Diário do Amapá - 15/01/2025

ESPLANADA |OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ QUARTA-FEIRA | 15 DE JANEIRO DE 2025 5 ComWalmor Parente (DF), BethPaiva (RJ) eHenrique Barbosa (PE) E-mail: reportagem@colunaesplanada.com.br LEANDRO MAZZINI PODER , POLÍTICAEMERCADO Seis anos de caos Com a iminente posse de Nicolás Maduro, dia 10 de janeiro, o fluxo de imigração da Venezuela para o Brasil via fronteira em Roraima deve aumentar, legalmente ou ilegalmente. Com a consolidação do regime para mais um período de seis anos, e oportunidades de trabalho crescentes no Brasil, milhares de venezuelanos abandonarão o país de vez. Hoje, cerca de 300 venezuelanos cruzam a fronteira todos os dias. Totó na Cultura O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, anunciou o ex-vereador de Cuiabá Totó Parente como novo Secretário de Cultura e Economia Criativa. Totó, muito conhecido em Brasília pelo trânsito suprapartidário no Congresso, assume amanhã com três compromissos: Levar uma cultura de qualidade para a periferia; investir na economia criativa; e transformar São Paulo em polo global de cultura. Jogo de empurra O programa Calha Norte, em transição do Ministério da Defesa para o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, está órfão, pelo que parece. Procuradas pela reportagem, as pastas fazem um jogo de empurra sobre a tutela e mistério sobre o orçamento bilionário do programa para 2025. Fato é que os militares já foram demitidos das funções. Gatos na praia Desde novembro, a Neoenergia Coelba já cortou 6 mil ligações clandestinas – os famosos “gatos” – em operações em regiões turísticas da Bahia, no litoral e na região metropolitana de Salvador. A energia recuperada é suficiente para abastecer 84 mil residências por 15 dias, e visa garantir a segurança e o fornecimento durante o Réveillon, em especial nas regiões praianas do Sul do Estado. O Ano Novo do MRE O Itamaraty pode começar o ano (após as férias de janeiro) com uma surpresa. Nos corredores do Ministério das Relações Exteriores (MRE) há informações sobre a saída do chanceler Mauro Vieira do cargo em março. A Coluna apurou com fontes do MRE que ele teria sugerido a Embaixada de Paris como futuro posto, mas isso ainda vai depender de alguns acertos. Um deles diz respeito ao futuro chanceler. Uma corrente “politicamente correta” dentro do MRE advoga em defesa da atual Nº 2 de Vieira, a Secretária-Geral Maria Laura. Mas no caso de o presidente Lula da Silva optar por uma mulher, Maria Luiza Viotti, embaixadora do Brasil emWashington e ligada ao PT, é o nome mais forte. O certo é que não será Celso Amorim. Aos 82 anos, o ex-chanceler gostaria de emplacar seu fiel escudeiro, Audo Faleiro, seu adjunto no Planalto, porém o mais provável é que Faleiro ganhe uma Embaixada para chefiar. O Ministério da Saúde lançou nesta segunda-feira (13) uma campanha publicitária sobre o programa Mais Médicos, que será veiculada na televisão, rádio, mídias e painéis digitais. Chamada de Onde Tem Vida, Tem Mais Médicos. E Onde Tem Mais Médicos, Tem Governo Federal e um Brasil Bem Cuidado, a campanha pretende sensibilizar a população sobre a importância do programa, além de in- centivar a busca de informações sobre os atendimentos pelo portal do Mais Médicos. O programa Mais Médicos foi criado em 2013, com o objetivo de ampliar a assistência à atenção básica de saúde levando médicos para atuarem em regiões prioritárias, re- motas, de dif ícil acesso e de alto índice de vulnerabilidade, onde há escassez ou ausência desses profissionais. Em 2023, o programa foi relançado e rebatizado de Mais Médicos para o Brasil (https://agenciabrasil.ebc.com.br/sau- de/noticia/2023-03/governo-relanca-mais-medicos-brasi- leiros-terao-prioridade), passando a incluir outras áreas de saúde, como dentistas, enfermeiros e assistentes sociais, e prometendo priorizar profissionais brasileiros. “O Mais Médicos é uma realidade, e faz diferença. Na Estratégia de Saúde da Família , hoje, o programa permite horários de atendimento estendidos”, disse a ministra da Saúde, Nísia Trindade. Segundo o Ministério da Saúde, a atenção primária chegou à marca de 26.872 vagas preenchidas noMais Mé- dicos no final do ano passado, sendo 601 para atuação em 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) . Destes, 50 profissionais foram encaminhados para o território Ya- nomami. Outro destaque, informou a pasta, foi a abertura de editais comregime de cotas étnico-raciais e para pessoas com deficiência (PCDs), com a oferta de 3,1 mil vagas para profissionais de 1.574 municípios brasileiros. ■ REGIÕES REMOTAS Saúde lança campanha sobre importância do programa Mais Médicos A os 7 anos de idade, Neymar perdeu o pai. Umhomemnegro, chamado Kleber, que morreu com um tiro nas costas. Segundo a família, o assassino foi um policial militar. A morte não foi um evento isolado, mas uma das muitas ocorridas durante a onda de violência que tomou conta da cidade de Altamira, no Pará, depois da construção da Usina Hi- drelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu. Nos dois anos seguintes, a tia de Ney- mar, Daniela Silva, percebeu que a vida do sobrinho eramarcada tanto pela perda da relação do pai, como da conexão com as raízes amazônicas. Neymar, como tantos outros de sua geração, cresceu a mais de 10 quilômetros (km) de distância doXingu. Umgrupo de crianças e adolescentes cria- dos em bairros populares urbanos, com infraestruturaprecária, que surgiramdepois do processo de expulsão das terras do Xingu. “As crianças depois da minha geração não tiveram o direito de vivenciar o rio, o igarapé, uma comunidade cercada por curandeiros, rezadeiras, indígenas, ribei- rinhos. O Neymar, diferente da minha geração, não teve direito de conviver com uma infância na Amazônia. Eu sou de uma geração que tive esse privilégio. Cresci nomeiodessa diversidade”, disse a geógrafa, ativista socioambiental e liderança local Daniela Silva, durante o TEDxAmazônia 2024, evento realizado entre o final de novembro e o início de dezembro, em Manaus. Foi a partir dessas reflexões que nasceu o Projeto Aldeias em 2019. Resistir aos processos de violência e de ruptura afetiva coma Amazônia se tornou umdos nortes de Daniela. Por meio de um conjunto de ações educacionais, ela ajuda crianças e adolescentes a reatar laços naturais com a floresta e laços culturais com a cultura ri- beirinha amazônica. Existe a preocupação em trabalhar uma identidade amazônida que valorize indivíduos e territórios. “A gente só ama aquilo que conhece. E o ProjetoAldeias nasce da história desse menino, com o objetivo de retomada das nossas conexões que foramrompidas após o processo de deslocamento forçado pela construçãodahidrelétricade ‘BeloMonstro’ no nosso Rio Xingu. O Aldeias é uma conclamação para todos os setores da so- ciedade colocarem as nossas crianças no centro, para pensaremjunto comos adultos o nosso futuro. É umprojeto que se baseia naquele famoso provérbio africano que diz ser preciso uma aldeia inteira para educar uma criança”, explica Daniela. ■ PROJETO ALDEIAS AÇÕES EDUCATIVAS AJUDAM POVOS AMAZÔNICOS A LIDAR COM CRISE CLIMÁTICA V Foto/ André Noboa/UmGraueMeio

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