Diário do Amapá - 27 e 28/07/2025

LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIODECOMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) - Fone: 96-3223-7690 www.diariodoamapa.com.br COMPROMISSOCOMANOTÍCIA |OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ DOMINGO E SEGUNDA-FEIRA | 27 E 28 DE JULHO DE 2025 2 E is uma história totalmente imaginária. Quando Jesus ressuscitado chegou ao céu, houve uma grande festa marcada por cantos e muita alegria. Finalmente, os anjos tiveram a oportunidade de falar com Jesus. Um deles observou: - Agora sim, o Reino de Deus foi implantado na terra! Para a surpresa de todos, Jesus respondeu: - O Reino apenas começou. Resta agora a tarefa de vivenciá-lo. O anjo quis sa- ber: - E quem irá cumpri-la? Jesus respondeu: - Deixei lá um punhado de homens e mulheres que levarão essa missão até o fim. - Mas, e se eles não assumirem a tarefa com seriedade? Perguntou o anjo preo- cupado. - Nesse caso, o Reino não acontecerá – disse Jesus. Mas, para espantar os temores, o Mestre completou com segurança: - Mas eles não falharão! Neste domingo, celebramos a solenidade da Ascensão do Senhor. Os evangelhos e, neste caso, também os Atos dos Apóstolos, não apresentam tanto raciocínios ou questões teológicas, usam a forma da narração para nos ajudar a entender e acreditar. Cabe a nós perceber a mensagem. Nós, cristãos, acreditamos que comamorte de Jesus na cruz encerrou o tempo da humanidade do Deus Filho que Deus Pai tinha enviado. Cumprida a sua missão, Jesus ressuscitado participa agora da glória do céu. Não será mais possível, portanto, encontrá-lo nesta nossa realidade material, passageira e mortal, como na- queles anos que passou neste mundo. Essa é a primeira consideração que devemos lembrar para entender o que o evangelho de Marcos (16,19) e os Atos dos Apóstolos (1,9) queremnos dizer comas palavras “Jesus foi levado ao céu, e sentou-se à direita de Deus”. Antes desse momento, seja no evangelho, seja nos Atos, Jesus envia os discípulos “pelo mundo inteiro” ou “até os confins da terra”. Isto é, ele quer que a obra por ele iniciada continue envolvendo, a partir de então, todos aqueles e aquelas que acreditaremnele e no valor da sua proposta. Os discípulos têm uma “boa notícia” que devem anunciar e testemunhar: a vitória do amor e da vida sobre o mal e a morte. A difusão e a construção do Reino de Deus, iniciado com a própria pessoa de Jesus, terá que passar pelo caminho da cruz para chegar à sua plena realização. Por isso, o evangelho de Marcos, deste domingo, fala de ameaças de “demônios”, serpentes e venenos mortais. Mas os demônios serão expulsos, os venenos não causarão mal, a saúde voltará com a imposiçãodasmãos e comnovas línguas serão alcançados novos povos. Será uma verdadeira e grande missão, ao longo dos tempos e no meio da humanidade, até a volta do Senhor (At 1,11), um término a nós desconhecido. O último versículo do evangelho de Marcos, lido neste domingo, conclui: “Os discípulos então saíram e pregaram por toda parte. O Senhor os ajudava e confirmava sua palavra por meio dos sinais que a acompanhavam” (Mc 16,20). A Ascensão é a festa da confiança do Senhor Jesus nos seus seguidores. Ele nos conhece muito bem. Sabe das nossas fraquezas, desânimos, altos e baixos. Contudo nos entregou a continuidade do Reino que é de Deus, sem dúvida alguma, mas também se torna “nosso”, porque somos chamados a colaborar na difusão e na construção dele. (cfr. Oração Eucarística V). Parece uma tarefa superior às nossas forças. No entanto, as parábolas do Reino que encontramos nos evangelhos nos falam de algo muitas vezes simples ou escondido que cresce e é descoberto no seu grande e misterioso valor. Deus fez o mesmo com a criação; a entregou em nossas mãos para que cuidássemos dela e pudesse ser um jardim de paz e fraternidade. Estamos muito longe de realizar isso, mas cada dia somos obrigados a reconhecer que o único caminho para a sobrevivência da vida neste planeta exige esforço, boa vontade, união de todos. Digamos que Deus fez o necessário, criou até os jardineiros inteligentes para que se envolvessem na bondade e na beleza da obra. Igualmente para o Reino de Deus. Jesus começou, mas não pode impor a nossa colaboração, porque respeita a nossa liberdade. Somos ainda só um “punhado” de homens e mu- lheres? Vamos falhar? Não. Ainda temos muitos sinais da sua presença. ■ DOMPEDROCONTI E-mail: oscarfilho.ap@bol.com.br Bispo de Macapá A Ascensão é a festa da confiança do Senhor Jesus nos seus seguidores. Ele nos conhece muito bem. Sabe das nossas fraquezas, desânimos, altos e baixos. Contudo nos entregou a continuidade do Reino que é de Deus, sem dúvida alguma, mas também se torna “nosso”, porque somos chamados a colaborar na difusão e na construção dele. Mas eles não falharão O mal que hoje nos domina se chama ignorância. É uma ignorância ge- neralizada na humanidade. Assim sendo, é muito dif ícil se defender do mal e, ao mesmo tempo, fazer uma verdadeira experiência de Deus vivo entre nós. Vejo na nossa Igreja o quanto é dif ícil fazer uma profunda ex- periência de comunicação. Dá a impressão de que as instituições que fizeram a opção dos meios de comunicação social e se esqueceram de que comunicação é muito mais que isso. A comunicação não pode se reduzir aos meios porque ela é um processo bem amplo, que envolve relação e respeito ao outro. Por causa dessa ignorância, não sabemos viver a verdadeira comunicação, que é vida. Uma verdadeira comunicação que liberta o ser humano e lhe permite adquirir uma melhor e objetiva contemplação da vida na perspectiva de Deus. Vivendo sem comunicação, imergimos no mal e vivemos a mentira, assim, nos afastamos de Deus. O salmo 89 das Sagradas Escrituras nos ajuda a resgatar a verdadeira comunicação entre as pessoas e Deus. “Senhor, fostes nosso refúgio de geração em geração.Antes que se formassem as montanhas, a terra e o universo, desde toda a eternidade vós sois Deus.Reduzis o homem à poeira, e dizeis: Filhos dos homens, re- tornai ao pó,porque mil anos, diante de vós, são como o dia de ontem que já passou, como uma só vigília da noite.Vós os arrebatais: eles são como um sonho da manhã, como a erva virente,que viceja e floresce de manhã, mas que à tarde é cortada e seca.Sim, somos consumidos pela vossa severidade, e acabrunhados pela vossa cólera.Colocastes diante de vós as nossas culpas, e nossos pecados ocultos à vista de vossos olhos.Ante a vossa ira, passaram todos os nossos dias. Nossos anos se dissiparam como um sopro.Setenta anos é o total de nossa vida, os mais fortes chegam aos oitenta. A maior parte deles, sofrimento e vaidade, porque o tempo passa depressa e desaparecemos. Quem avalia a força de vossa cólera, e mede a vossa ira com o temor que vos é devido?Ensinai-nos a bem contar os nossos dias, para alcançarmos o saber do coração.Voltai-vos, Senhor - quanto tempo tardareis? E sede propício a vossos servos.Cumulai-vos desde a manhã com as vossas misericórdias, para exultarmos alegres em toda a nossa vida.Consolai-nos tantos dias quantos nos afligistes, tantos anos quantos nós sofremos.Manifestai vossa obra aos vossos servidores, e a vossa glória aos seus filhos.Que o beneplácito do Senhor, nosso Deus, repouse sobre nós. Favorecei as obras de nossas mãos. Sim, fazei prosperar o tra- balho de nossas mãos.” Esse salmo demonstra que o mal há como grande referência o tempo, a história da humanidade. É nessa história humana que o mal vai dominando. Para compreender isso, tem que entrar na eternidade de Deus: “Mil anos, diante de vós, são como o dia de ontem que já passou”. O salmista diz que o ser humano é tão dependente de Deus que sua ordem o torna pó. Revelando, assim, a transitoriedade humana. A vida das pessoas é como se fosse um sonho que é interrompido pela morte. Assim sendo, a existência muito frágil e pobre, o autor a compara como a erva que de manhã floresce e a tarde é cortada e seca. Isto mostra como a morte se impõe na nossa vida. Perante tudo isso se levanta um canto fúnebre de todas as pessoas: o que vale a vida, a existência com todas as suas preocupações se o nosso tempo passa depressa e desaparecemos? O autor do salmo insiste que precisamos confiar em Deus porque somente Ele nos pode dar alegria nesses poucos anos de vida que temos a disposição. Anos relativos, onde tudo passa e o tempo marca de maneira implacável a sua corrida. Nós totalmente imergidos nesse tempo, que não faz descontos para ninguém, nos deixamos iludir pela eternidade terrena. Portanto, somos convidados a confiar plenamente emDeus para nos dar sentido a esta existência tão frágil e fugaz. ■ CLAUDIOPIGHIN E-mail: clpighin@claudio-pighin.net Sacerdote e doutor em teologia. Esse salmo demonstra que o mal há como grande referência o tempo, a história da humanidade. É nessa história humana que o mal vai dominando. Para compreender isso, tem que entrar na eternidade de Deus: “Mil anos, diante de vós, são como o dia de ontem que já passou”. Senhor, refúgio de geração em geração

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