portanto, somos convidados a confiar plenamente em Deus para nos dar sentido a esta existência tão frágil e fugaz. ■ CLAUDIOPIGHIN E-mail: clpighin@claudio-pighin.net Sacerdote e doutor em teologia. Esse salmo demonstra que o mal há como grande referência o tempo, a história da humanidade. É nessa história humana que o mal vai dominando. Para compreender isso, tem que entrar na eternidade de Deus: “Mil anos, diante de vós, são como o dia de ontem que já passou”. Senhor, refúgio de geração em geração

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