Diário do Amapá - 14/01/2025
ESPLANADA |OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ TERÇA-FEIRA | 14 DE JANEIRO DE 2025 5 ComWalmor Parente (DF), BethPaiva (RJ) eHenrique Barbosa (PE) E-mail: reportagem@colunaesplanada.com.br LEANDRO MAZZINI PODER , POLÍTICAEMERCADO Seis anos de caos Com a iminente posse de Nicolás Maduro, dia 10 de janeiro, o fluxo de imigração da Venezuela para o Brasil via fronteira em Roraima deve aumentar, legalmente ou ilegalmente. Com a consolidação do regime para mais um período de seis anos, e oportunidades de trabalho crescentes no Brasil, milhares de venezuelanos abandonarão o país de vez. Hoje, cerca de 300 venezuelanos cruzam a fronteira todos os dias. Totó na Cultura O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, anunciou o ex-vereador de Cuiabá Totó Parente como novo Secretário de Cultura e Economia Criativa. Totó, muito conhecido em Brasília pelo trânsito suprapartidário no Congresso, assume amanhã com três compromissos: Levar uma cultura de qualidade para a periferia; investir na economia criativa; e transformar São Paulo em polo global de cultura. Jogo de empurra O programa Calha Norte, em transição do Ministério da Defesa para o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, está órfão, pelo que parece. Procuradas pela reportagem, as pastas fazem um jogo de empurra sobre a tutela e mistério sobre o orçamento bilionário do programa para 2025. Fato é que os militares já foram demitidos das funções. Gatos na praia Desde novembro, a Neoenergia Coelba já cortou 6 mil ligações clandestinas – os famosos “gatos” – em operações em regiões turísticas da Bahia, no litoral e na região metropolitana de Salvador. A energia recuperada é suficiente para abastecer 84 mil residências por 15 dias, e visa garantir a segurança e o fornecimento durante o Réveillon, em especial nas regiões praianas do Sul do Estado. O Ano Novo do MRE O Itamaraty pode começar o ano (após as férias de janeiro) com uma surpresa. Nos corredores do Ministério das Relações Exteriores (MRE) há informações sobre a saída do chanceler Mauro Vieira do cargo em março. A Coluna apurou com fontes do MRE que ele teria sugerido a Embaixada de Paris como futuro posto, mas isso ainda vai depender de alguns acertos. Um deles diz respeito ao futuro chanceler. Uma corrente “politicamente correta” dentro do MRE advoga em defesa da atual Nº 2 de Vieira, a Secretária-Geral Maria Laura. Mas no caso de o presidente Lula da Silva optar por uma mulher, Maria Luiza Viotti, embaixadora do Brasil emWashington e ligada ao PT, é o nome mais forte. O certo é que não será Celso Amorim. Aos 82 anos, o ex-chanceler gostaria de emplacar seu fiel escudeiro, Audo Faleiro, seu adjunto no Planalto, porém o mais provável é que Faleiro ganhe uma Embaixada para chefiar. E nquanto muitos trabalhadores esperam o fim do ano para ter renda extra, como pagamento do 13º salário, o vendedor ambulante André Pacheco aproveita o início de 2025 para conseguir umdinheirinho amais, impulsionado pela chegada do carnaval. Há 20 anos ele trabalha com a venda de bebidas na Lapa, região boêmia no Centro do Rio de Janeiro. André espera um faturamento maior por um motivo es- pecífico: este ano o carnaval será em março (começa no sábado, 1º), o que significa dizer que o pré-carnaval é mais longo. "A gente vai ter janeiro e fevereiro para se preparar para o carnaval. Paramimé como se tivesse já dando uma alavancada de no mínimo uns 50% nas vendas", disse à Agência Brasil. Desde a virada do ano, ele tem percebido que a cidade está cheia de turistas, brasileiros e estrangeiros, o que contribui para o otimismo em relação às vendas. Para o camelô, os blocos de carnaval que já estão animando o Rio desde o primeiro fimde semana do ano estão diretamente relacionados com a expectativa – mesmo que não sejam localizados na região da Lapa. "A gente fala que a Lapa, a nossa área, é uma dispersão mesmo de blocos. As pessoas vindas de blocos da Primeiro de Março [no Centro], do Flamengo, da Glória [bairros da zona sul], enfim, a galera acaba indo para a Lapa, todomundo vai para lá, e a festa continua lá". A vendedora ambulante Maria do Carmo, conhecida como Maria dos Camelôs, fundadora e coordenadora-geral doMovimento Unido dos Camelôs (Muca), reforça a impor- tância do carnaval para a categoria. "O carnaval é o momento em que a gente tira o nosso 13º salário. Momento em que as pessoas estão na cidade, na rua para gastar dinheiro. Para a gente é muito importante”, disse à Agência Brasil a ambulante que vende bebidas em blocos no tradicional bairro de Santa Teresa, região central do Rio de Janeiro. ■ EXPEDIENTE ESTICADO Pré-carnaval de dois meses pode aumentar faturamento de setores O canto dos pássaros. A vibração que a onça-pintada emite ao ca- minhar pelamata. Acomunicação entre os pirarucus na profundeza dos rios. No interior da Amazônia, sons da floresta funcionam como uma orquestra harmônica. Mesmo ouvidos destreinados conseguem perceber a sinfonia. Mas, se um dos “instrumentos” desafina ou para de tocar, o descompasso também é evi- dente. A analogia entre a música e a biodi- versidade amazônica é do biólogo carioca Emiliano Ramalho, de 46 anos, que mora há mais de duas décadas na floresta. É a melhor forma que ele encontrou para ex- plicar como o monitoramento contínuo dos animais ajuda a avaliar o funciona- mento do ecossistema e se há sinais de alerta. Ramalho é diretor técnico-científico do Instituto de Desenvolvimento Susten- tável Mamirauá, na cidade de Tefé, no Amazonas, uma entidade vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ino- vação (MCTI). Ele coordena desde 2016 o Projeto Providence, que usa sistemas automatizados de som e imagem para estudar as espécies amazônicas. Sãomais de 40 sensores espalhados pela floresta, que realizam monitoramento em tempo real, 24 horas por dia e sete dias por se- mana. “Pormeio da tecnologia, conseguimos observar um número de espécies e tipos de comportamentos que seriam impos- síveis de monitorar por meios naturais. Então, muda completamente a perspectiva de observação dos bichos. A tecnologia não exclui a necessidade, muitas vezes, de ter o ser humano indo em campo, mas ela se torna umtipo de sétimo sentido nosso”, diz o biólogo. Emiliano Ramalho já trabalhou espe- cificamente coma contagemde pirarucus, no início da carreira, e depois se tornou umdos maiores especialistas emecologia e biologia de onças-pintadas, principal- mente em ambientes de várzea. Em um cenário que sofre inundações durante três a quatromeses por ano, o felino se adapta e passa a viver no topo das árvores. O comportamento foi registrado cientifica- mente pela primeira vez pelo pesquisa- dor. Obiólogo costuma dizer que a “onça- pintada é fundamental para a conservação da floresta e a floresta é essencial para a sobrevivência da onça-pintada”. Nesse sentido, o equilíbrio social e natural passa, necessariamente, por estratégias de con- servação da biodiversidade amazônica. É esse trabalho, aperfeiçoado pelos instru- mentos tecnológicos, quemove Ramalho a acreditar em um futuro melhor. ■ ECOLOGIA TECNOLOGIAS MONITORAM BIODIVERSIDADE, ÁRVORES E AR DA AMAZÔNIA V Foto/ João Cunha/Divulgação
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