Diário do Amapá - 13 e 14/07/2025

LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIODECOMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) - Fone: 96-3223-7690 www.diariodoamapa.com.br COMPROMISSOCOMANOTÍCIA |OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ DOMINGO E SEGUNDA-FEIRA | 13 E 14 DE JULHO DE 2025 2 U ma questão que ouço constantemente na vida das pessoas é esse tipo de queixa: “Deus, por que permite essa violência, essas atrocidades no meio de nós? Morte de crianças, sequestros, homicídios, imoralidades, deturpação da realidade, corrupção...” As pessoas querem entender a dif ícil convivência da humanidade. Mas parece que não conseguem dar uma razão. Lendo o salmo 72, das Sagradas Escrituras, pode-se tentar dar uma resposta. "Oh, como Deus é bom para os corações retos, e o Senhor para com aqueles que têm o coração puro! Contudo, meus pés iam resvalar, por pouco não escorreguei, porque me indignava contra os ímpios, vendo o bem-estar dos maus: não existe sofrimento para eles, seus corpos são robustos e sadios. Dos sofrimentos dos mortais não participam, não são atormentados como os outros homens. Eles se adornam com um colar de orgulho, e se cobrem com ummanto de arrogância. Da gordura que os incha sai a iniquidade, e transborda a temeridade. Zombam e falam com malícia, discursam, altivamente, em tom ameaçador. Com seus propósitos afrontam o céu e suas línguas ferem toda a terra. Por isso se volta para eles o meu povo, e bebe com avidez das suas águas. E dizem então: Porventura Deus o sabe? Tem o Altíssimo conhecimento disto? Assim são os pecadores que, tranquilamente, au- mentamsuas riquezas. Então foi emvão que conservei o coração puro e na inocência lavei as minhas mãos? Pois tenho sofrido muito e sido castigado cada dia. Se eu pensasse: Também vou falar como eles, seria infiel à raça de vossos filhos. Reflito para compreender este problema, mui penosa me pareceu esta tarefa, até o momento em que entrei no vosso santuário e em que me dei conta da sorte que os espera. Sim, vós os colocais num terreno escorregadio, à ruína vós os conduzis. Eis que subitamente se arruinaram, sumiram, destruídos por catástrofemedonha. Como de um sonho ao se despertar, Senhor, levantando- vos, desprezais a sombra deles. Quando eume exas- perava e se me atormentava o coração, eu ignorava, não entendia, como umanimal qualquer. Mas estarei sempre convosco, porque vós me tomastes pela mão. Vossos desígnios me conduzirão, e, por fim, na glória me acolhereis. Afora vós, o que há para mim no céu? Se vos possuo, nada mais me atrai na terra.Meu coração eminha carne podem já desfalecer, a rocha de meu coração e minha herança eterna é Deus. Sim, perecem aqueles que de vós se apartam, destruís os que procuram satisfação fora de vós. Mas, para mim, a felicidade é me aproximar de Deus, é pôr minha confiança no Senhor Deus, a fim de narrar as vossas maravilhas diante das portas da filha de Sião." Esse hino inicia louvando o Senhor porque Ele é bom com aqueles que são transparentes na vida. Não são duplos, isto é, que se comportam dizendo uma coisa e fazendo outra. Porém, o fiel fica irritado e amargurado vendo esses ímpios malvados tendo uma existência esbanjando riqueza e felicidade e, no entanto, ele lutando para sobreviver. Ele rezando manifesta toda essa preocupação, porque o ímpio se enche de orgulho, estufa o peito e pratica a violência. O coração do malvado é um vaso cheio de loucuras e a sua boca desafia céu e terra: “dizem então: Porventura Deus o sabe? Tem o Altíssimo conhecimento disto?” No entanto, o justo é colocado à prova e sofre todos os dias a diferença do sucesso do malvado. A segunda parte dos versículos 17 a 20 marca a mudança do salmo. O fiel desse salmo muda de opinião: aquela posição fatalista do infiel que é mais feliz do justo se inverte. Por que? É entrando no santuário que lhe permite de fazer uma experiência mística em que descobre o destino último dos ímpios e dos justos. Nessa experiência de oração, consegue discernir a verdadeira realidade da humanidade: o malvado não tem futuro e será destruído. Aquela felicidade inicial foi só uma ilusão, um sonho que termina o quanto antes. O justo, no entanto, vive a grande esperança da imortalidade pela comunhão com Deus, Senhor de tudo e de todos. Portanto, é a proximidade com Deus que ajuda compreender a preciosidade da vida dos justos. ■ CLAUDIOPIGHIN E-mail: clpighin@claudio-pighin.net Sacerdote e doutor em teologia. O coração do malvado é um vaso cheio de loucuras e a sua boca desafia céu e terra: “dizem então: Porventura Deus o sabe? Tem o Altíssimo conhecimento disto?” No entanto, o justo é colocado à prova e sofre todos os dias a diferença do sucesso do malvado. Entrar no santuário do senhor C erta vez, um pai passeava pelas ruas da cidade com os seus dois filhos. Eles estavam chorando e de cara fechada. Um co- nhecido, ao encontrá-los, perguntou: – Qual é o problema com os dois meninos? – É o mesmo problema do resto do mundo, respondeu o pai. Tenho três nozes e ambos querem duas. No evangelho de Lucas, deste Sétimo Domingo do Tempo Comum, encontramos diversos ensinamentos de Jesus. Ele nos chama a uma verdadeira revolução em nossos relacionamentos humanos e… eco- nômicos. Nos pede para amar os inimigos, fazer o bem àqueles que nos odeiam e falam mal de nós, de não pedir de volta o que nos foi tirado. Devemos abençoar aqueles que nos amaldiçoam e oferecer a outra face a quem já nos esbofeteou de um lado. Jesus nos diz que amar somente aqueles que nos amam, fazer o bem a quem o faz para nós, emprestar dinheiro a quem temos certeza pagará a dívida, não tem nada de novo. Qualquer pessoa pode agir assim. Até os pecadores fazem ne- gócios desse jeito. Afinal, é uma questão de troca de favores e prestações. Ninguém quer perder nada e, assim, vivemos na defensiva, sempre atentos para não sermos enganados. Jesus nos pede para agirmos de uma maneira diferente, mais corajosa, inesperada, capaz de surpreender. Isso porque a referência dos “filhos do Al- tíssimo” não pode mais ser a esperteza do mundo, mas deve ser, nada menos, que a mi- sericórdia de Deus. Ele é um Pai “bondoso também para com os ingratos e os maus” (Lc 6,35). Na manifestação das nossas opiniões a respeito dos outros não devemos julgar e nem condenar. Devemos usar de uma medida larga, abundante de compreensão e perdão, porque com a mesma medida serão também avaliadas as nossas ações. Após ter escutado essas palavras de Jesus, somos tentados a pensar que ele foi um profeta visionário, que tinha muita imaginação e vivia fora da realidade. No entanto ele nos deu o exemplo quando perdoava os pecadores e, so- bretudo, quando invocou a misericórdia do Pai para aqueles que o crucificavam. Talvez sejamos nós a não saber mais acreditar que algo diferente possa acontecer nesta sociedade, onde sobram disputas, violências e injustiças e faltam demais fra- ternidade, solidariedade e paz. Continuamos a querer possuir mais, na ilusão de sermos mais felizes pelo poder ou os bens materiais que acumulamos. O chamado “bolo” das riquezas talvez continue crescendo, até quando o planeta Terra aguentar. Mas quando será partilhado de forma justa e respeitosa da dignidade de toda pessoa humana? Ainda no evangelho deste domingo, Jesus nos mostra o caminho. É a bem conhecida “regra de ouro”: “O que vós desejais que os outros vos façam, fazei- o também vós a eles” (Lc 6,31). Se queremos amor sincero, devemos também oferecer amor sem outra finalidade que o bem de quem di- zemos amar. Se tratamos mal o nosso próximo ou o excluímos com a nossa in- sensibilidade e indiferença, não podemos pretender atenção e ajuda quando precisarmos. Podemos esperar carinho se semeamos afeto e ternura. Quem não sabe renunciar nem a uma noz para alegrar o irmão e semear união, dificilmente encontrará um ombro para se apoiar na hora da privação. ■ DOMPEDROCONTI E-mail: oscarfilho.ap@bol.com.br Administrador Apostólico da Diocese de Macapá Continuamos a querer possuir mais, na ilusão de sermos mais felizes pelo poder ou os bens materiais que acumulamos. O chamado “bolo” das riquezas talvez continue crescendo, até quando o planeta Terra aguentar. Mas quando será partilhado de forma justa e respeitosa da dignidade de toda pessoa humana? Ainda no evangelho deste domingo, Jesus nos mostra o caminho. O problema

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