Diário do Amapá - 18/07/2025
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apresentou, nesta quinta-feira (17), a proposta de um Imposto Global Mínimo de 14% para aqueles que re- cebem mais de R$ 50 mil por mês. Com a cobrança, seria possível garantir a isenção do pagamento do Imposto de Renda da Pessoa Física para as pessoas com renda até R$ 5 mil por mês. A alíquota apresentada na Carta de Conjuntura do Ipea é superior à proposta pelo governo no Projeto de Lei (PL) 1087/2025, que altera a legislação do imposto sobre a renda e está em tramitação no Congresso Nacional. Para garantir a isenção da parcela da população que recebe menos, a proposta enviada pelo governo ao parla- mento define a cobrança de uma alíquota progressiva, de até 10%, para quem ganha acima de R$ 600 mil por ano, ou R$ 50 mil por mês. Apenas 2% dos contribuintes estão nessa situação. A alíquota máxima, de 10%, passará a ser cobrada das pessoas que ganham a partir de R$ 1,2 milhão por ano, os considerados super ricos, 0,7% dos contri- buintes. Para o Ipea, no entanto, a alíquota cobrada dos mais ricos deve ser maior. No cálculo, o técnico de planejamento e pesquisa do Ipea Pedro Humberto Carvalho, que assina o estudo, considerou que o valor máximo da tributação efetiva em 2022 foi de 14,1%, percentual pago pelo grupo com renda média mensal de aproximadamente R$16 mil. Para ele, a alíquota dos mais ricos deve ser semelhante a esta e não inferior. Além disso, Carvalho defende que essa alíquota deve incidir sobre a renda total, o que inclui dividendos, auxílios, reembolsos, restituições, bônus, prêmios de seguro, entre outras fontes atualmente isentas daqueles com renda su- perior a R$ 50 mil por mês. ■ IPEA Mais ricos deveriam pagar 14% para igualar à classe média CNS Serviços já respondem por 57% dos empregos formais no país, diz CNS A pesquisa da Confederação Nacional de Serviços (CNS) apontou que o setor já responde por 57% dos empregos formais do país. Com dados relativos ao mês de maio, o levantamento mensal da entidade apurou que o segmento é responsável por 31,686milhões dos 55,6milhões de postos de trabalho formais no Brasil. Com base nos dados do sistema RAIS-CAGED do Mi- nistério do Trabalho e Emprego e informações do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o levantamento trouxe que o setor de serviços privados não financeiros alcançou 15,7 milhões de postos de trabalho. Ainda pelo levantamento, o segmento de serviços privados não financeiros abriu 682 mil de janeiro a maio de 2025 sobre igual período no ano passado. Neste ano, o acu- mulado até maio foi de 333 mil novos empregos no campo das empresas e 118 mil nos serviços voltados às famílias. Por sua vez, os setores de serviços de transportes regis- traram mais de 107 mil novos postos de trabalho no acumulado do ano de 2025 e igual período de 2024. Pela mesma comparação, os serviços de informação registraram a abertura de cerca de 31 mil postos entre janeiro e maio deste ano. Também houve crescimento no setor de serviços de transportes, com mais 107 mil novos postos no período, enquanto os serviços de informação responderampor cerca de 31 mil postos de trabalho. Salários No primeiro trimestre de 2025, o setor de serviços re- gistrou o rendimento médio de R$ 4,153,78, valor que, segundo a CNS, é 14,9% superior ao da média da economia e 18,9%maior que os da indústria de transformação. ■ ● ● FALECOM0COMERCIAL E-mail: comercial.da@bol.com.br site: www.diariodoamapa.com twitter: @diariodoamapa Instagram: @diariodoamapa O s Estados Unidos iniciaramna ter- ça-feira (15) uma investigação in- terna contra práticas comerciais do Brasil que consideram supostamente “desleais”. Entre elas, o Pix. As críticas ao sistema de pagamento brasileiro podem ser explicadas pela concorrência com Whatsapp Pay e bandeiras de cartão de crédito norte-americanas, e por ter se tor- nado uma alternativa ao dólar emalgumas transações internacionais. A medida foi anunciada pelo repre- sentante de Comércio dos Estados Unidos, Jamieson Greer, em documento chamado “Investigação da Seção 301 sobre Práticas Comerciais Desleais no Brasil”. Não há menção direta ao Pix, mas o texto cita os "serviços de pagamento eletrônico do go- verno". “O Brasil também parece se envolver em uma série de práticas desleais com re- lação a serviços de pagamento eletrônico, incluindo, entre outras, a vantagem de seus serviços de pagamento eletrônico de- senvolvidos pelo governo”, diz a únicamen- ção ao tema. Um dos motivos especulados para a medida é de que o Banco Central (BC) teria favorecido o Pix em detrimento do WhatsApp Pay em 2020. O aplicativo é da empresa Meta, do empresário Mark Zuc- kerberg, aliado de Trump. Em junho de 2020, oWhatsApp anun- ciou que o Brasil seria o primeiro país a receber uma funcionalidade nova no apli- cativo de mensagens: a possibilidade de enviar e receber dinheiro a partir de cartões cadastrados. Uma semana depois, o BC e o ConselhoAdministrativo de Defesa Eco- nômica (Cade) suspenderam a função. As justificativas eram de que seria ne- cessário avaliar riscos, garantir funciona- mento adequado do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) e existirem potenciais riscos para a concorrência. A economista Cristina Helena Mello, da Pontif ícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), entende que a medida tomada à época foi correta. “O WhatsApp criou uma forma de transferência de dinheiro de pessoas para pessoas, mas estava fazendo isso fora do sistema financeiro legal. Não estava fazendo com integração com o nosso sistema fi- nanceiro. Portanto, escapava da regulação do Banco Central, o que fere regras brasi- leiras de acompanhamento de transações monetárias”, diz a economista. OPix foi lançado oficialmente no Brasil no dia 16 de novembro de 2020, mas os estudos para a implementação do novo sistema de pagamento existiampelomenos desde maio de 2018. Naquele ano, o BC instituiu um grupo de trabalho chamado “GT - Pagamentos Instantâneos”. Em dezembro do mesmo ano, o BC divulgou umcomunicado comos requisitos fundamentais para o que chamou de “ecos- sistema de pagamentos instantâneos bra- sileiro”. Oobjetivo, segundo o texto oficial, era criar um sistema “de uma perspectiva neutra em relação a modelos de negócio ou participantes de mercado específico”, que fosse “eficiente, competitivo, seguro, inclusivo”. Alternativa ao dólar A economista da PUC-SP tambémen- tende que o Pix incomoda o governo nor- te-americano por ter se tornado uma al- ternativa ao dólar em algumas transações internacionais que envolvem brasileiros. “Alguns países aceitampagamentos de brasileiros comPix. Por exemplo, Paraguai e Panamá. Em alguns comércios, eles têm cartazes dizendo: ‘brasileiros, paguemcom Pix.’ Comerciantes abriramcontas aqui no Brasil, recebem o pagamento aqui. E isso, antigamente, passava pelo dólar. Isso é prejudicial ao interesse de controle norte- americano. Quantomenor a demanda por uma moeda, menos ela vale”, diz. ■ TRUMP CONTRA O PIX: ENTENDA O QUE PODE TER MOTIVADO CRÍTICAS DOS EUA V Foto/ Bruno Peres/Agência Brasil “DESLEAIS” ECONOMIA | ECONOMIA | DIÁRIO DO AMAPÁ 7 SEXTA-FEIRA | 18 DE JULHO DE 2025
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