Diário do Amapá - 25/01/2025

ESPLANADA |OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ SÁBADO | 25 DE JANEIRO DE 2025 5 ComWalmor Parente (DF), BethPaiva (RJ) eHenrique Barbosa (PE) E-mail: reportagem@colunaesplanada.com.br LEANDRO MAZZINI PODER , POLÍTICAEMERCADO Seis anos de caos Com a iminente posse de Nicolás Maduro, dia 10 de janeiro, o fluxo de imigração da Venezuela para o Brasil via fronteira em Roraima deve aumentar, legalmente ou ilegalmente. Com a consolidação do regime para mais um período de seis anos, e oportunidades de trabalho crescentes no Brasil, milhares de venezuelanos abandonarão o país de vez. Hoje, cerca de 300 venezuelanos cruzam a fronteira todos os dias. Totó na Cultura O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, anunciou o ex-vereador de Cuiabá Totó Parente como novo Secretário de Cultura e Economia Criativa. Totó, muito conhecido em Brasília pelo trânsito suprapartidário no Congresso, assume amanhã com três compromissos: Levar uma cultura de qualidade para a periferia; investir na economia criativa; e transformar São Paulo em polo global de cultura. Jogo de empurra O programa Calha Norte, em transição do Ministério da Defesa para o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, está órfão, pelo que parece. Procuradas pela reportagem, as pastas fazem um jogo de empurra sobre a tutela e mistério sobre o orçamento bilionário do programa para 2025. Fato é que os militares já foram demitidos das funções. Gatos na praia Desde novembro, a Neoenergia Coelba já cortou 6 mil ligações clandestinas – os famosos “gatos” – em operações em regiões turísticas da Bahia, no litoral e na região metropolitana de Salvador. A energia recuperada é suficiente para abastecer 84 mil residências por 15 dias, e visa garantir a segurança e o fornecimento durante o Réveillon, em especial nas regiões praianas do Sul do Estado. O Ano Novo do MRE O Itamaraty pode começar o ano (após as férias de janeiro) com uma surpresa. Nos corredores do Ministério das Relações Exteriores (MRE) há informações sobre a saída do chanceler Mauro Vieira do cargo em março. A Coluna apurou com fontes do MRE que ele teria sugerido a Embaixada de Paris como futuro posto, mas isso ainda vai depender de alguns acertos. Um deles diz respeito ao futuro chanceler. Uma corrente “politicamente correta” dentro do MRE advoga em defesa da atual Nº 2 de Vieira, a Secretária-Geral Maria Laura. Mas no caso de o presidente Lula da Silva optar por uma mulher, Maria Luiza Viotti, embaixadora do Brasil emWashington e ligada ao PT, é o nome mais forte. O certo é que não será Celso Amorim. Aos 82 anos, o ex-chanceler gostaria de emplacar seu fiel escudeiro, Audo Faleiro, seu adjunto no Planalto, porém o mais provável é que Faleiro ganhe uma Embaixada para chefiar. N o dia 24 de janeiro de 1835, trabalhadores africanos escravizados ocuparam Salvador (BA) enfrentando, durante mais de três horas, civis e soldados coloniais na revolta que ficou conhecida como a mais importante rebelião urbana de escravizados do Brasil. Ainda hoje, 190 anos depois, a Revolta dos Malês é lembrada em estudos, livros, blocos de carnaval, filmes e exposições de arte. Estima-se que 600 africanos tenham participado do movimento. Proporcionalmente, isso equivaleria a 12 mil pessoas considerando a população atual de Salvador. O historiador baiano João José dos Reis calculou que mais de 70 africanos morreram nos conflitos e cerca de 500, em estimativas conservadoras, foram punidos com penas de morte, prisão, açoites ou deportações. “Embora durasse pouco tempo, foi o levante de escravos urbanos mais sério ocorrido nas Américas”, afirma o espe- cialista no livro Rebelião Escrava no Brasil: a História do Levante dos Malês (1835). O historiador dos Reis estima que Salvador tinha, em 1835, 65,5 mil habitantes, sendo 42% escravos (27,5 mil) e 29,8% de negros ou pardos livres (19,5 mil). Os brancos representavam 28,8% da população da capital baiana (18,5mil). O termo malê era como os africanos muçulmanos tra- zidos ao Brasil eram chamados, sendo esse o principal grupo que organizou o levante. Chamada também de Grande Insurreição, o episódio é parte de diversas revoltas que ocorreram na Bahia entre 1807 e 1844, sendo a dos Malês a mais importante delas, segundo pesquisa do historiador e sociólogo Clóvis Mou- ra. Segundo esse pesquisador, a revolta de 1835 não foi uma eclosão violenta e desorganizada, surgida por um in- cidente qualquer. Até mesmo um fundo com recursos foi criado para financiar as atividades dos escravizados rebel- des. ■ MOVIMENTO Revolta dos Malês: 190 anos da maior rebelião escrava urbana do Brasil E m audiência pública em Brasília (DF), nesta quarta-feira (22), pes- quisadores e membros de organi- zações da sociedade civil manifestaram contrariedade às novas políticas da empresa Meta, que alteraram as formas de mode- ração e que até permitem a publicação de conteúdos preconceituosos. Representantes das plataformas digitais foramconvidados, mas não compareceram. A companhia controla as redes Facebook, Instagram e Whatsapp. Na audiência pública, realizada pela Advocacia-Geral daUnião (AGU), os pes- quisadores chamaramatenção para o fato que essas políticas aumentam as dificul- dades de grupos já vulnerabilizados. A professora Rose Marie Santini, diretora do laboratório de estudos de internet da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirmouque as decisões da empresa de remodelar programas de checagem de fatos e relaxar os trabalhos de moderação sobre a formação de discursos de ódio re- presentam ameaça à sociedade. Para ela, uma mudança muito signifi- cativa anunciada pelo presidente daMeta, Mark Zuckerberg, foi sobre as alterações dos algoritmos, ao decidir quais vozes serão divulgadas e silenciadas. “Esses al- goritmos, programados pela curadoria e moderação de conteúdo, operamsemne- nhuma transparência sobre a realidade e sobre seus critérios. Não sabemos quais conteúdos são efetivamente moderados”, ponderou. A professora afirma que a divulgação dos critérios de moderação demonstrou “graves inconsistências”. “Essa opacidade mina a confiança pública na real preocu- pação da empresa com a liberdade de ex- pressão. Afinal, a liberdade só é efetiva quando acompanhada de transparência”, argumentou. Para a pesquisadora, esse tipo de mo- deração permite que se dê liberdade so- mente às pessoas escolhidas pela empresa. “O discurso das empresas induz a um en- tendimento de que a censura só poderia vir do Estado. Contudo, na realidade atual, as plataformas digitais se constituemcomo a principal estrutura de censura dos usuá- rios na internet”. Ela entende que essas grandes plata- formas detêm mais informações sobre seus usuários do que qualquer Estado tem de seus cidadãos. “(As empresas) Usam dados das pessoas, inclusive os sensíveis, para distribuir anúncios personalizados, independente se são legítimos ou não, se contêm crimes de qualquer ordem ou se colocam os usuários em risco”. ■ AUDIÊNCIA PÚBLICA PESQUISADORES DIZEM QUE DECISÕES DA META AMEAÇAM LIBERDADE NO BRASIL V Foto/ Marcello Casal jr/Agência Brasil

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