Diário do Amapá - 08 e 09/06/2025

LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIODECOMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) - Fone: 96-3223-7690 www.diariodoamapa.com.br COMPROMISSOCOMANOTÍCIA |OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ DOMINGO E SEGUNDA-FEIRA | 08 E 09 DE JUNHO DE 2025 2 C erta vez, um pai passeava pelas ruas da cidade com os seus dois Hlhos. Eles estavam chorando e de cara fechada. Um conhecido, ao encontrá-los, perguntou: – Qual é o problema com os dois meninos? – É o mesmo problema do resto do mundo, respondeu o pai. Tenho três nozes e ambos querem duas. No evangelho de Lucas, deste Sétimo Domingo do Tempo Comum, en- contramos diversos ensinamentos de Jesus. Ele nos chama a uma verdadeira revolução em nossos relacionamentos humanos e… econômicos. Nos pede para amar os inimigos, fazer o bem àqueles que nos odeiam e falam mal de nós, de não pedir de volta o que nos foi tirado. Devemos abençoar aqueles que nos amaldiçoam e oferecer a outra face a quem já nos esbofeteou de um lado. Jesus nos diz que amar somente aqueles que nos amam, fazer o bem a quem o faz para nós, emprestar dinheiro a quem temos certeza pagará a dívida, não tem nada de novo. Qualquer pessoa pode agir assim. Até os pecadores fazem negócios desse jeito. AHnal, é uma questão de troca de favores e prestações. Ninguém quer perder nada e, assim, vivemos na defensiva, sempre atentos para não sermos enganados. Jesus nos pede para agirmos de uma maneira diferente, mais corajosa, inesperada, capaz de surpreender. Isso porque a referência dos “Hlhos do Altíssimo” não pode mais ser a esperteza do mundo, mas deve ser, nada menos, que a misericórdia de Deus. Ele é um Pai “bondoso também para com os ingratos e os maus” (Lc 6,35). Na manifestação das nossas opiniões a respeito dos outros não de- vemos julgar e nem condenar. Devemos usar de uma medida larga, abundante de compreensão e perdão, porque com a mesma medida serão também avaliadas as nossas ações. Após ter escutado essas palavras de Jesus, somos tentados a pensar que ele foi um profeta visionário, que tinha muita imaginação e vivia fora da realidade. No entanto ele nos deu o exemplo quando perdoava os pecadores e, sobretudo, quando invocou a mi- sericórdia do Pai para aqueles que o cruciHcavam. Talvez sejamos nós a não saber mais acreditar que algo diferente possa acontecer nesta sociedade, onde sobram disputas, vio- lências e injustiças e faltam demais fraternidade, solidariedade e paz. Continuamos a querer possuir mais, na ilusão de sermos mais felizes pelo poder ou os bens materiais que acumulamos. O chamado “bolo” das riquezas talvez continue crescendo, até quando o planeta Terra aguentar. Mas quando será partilhado de forma justa e respeitosa da dignidade de toda pessoa humana? Ainda no evangelho deste domingo, Jesus nos mostra o caminho. É a bem conhecida “regra de ouro”: “O que vós desejais que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles” (Lc 6,31). Se queremos amor sincero, devemos também oferecer amor sem outra Hnalidade que o bem de quem dizemos amar. Se tratamos mal o nosso próximo ou o excluímos com a nossa insensi- bilidade e indiferença, não podemos pretender atenção e ajuda quando precisarmos. Podemos esperar carinho se semeamos afeto e ternura. Quem não sabe renunciar nem a uma noz para alegrar o irmão e semear união, di- Hcilmente encontrará um ombro para se apoiar na hora da privação. ■ DOMPEDROCONTI E-mail: oscarfilho.ap@bol.com.br Administrador Apostólico da Diocese de Macapá Continuamos a querer possuir mais, na ilusão de sermos mais felizes pelo poder ou os bens materiais que acumulamos. O chamado “bolo” das riquezas talvez continue crescendo, até quando o planeta Terra aguentar. Mas quando será partilhado de forma justa e respeitosa da dignidade de toda pessoa humana? Ainda no evangelho deste domingo, Jesus nos mostra o caminho. O problema O grande dilema dos povos e das pessoas é perseguir a paz. Viver na paz. Quanto é dif ícil! Mas, quem poderia nos garantir esse grande desejo do ser humano? Parece que as estratégias humanas, por quanto sábias possam ser, não garantem esse anseio. Então, o Salmo 2 da Sagrada Escritura nos vem ao encontro, dizendo que Deus é a garantia disso. Vamos ler o salmo e depois ter uma com- preensão dele e, assim, tomarmos consciência do caminho a perseguir. “Por que tumultuam as nações? Por que tramam os povos vãs cons- pirações? Erguem-se, juntos, os reis da terra, e os príncipes se unem para conspirar contra o Senhor e contra seu Cristo. Quebremos seu jugo, disseram eles, e sacudamos para longe de nós as suas cadeias! Aquele, porém, que mora nos céus, se ri, o Senhor os reduz ao ridículo. Dirigindo-se a eles em cólera, ele os aterra com o seu furor: Sou eu, diz, quem me sagrei um rei em Sião, minha montanha santa. Vou publicar o decreto do Senhor. Disse-me o Senhor: Tu és meu filho, eu hoje te gerei. Pede-me; dar-te-ei por herança todas as nações; tu possuirás os confins do mundo. Tu as governarás com cetro de ferro, tu as pulverizarás como um vaso de argila. Agora, ó reis, compreendei isto; instruí-vos, ó juízes da terra. Servi ao Senhor com respeito e exultai em sua presença; prestai-lhe home- nagem com tremor, para que não se irrite e não pereçais quando, em breve, se acender sua cólera. Felizes, entretanto, todos os que nele confiam.” Este salmo é muito usado como oração cristã para invocar o Messias. Para compreensão do texto, precisamos contextualizá-lo: esse hino supõe a coroação de um rei de Israel, do povo escolhido. Nos primeiros versículos, o autor desse salmo, evidencia os conflitos, sin- tomas de guerra, conspirações, atentados. Isto mostra como os tempos antes da coroação do novo rei, em que alguns se aproveitavam para poder se libertar do peso excessivo do poder central do reino, eram muito movimentados e alterados. Portanto, a alegria e as festas que faziam parte dessa entronização eram marcadas tam- bém pelos movimentos de guerrilha e insu- bordinação de uns. Por isso, celebrando essa entronização, era auspicada a vitória e a paz. Mas o seu escolhido é protegido por Deus do assalto dos reis da terra. Tanto é verdade, diz o salmista, que é questão de tempo que esses reis terrenos servirão a Deus e ao seu Messias, o escolhido-consagrado. De fato, na língua hebraica, ‘Messias’ quer dizer ‘consagrado’. Perante as grandes estratégias dos poderosos desse mundo se opõe uma grande cena celestial, em que Deus está sentado no seu trono, dominando tudo. Ele quebra o silêncio com um “sorriso irônico, e os reduz ao ridículo”, demonstrando e impondo toda a sua superioridade perante os poderosos deste mundo. Continua o salmista, revelando que Deus é o grande aliado do rei, seu escolhido: “Sou eu, diz, quem me sagrei um rei em Sião...”, confirmando assim o poder de Davi e a sua descendência. Com isso, eu creio, que o poder não é do rei, mas de Deus. Sendo assim, o rei não pode achar que ele é o dono, porque o verdadeiro dono é o Senhor e, portanto, o seu papel é de servir. Isto vale também para os nossos tempos, onde tiver poder não pode nunca agir como mandão, mas como servidor. É essa a experiência de Deus que leva a consagrar o serviço aos irmãos, verdadeiro poder, e não o autoritarismo do ser humano. O perigo de fazer uma vida sem o verdadeiro Deus, leva à escravidão e à opressão das pessoas. ■ CLAUDIOPIGHIN E-mail: clpighin@claudio-pighin.net Sacerdote e doutor em teologia. Perante as grandes estratégias dos poderosos desse mundo se opõe uma grande cena celestial, em que Deus está sentado no seu trono, dominando tudo. Ele quebra o silêncio com um “sorriso irônico, e os reduz ao ridículo”, demonstrando e impondo toda a sua superioridade perante os poderosos deste mundo. Sem Deus, a história sem liberdade

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