Diário do Amapá - 23/07/2025

U m grupo de especialistas vai estu- dar a viabilidade de o Brasil de- senvolver seu próprio sistema de geolocalização por satélite, um empreen- dimento de altíssima complexidade e custo. Formado por representantes de ministérios, da Aeronáutica, de agências e institutos federais e da Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil, o grupo técnico deve diagnosticar as eventuais consequências do país depender de sis- temas de posicionamento, navegação e tempo controlados por outras nações. O grupo foi criado no início deste mês, por meio da Resolução nº 33, do Comitê de Desenvolvimento do Programa Espacial Brasileiro. Assinada peloministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, Marcos Antonio Amaro dos Santos, a resolução estabelece umprazo de 180 dias, contados a partir de 14 de julho, para que o grupo entregue ao ministro um relatório com suas conclusões e sugestões. “O grupo ainda está se organizando”, explicou nesta segunda-feira (21), em en- trevista à Agência Brasil, Rodrigo Leonardi, diretor de Gestão de Portfólio da Agência Espacial Brasileira (AEB), um dos 14 órgãos e entidades que vão compor o grupo, que poderá convidar representantes de outras instituições aptos a contribuir com os objetivos estratégicos do grupo. “Vamos procurar entender os gargalos, as dificuldades, os prós e contras de de- senvolvermos um sistema destes”, acres- centou Leonardi, destacando a importância dos atuais sistemas de navegação por sa- télite – dentre os quais, o mais conhecido é o estadunidense GPS (do inglês, Sistema de Posicionamento Global), operado pela Força Espacial dos Estados Unidos. “No Brasil, historicamente, prioriza- mos o debate acerca de outros aspectos espaciais, como a necessidade de termos satélites para monitoramento territorial. Agora, vamos discutir se queremos ou não ter nosso próprio sistema de navega- ção; o investimento necessário para fazê- lo e, se for o caso, a necessidade nacional de ter um sistema global ou um sistema regional, capaz de cobrir todo nosso ter- ritório. Qualquer que seja o caso, se o país concluir que deve fazer isso, o patamar de investimentos terá que ser muitas vezes maior que o atualmente investido no programa espacial brasileiro”, concluiu Leonardi, admitindo a complexidade da empreitada, que exige capacidade tecno- lógica para projetar, fabricar e lançar sa- télites capazes de transmitir, do espaço para a terra, sinais precisos. Ruído O grupo técnico foi criado uma se- mana antes do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar que, a partir de 1º de agosto, os produtos brasi- leiros pagarão uma tarifa de 50% para in- gressar em território estadunidense. E duas semanas antes de as redes sociais serem tomadas pelo debate sobre a pos- sibilidade de os Estados Unidos, em caso de uma guerra comercial, desligarem ou restringirem o sinal de seu sistema, o GPS (do inglês, Sistema de Posicionamento Global), para o Brasil. ■ GOVERNO AVALIA VIABILIDADE DE O BRASIL CRIAR SEU PRÓPRIO GPS V Foto/ Bruno Peres/Agência Brasil GEOLOCALIZAÇÃO ECONOMIA | ECONOMIA | DIÁRIO DO AMAPÁ 7 QUARTA-FEIRA | 23 DE JULHO DE 2025

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