Diário do Amapá - 03/07/2025

| OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ QUINTA-FEIRA | 03 DE JULHO DE 2025 2 LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIODECOMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) - Fone: 96-3223-7690 www.diariodoamapa.com.br COMPROMISSOCOMANOTÍCIA O atual Presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, continua sua cruzada na ruptura institu- cional entre os poderes. Apesar de nos últimas dias ter suspendido os ataques frontais a separação dos Poderes e ao Estado Democrático de Direito, ele avança nos bastidores com a chamada pauta anti-Judiciário. Com efeito, ganha força, em Brasília, as propostas que ampliam o número de integrantes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão responsável por medidas disciplinares contra magistrados e por decisões administrativas e orçamentárias, e uma Proposta de Emenda à Constituição para incluir um ministro do Superior Tribunal Militar, um juiz federal da Justiça Militar da União e um juiz da Justiça Militar estadual ou do Distrito Federal poderia garantir uma com- posição mais alinhada ao governo. Outra frente que pode avançar, caso Bol- sonaro vença as eleições em 30 de outubro, é a emenda que amplia o número de minis- tros do STF, garantindo mais integrantes aliados da sua gestão. Bolsonaro já nomeou dois ministros nesses seus quatro anos de governo. E em caso de reeleição teria a oportunidade de indicar mais nomes ali- nhados a sua cartilha. Além disso, a ameaça, concreta, da in- clusão do Judiciário na reforma adminis- trativa, um objetivo do atual Governo, que não andou, principalmente, em decorrência da pandemia da Covid-19. Vale lembrar que as categorias de juízes e promotores foram poupadas na PEC que reformula o funcionalismo público, apresentada pelo governo em 2020, mas essa ideia deve mudar por conta da atual cruzada de Bolsonaro contra alguns ministros das Cortes Supe- riores. O parágrafo quarto do artigo 60 da Constituição da República prevê que não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir a separação dos Poderes. Não há dúvida que todas essas medidas propostas têm como objetivo subjugar o Poder Judiciário ao interesses do atual Governo, sendo, dessa forma, inequivocamente inconstitucionais as medidas propostas nesse sentido. A Constituição preconiza, dentre os princípios fundamentais da República, que os poderes são independentes e harmônicos entre si. Com efeito, a proposta de emenda constitucional ou qualquer projeto de lei, que objetive enfraquecer um dos poderes, romperá com o imperativo constitucional da separação dos po- deres, o que, inevitavelmente, gerará instabilidade institucional e está eivada de nulidade. ■ Além disso, a ameaça, concreta, da inclusão do Judiciário na reforma administrativa, um objetivo do atual Governo, que não andou, principalmente, em decorrência da pandemia da Covid-19. Pauta anti-Judiciário e suas inconstitucionalidades E-mail: juridico@libris.com.br Presidente da CNC MARCELOAITH M uitas vezes nos deparamos com locuções que comparam as pessoas e enfatizam suas deficiências e imperfeições. Um conhecido provérbio diz isso claramente: quando mostramos um polegar para alguém, três de nossos polegares também apontam para nós mesmos. Este conceito sugere que reconhecer falhas nos outros é um reflexo de nossa percepção de nós mesmos. Perceber as imperfeições dos outros significa autoestima. ou mais É um reflexo das próprias características de cada um. No entanto, confiar apenas em nossas próprias mensurações não é suficiente para verdadeira transmutação. O princípio de “corrigir em si mesmo o que você critica nos outros” exige autoconsideração e autoaperfeiçoamento mais profundos. Vários filósofos, desde pré-socráticos até pensadores brasileiros con- temporâneos, têm refletido sobre essa ideia, enfatizando a importância de olhar para dentro antes de apontar as falhas dos outros. Sócrates, o filósofo grego, via o autoconhe- cimento como o caminho para a virtude Con- vida-nos a explorar nossas próprias imperfeições para cultivar a sabedoria e a autotransformação. Confúcio já argumentou que cultivar as virtudes que criticamos nos outros é essencial para criar um ambiente equilibrado e moralmente elevado. O filósofo germânico Immanuel Kant abor- dou essa ideia de um ponto de vista moral. onde a ética do dever é determinada pela in- tenção por trás da ação. Friedrich Nietzsche, por outro lado, viu essa tendência crítica como um reflexo de nossa própria fraqueza moral, e Carl Jung explorou as sombras que lançamos sobre os outros como o lado não resolvido de nossas próprias mentes. Ao considerarmos as perspectivas desses pensadores, fica claro que a ideia de “Melhore em você o que você critica no outro” pode ser vista como um convite a autorreflexão, cresci- mento pessoal e construção de uma base ética sólida para interações sociais saudáveis e har- moniosas. Educadores e filósofos contemporâneos como Paulo Freire, Rubem Alves, Leandro Carnal, Vivian Mose, Luis Filipe Pondé, Marilena Chauí, Márcia Tiburi e Mário Sérgio Cortella reforçam essa abordagem. Eles enfatizam a necessidade de autoconhecimento, autenticidade, autogoverno e compaixão pelos outros. Leandro Karnal explica que podemos entender ao identificarmos aspectos que criticamos nos outros, temos a oportunidade de olhar para dentro de nós mesmos e reconhecer possíveis áreas de desen- volvimento. Assim, ao enfrentarmos nossas próprias contradições, estamos nos engajando em uma análise profunda de nossa própria subjetividade nos tornando mais tolerantes e compassivos pelos pen- samentos de Márcia Tiburi. Nesse sentido, ao incorporar essas reflexões, a ideia se transforma em uma jornada de autodescoberta, desenvolvimento ético e crescimento consciente, contribuindo para a nossa própria evolução pessoal e para a construção de uma sociedade mais justa e harmoniosa. ■ Leandro Karnal explica que podemos entender ao identificarmos aspectos que criticamos nos outros, temos a oportunidade de olhar para dentro de nós mesmos e reconhecer possíveis áreas de desenvolvimento. Assim, ao enfrentarmos nossas próprias contradições. Melhore em você o que você critica no outro E-mail: gregogiojsimao@yahoo.com.br Radialista e estudante de Filosofia GREGÓRIOJ.L. SIMÃO

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