Diário do Amapá - 15/01/2025
FALECOM0COMERCIAL E-mail: comercial.da@bol.com.br site: www.diariodoamapa.com twitter: @diariodoamapa Instagram: @diariodoamapa | ECONOMIA | DIÁRIO DO AMAPÁ 7 ECONOMIA QUARTA-FEIRA | 15 DE JANEIRO DE 2025 D esde 1999, quando o Brasil passou a adotar o regime de metas de in- flação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), conside- rado a inflação oficial do país, ultrapassou oito vezes o limite máximo da meta. A úl- tima vez foi no ano passado, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O IPCA, que leva em conta a variação do custo de vida de famílias com rendi- mento de até 40 salários mínimos, fechou o ano passado em4,83%. Ameta estipulada pelo governo era de 3% com tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p.) para mais ou para menos, isto é, um arco de 3% até 4,5%. O órgão do governo que define a meta é o ConselhoMonetário Nacional (CMN), composto pelos ministros da Fazenda, do Planejamento e o presidente do Banco Central (BC). A perseguição da meta é conduzida peloComitê de PolíticaMonetária (Copom) do BC. Um dos principais recursos para o Copom fazer a política monetária, ou seja, controlar a inflação, é a taxa básica de juros, a Selic – que serve de referência para qualquer operação de empréstimo. Efeito dos juros A Selic alta faz com que empréstimos fiquemmais caros – seja para pessoa f ísica ou empresas - e é sinônimo de freio na atividade econômica, o que tem potencial de conter aumento de preços. Por outro lado, desestimula investimentos e a criação de emprego e renda. Atualmente, a Selic está em 12,25% ao ano. O último aumento, de 1 ponto percentual, foi em 11 de dezembro. O Copom já indicou mais aumentos de 1 p.p. nas próximas duas reuniões – que ocorrem a cada 45 dias, com o objetivo de conter a pressão inflacionária dos pró- ximos anos. Eventos climáticos, desvalorização do real ante o dólar e o preço das carnes são fatores que ajudam a explicar a inflação acima da meta em 2024. Por que meta? De acordo com o BC, o regime de metas de inflação é o conjunto de proce- dimentos para garantir a estabilidade de preços nos país. “Ameta conferemaior segurança sobre os rumos da políticamonetária, mostrando para a sociedade, de forma transparente, o compromisso do BC com a estabilidade de preços”, diz o BC. Ainda de acordo como Banco Central, a previsibilidade “melhora o planejamento das famílias, empresas e governo”. Se por um lado a meta aponta um teto para a subida de preços, também de- termina que não seja muito baixa. ■ IPCA A produção total de 2,55 milhões de autoveículos - carros, comerciais leves, caminhões e ônibus - no ano passado representou alta de 9,7% na comparação com 2023, de acordo com levantamento da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (An- favea). Segundo a entidade, o resultado fez com que o Brasil retomasse da Espanha o posto de oitavo maior produtor global de veículos em 2024. Nos emplacamentos, o fechamento foi de 2,635 mi- lhões de unidades, volume 14,1% mais alto que o do ano anterior, e superior à média global, que foi de alta de 2%. Um dado considerado representativo de 2024 foi a soma de vendas de veículos leves - novos e usados -, que chegou a 14,2 milhões, maior resultado na história do país. “Claramente, há uma demanda reprimida por trans- porte individual que vem sendo atendida de forma cres- cente, graças às melhores condições de crédito”, disse o presidente da Anfavea Márcio de Lima Leite, em nota. No ano passado, segundo a entidade, houve um aumento de 36% das concessões de crédito para financiamento de veículos novos e usados. As exportações de dezembro representaram o viés de alta do segundo semestre, compensando o desempenho considerado fraco pela Anfavea do primeiro semestre, e praticamente igualaram o resultado de 2023, indicando um 2025 de recuperação nos embarques. Ao todo, 398,5 mil autoveículos foram enviados para outros países. “Argentina e Uruguai foram os destaques em termos de crescimento, a ponto de compensar as quedas de envios para todos os outros países da América Latina”, avaliou a entidade. As importações tiveram 466,5 mil emplacamentos, alta de 33% impulsionada pela entrada maciça de eletri- ficados, em especial da China. “Neste ano é preciso ree- quilibrar os volumes de exportações e importações, de forma a evitar um novo déficit na balança comercial, como ocorreu em 2024”, analisou Leite. ■ ANFAVEA Vendas de veículos leves novos e usados atinge 14,2 milhões ● EM 26 ANOS, INFLAÇÃO DO PAÍS FICOU ACIMA DA META POR OITO VEZES O petróleo fechou o ano de 2024 como o principal produto da pauta de exportações brasileiras, toman- do o lugar da soja. As vendas de óleo bruto de petróleo ou de minerais alcançaram US$ 44,8 bilhões, segundo dados divulgados na semana passada pela Secretaria de Co- mércio Exterior do Ministério do Desen- volvimento, Indústria, Comércio e Servi- ços. Oanode 2024 terminou comopetróleo bruto representando 13,3%das exportações do Brasil, tomando a liderança da soja que, de 2023 para 2024, viu a participação cair de 15,7% para 12,7%. Em 2024, a soja rendeu aos exportadores US$ 42,9 bilhões, ante US$ 53,2 bilhões de 2023. O óleo do pré-sal é o motor que per- mitiu o petróleo alcançar o topo da pauta exportadora. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bio- combustíveis (ANP), de janeiro a novembro – último dado disponível, o país produziu 36,9 milhões de barris de petróleo por dia (Mbbl/d), sendo 71,5% originários do pré- sal. Observando apenas dados do segundo semestre, esse percentual salta para 80,3%. Histórico do pré-sal Descoberto em2006, o pré-sal contri- buiu para a soberania energética do país, possibilitando que o país se mantivesse sema necessidade de importar óleo. Além da alta produtividade, os poços armazenam um óleo leve, considerado de excelente qualidade e com alto valor comercial. O inícioda produção ocorreuno campo de Jubarte, localizado na Bacia de Campos, litoral do sudeste, em 2008. Ao lado da Bacia de Santos, é onde se encontram os reservatórios, perfurados há uma profun- didade de 5 mil a 7 mil quilômetros. Para se ter uma ideia, 7mil quilômetros é apro- ximadamente o ponto mais alto da Cordi- lheira dos Andes. Atualmente os campos de Tupi, Búzios e Mero representam 69% da origem do pré-sal, segundo a ANP. Os três ficam na Bacia de Santos. O primeiro a produzir o pré-sal de Santos foi Tupi, maior ativo em produção no país, chegando a 1,1 milhão de barris por dia no terceiro trimestre de 2024. A história da exploração e produção de pré-sal se confunde comos anos recentes da Petrobras, estatal que respondeu por 98% da produção de pré-sal emnovembro de 2024, incluindo poços operados em consórcio. De toda a produção da compa- nhia, cerca de 80% tem origem no pré-sal. Dentre as principais empresas petro- líferas que operam em consórcio com a Petrobras figuram, entre outras, as multi- nacionais Shell (anglo-holandesa), Tota- lEnergies (francesa) e CNDOC (chinesa). Segundo a companhia, o pré-sal, que deve atingir o pico de produção na década de 2030, tempapel estratégico na transição energética. Segundo a estatal, tecnologias desenvolvidas pela Petrobras fazem com que o óleo extraído do pré-sal tenha emissão de dióxido de carbono (CO²) - um dos causadores do efeito estufa e do aqueci- mento global - 70% menor que a média mundial. ■ EMPURRADO PELO PRÉ-SAL, PETRÓLEO ASSUME TOPO DA PAUTA DE EXPORTAÇÕES PRINCIPAL PRODUTO V Foto/ Tânia Rêgo/Agência Brasil
RkJQdWJsaXNoZXIy NDAzNzc=