Diário do Amapá - 12 e 13/01/2025
LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIODECOMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) - Fone: 96-3223-7690 www.diariodoamapa.com.br COMPROMISSOCOMANOTÍCIA |OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ DOMINGO E SEGUNDA-FEIRA | 12 E 13 DE JANEIR0 DE 2025 2 U mhomemencontrou o seu vizinho ajoelhado e procurando alguma coisa no chão. O que o senhor está procurando? – perguntou. – Minha chave perdida – respondeu o vizinho. Então, puseram-se os dois, de joelhos, a procurar a chave. Depois de algum tempo, o homem perguntou: - Onde foi que o senhor perdeu a chave? – Na minha casa - respondeu o vizinho. –Mas, santo Deus, porque a procura aqui? – Porque aqui há mais luz. Foi a resposta. Chegando ao Segundo Domingo do Tempo Comum, encontramos um trecho do evangelho de João. É uma página cheia de afirmações, perguntas e respostas, uma mais intrigante que a outra. Tudo começa comuma declaração de João Batista que, ao ver Jesus passar, diz: “Eis o Cordeiro de Deus”, palavras carregadas da lembrança de tantas profecias. Seguem duas perguntas. A primeira é do próprio Jesus para os dois discípulos de João que começaram a segui-lo: “O que estais pro- curando?” Por sua vez, os dois indagam: “Mestre onde moras?”. Em resposta Jesus os convida: “Vinde ver”. Eles foram e “permaneceram com ele”. Nenhum detalhe, nenhum endereço, só uma das ações “chave” na linguagem do evangelho de João: permanecer. Não é o lugar que vale, casa ou templo que seja, o importante é entrar na intimidade com Jesus, ao ponto de lembrar o horário do início daquela nova aventura: as quatro da tarde. As consequências são ime- diatas. André, umdos dois que tinham seguido Jesus vai atrás do seu irmão Simão para conduzi-lo ao Mestre e lhe diz: “Encontramos o Messias”, o Cristo, o Ungido, o Esperado. Por sua vez, Jesus olha bem para Simão e troca o nome dele. Será chamado Cefas, pedra. Um nome novo, como nas grandes vocações do Antigo Tes- tamento. Depois dos Tempos litúrgicos doAdvento e doNatal, temos alguns domingos antes da Quaresma. Através das leituras, a Igreja quer nos ajudar a nos aproximar de Jesus para conhecê-lo melhor e, assim, decidirmo-nos a segui-lo de verdade. Na realidade, não somos nós a escolher Jesus, é ele que nos chama comoDeus chamou, por exemplo, o profeta Samuel (primeira leitura). A ini- ciativa é sempre dele, também se, como vimos no evan- gelho, se serve de intermediários, neste caso João Batista e André. Jesus respeita a nossa liberdade, não quer ser o Mestre de quemnunca encontra tempo para estar junto com ele. Por isso, pergunta também a cada um de nós o que estamos procurando. Ele quer nos ajudar a descobrir e a reconhecer aquilo que mais nos interessa, aquilo para o qual estamos dispostos a gastar a nossa vida. É na “casa”, na convivência, na veracidade e espontaneidade das perguntas e respostas que conhecemos as pessoas. Sem a preocupação de cumprir papeis oficiais, sem aparências a serem preservadas, sem outros interesses que não sejam a verdade e o bem. O Mestre Jesus se deixa encontrar e reconhecer por quem o procura com coração limpo e livre. Quem quer fazer negócios, quem quer usá-lo para algum lucro ou vantagem própria, quem ainda não sabe o que procura na vida, pode ir atrás de outros mestres. Temde sobra. Sempre terá muitos oferecendo felicidade, recompensas e prosperidade neste mundo ou no outro. Talvez falem de perdão, de fraternidade e de paz. Provavelmente ninguém falará de amar os inimigos, de fazer o bem aos perseguidores, de perdoar quem está crucificando um inocente, de construir unidade para que o mundo creia que somente ele, o Messias, pode anunciar a ressurreição e a vida plena. É possível começar a seguir a Jesus quando admitirmos que é ele mesmo que estamos procurando, quando temos fome e sede de justiça, quando não ficamos mais satisfeitos com as nossas conquistas individuais e nos sentimos chamados a servir a um projeto maior de vida, dignidade e respeito para todos. Hoje é fácil perder o en- tusiasmo da fé, a paciência da esperança, a energia do amor. Onde, como, quando perdemos tudo isso? Não será aproveitando de qualquer meia luz por aí que conse- guiremos reencontrar o sentido grande da nossa curta existência humana. Não tenhamos medo de nos repetir uns aos outros: encontramos o Cristo e não queremos nunca mais perdê-lo. ■ DOMPEDROCONTI E-mail: oscarfilho.ap@bol.com.br Bispo de Macapá Quando o ser humano é reduzido a um número qualquer num campo de concentração ou de refugiados, quando se torna uma mera estatística na contagem dos mortos de fome ou de coronavírus, algo preocupante está acontecendo. O que estais procurando? D eus não precisa do mundo para se tornar perfeito. Ele, fonte do amor, criou tudo livremente, expressando que tudo era bom. Deus compartilha esse amor em sua obra. Ele criou tudo como expressão do amor. Se Ele é perfeito, a obra deve refletir a perfeiçãodivina: somos feitos à imageme semelhança deDeus. Devemos, então, manifestar esse desígnio que está em nossa origem, dando glórias ao nosso Pai, manifestando seu amor na partilha. O mundo decaído precisa de redenção para ser conforme ao projeto original. E a redenção vem com a ressurreição, domde Deus. Assim, o cristão temumolhar de es- perança, para alémdomal domundo. O ser humano não se detémnomal domundo. Ele tem a confiança de que o mal não pode derrotar o mundo. Omal é “nada”. Nestes tempos escatológicos, sabemos que omal é passageiro, não é a essência. Para compreender tudo isso, precisamos conhecer a Palavra de Deus. Conhecer a Bíblia! E o salmo 91 das Sagradas Escrituras nos convida a meditarmos sobre isso. “É bom louvar ao Senhor e cantar salmos ao vosso nome, ó Altíssimo; proclamar, de manhã, a vossa misericórdia, e, durante a noite, a vossa fidelidade,com a harpa de dez cordas e com a lira, com cânticos ao som da cítara, pois vós me alegrais, Senhor, com vossos feitos; exulto com as obras de vossas mãos.Senhor, estupendas são as vossas obras! E quão profundos os vossos desígnios! Não compreende estas coisas o in- sensato nem as percebe o néscio.Ainda que floresçamos ímpios como a relva, e floresçam os que praticam a maldade, eles estãoàperda eternadestinados. Vós, porém, Senhor, sois o Altíssimo por toda a eternidade.Eis que vossos inimigos, Senhor, vossos inimigos hão de perecer, serão dispersados todos os artesãos do mal. Exaltastes a minha cabeça como a do búfalo, e com óleo puríssimo me ungistes.Meus olhos veemos inimigos comdesprezo, e meus ouvidos ouvem com prazer o que aconteceu aos que praticam o mal. Como a palmeira, florescerão os justos, elevar-se-ão como o cedro do Líbano.Plantados na casa do Senhor, nos átrios de nossoDeus hão de florir. Até na velhice eles darão frutos, continuarão cheios de seiva e verdejantes,para anunciaremquão justoéoSenhor, meu rochedo, e como não há nele injustiça.” O autor deste salmo mostra como Deus está no centrode tudo e, namedida emque se respeitar e atender isso, o mundo se tornará bem pacífico e tranquilo. É nessa perspectiva que se apresenta a pessoa ‘justa’: “como a palmeira, florescerão os justos, elevar-se-ão como o cedro do Líbano.” O justo direciona a sua vida ao dispor do Criador e segue os seus caminhos. Não se deixa atrair pela lógica do mundo, pelo sucesso no mundo e do mundo. E o salmista aqui justamente salienta que a alegria, o bem-estar e a longa vida são a consequência de uma existência justa. Assim sendo, o salmo exalta a justiça de Deus que sabe discernir entre o bem e o mal e oferecendo um mundo perfeito. Aqui se demonstra uma visão positiva quenemtodomundoconcorda conforme várias redações das Sagradas Escrituras, como nos salmos 49 e 73 e no livro de Jó. Insiste o autor desse hino que o justo é comparado à imagemda palmeira e do cedro do Líbano. As raízes do justo são parecidas a essas esplendidas arvores. O seu alicerce é garantia de uma vida semfim. No entanto, o ímpio, quempratica a maldade, é parecido “como a relva que floresce de manhã” e ao entardecer seca. Esse é o futuro de quem não pratica a justiça. Uma justiça que vai além a dos homens. De fato, diz o salmista: “não compreende estas coisas o insensato e o estulto” e cujo destino é a perda da vida eterna. E o papa Francisco na catequese das quartas feiras, 03.02.2016, disse: “E este é o coração de Deus, um coração de Pai que ama e quer que os seus filhos vivamno beme na justiça, e, portanto, vivamemplenitude e sejamfelizes. Umcoração de Pai que vai alémdo nosso pequeno conceito de justiça para nos abrir aos horizontes ilimitados da suamisericórdia. Umcoração de Pai que não nos trata segundo os nossos pecados e não nos retribui segundo as nossas culpas. E precisamente é um coração de pai que nós queremos encontrar quando vamos ao confessionário. Talvez nos dirá algo para nos fazer entender melhor o mal, mas no confessionário todos vamos encontrar umpai que nos ajude amudar de vida; umpai que nos dê a força de seguir adiante; um pai que nos perdoe emnome de Deus. E por isso ser confessor é uma responsabilidade tão grande, porque aquele filho, aquela filha que vema você procura somente encontrar um pai. E você, padre, que está ali no confessionário, você está ali no lugar do Pai que faz justiça com a sua misericórdia.” ■ CLAUDIOPIGHIN E-mail: clpighin@claudio-pighin.net Sacerdote e doutor em teologia. Esse é o futuro de quem não pratica a justiça. Uma justiça que vai além a dos homens. De fato, diz o salmista: “não compreende estas coisas o insensato e o estulto” e cujo destino é a perda da vida eterna. E o papa Francisco na catequese das quartas feiras, 03.02.2016, disse: Como é bom louvar ao senhor
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