Diário do Amapá - 10/07/2025
Oministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que "há uma real possibilidade" de queda no preço da gasolina e do diesel nas próximas semanas, caso o valor do petróleo no mercado internacional se mantenha. Ele participou, nesta segunda-feira (7), da reunião de cúpula do Brics, no Rio de Janeiro. "Nós estávamos muito apreensivos, naturalmente, com essa guerra entre Israel e Irã. A tensão diminuiu. Esperamos que termine", disse o ministro, em entrevis- ta. Afirmou, ainda, que o governo tem se mobilizado para evitar cobranças abusivas nos preços dos combus- tíveis. "O presidente Lula vem cobrando isso de forma rei- terada para que, na bomba de combustível, cheguem as reduções feitas pela Petrobras. E nós estamos trabalhando de forma fiscalizatória. Esse é o papel do governo para que a gente tenha realmente o resultado desse esforço que é feito nas políticas públicas para poder construir justiça tarifária no país", acrescentou. Cúpula do Brics Silveira afirmou que o Brics discutiu, nesta cúpula, a questão da sustentabilidade, de forma "muito vigorosa". "[O Brics] é um fórum internacional fundamental, inclusive para poder articular financiamento para a tran- sição energética através do Banco do Brics", disse. O ministro citou ainda que a extração de minerais críticos, dos quais o Brasil e outros países do Brics têm reservas importantes, é fundamental para a transição energética. Mas, segundo ele, é preciso buscar um equilíbrio entre as atividades econômicas e a legislação. ■ REDUÇÕES Combustível: governo prevê queda de preço se petróleo mantiver cotação ● QUEDA Bolsa bate recorde, e dólar cai para menor valor em mais de um ano Em um dia de euforia no mercado financeiro, a bolsa de valores aproximou-se de 141 mil pontos e fechou em nível recorde. O dólar chegou perto de R$ 5,40 e atingiu o menor nível emmais de um ano. O índice Ibovespa, da B3, encerrou aos 140.928 pontos, com alta de 1,35%. O indicador sobe 2,97% na semana e 17,16% em 2025. A bolsa foi beneficiada por ações de bancos e pelo mercado internacional. As bolsas em Nova York também bateram recordes. Omercado de câmbio tambémteve umdia de otimismo. O dólar comercial fechou a R$ 5,405, com queda de R$ 0,016 (-0,29%). A cotação chegou a subir para R$ 5,44 pouco antes das 10h, mas operou em estabilidade após a abertura dosmercados norte-americanos. Na hora final de negociação, passou a cair, até encerrar na mínima do dia. A moeda norte-americana está no menor valor desde 24 de junho, quando tinha fechado em R$ 5,39. A divisa acumula queda de 1,42% na semana e de 12,53% em 2025. Emumdia semnotícias econômicas internas, omercado foi dominado pelo cenário internacional. No início da manhã, a divulgação de que os Estados Unidos criaram mais postos de trabalho que o previsto em junho eliminou as chances de o Federal Reserve (Fed, Banco Central norte- americano) cortar os juros ainda neste mês. Em tese, a notícia provocaria a alta global do dólar, mas a possibilidade de que os Estados Unidos fechem acordos comerciais até o fim da próxima semana animou os investi- dores.Os países emergentes, comooBrasil, forambeneficiados pela valorização das commodities (bens primários com cotação internacional), estimuladas por dados positivos da economia chinesa, amaior consumidora dematérias-primas do planeta. ■ ● FALECOM0COMERCIAL E-mail: comercial.da@bol.com.br site: www.diariodoamapa.com twitter: @diariodoamapa Instagram: @diariodoamapa A s ameaças feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não devem impedir que os países do Brics avancem em relações comerciais que priorizem as moedas de cada país ao invés do dólar. Esta é a ava- liação de especialistas entrevistados pela Agência Brasil. Após a divulgação da Declaração Final da 17ª Reunião de Cúpula, a Decla- ração do Rio de Janeiro, na qual os mem- bros do Brics defendemuma ordemmun- dial “mais justa”, Trump ameaçou taxas extras a produtos de países que se alinhem ao grupo, formado por 11 nações, entre elas Brasil Rússia Índia, China e África do Sul. A ameaça foi publicada no perfil de Trump na rede Truth Social. “Eu diria que ele não vai ser bem-su- cedido”, defende o professor titular da Universidade Estadual de Campinas (Uni- camp), Luiz Belluzzo. Para ele, os países sentem o impacto do uso do dólar como moeda base do comércio global, na va- lorização e desvalorização constante de suas moedas, e buscam reduzir os im- pactos nas próprias economias. Segundo Belluzzo, essa busca não é algo novo. As negociações bilaterais, ou seja, entre dois países, que priorizem moedas locais já estão em curso e não devem regredir. “Os países do Brics não estão bus- cando a criação de uma outra moeda re- serva. Eles estão, na verdade, tentando estabelecer relações em suas moedas. São os acordos bilaterais, como a China e o Brasil, a China e a Índia, etc. São acordos bilaterais que escapam às deter- minações do dólar”, explica. “E assim você vai criando uma zona monetária em que as moedas nacionais é que funcionam como meios de paga- mento”. O professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) Antonio Jorge Ramalho da Rocha concorda que, por enquanto, as ameaças de Trump não devem ter impacto. “O atual presidente americano gosta de vociferar ameaças, gerando descon- fianças que em nada contribuem para o enfrentamento dos verdadeiros problemas globais. Seu gosto por taxação só trará mais prejuízo à sua própria população e estimulará os demais países a construir agendas que dependam cada vez menos dos EUA.” De acordo com Rocha, as ações de Trump apenas aceleram buscas por al- ternativas ao dólar. “No Brics a discussão sobre o recurso a moedas locais e arranjos monetários contingentes é antiga e visa sobretudo à redução de custos de tran- sação. A redução do uso do dólar esta- dunidense comomoeda de troca e reserva de valor está em curso lentamente, em parte devido às inseguranças criadas pelo governo dos EUA em relação a sua eco- nomia. Não se vislumbra uma ‘desdola- rização’, mas a redução do uso do dólar, substituído por outras moedas, em es- pecial o Euro, e por arranjos baseados em moedas digitais de bancos centrais. O comportamento do atual governo dos EUA apenas acelera esse processo.” Proteção O diretor-executivo do Brasil no Fun- doMonetário Internacional (FMI), André Roncaglia, considera importante a ten- tativa de formar relações bilaterais entre sistemas de pagamentos nacionais. “A ideia é justamente criar uma in- fraestrutura monetária que permita aos países diminuírem os custos de transação nas operações comerciais e gerar um aprendizado para os países menores, que têm sistemas de pagamentos menos so- fisticados, para que eles também vão construindo os seus.” ■ PARA ESPECIALISTAS, AMEAÇAS DE TRUMP NÃO DEVEM FREAR COMÉRCIO DO BRICS V Foto/ Tomaz Silva/Agência Brasil ENCONTRO | ECONOMIA | DIÁRIO DO AMAPÁ 7 ECONOMIA QUINTA-FEIRA | 10 DE JULHO DE 2025
RkJQdWJsaXNoZXIy NDAzNzc=