Diário do Amapá - 18/06/2025

| OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ QUARTA-FEIRA | 18 DE JUNHO DE 2025 2 LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIODECOMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) - Fone: 96-3223-7690 www.diariodoamapa.com.br COMPROMISSOCOMANOTÍCIA É impressionante como o governo Lula parece não aprender com os próprios tropeços. Aliás, tropeços é até um termo gentil. O que temos visto é um desfile de incompetência política misturada com arrogância e, pior, uma completa miopia institucional. A Câmara dos Deputados aprovou a toque de caixa – por esmagadores 346 votos contra 97 – a urgência para votar um projeto que suspende o aumento do IOF, aquele imposto que afeta diretamente as operações financeiras e, por tabela, o bolso de milhões de brasileiros. Uma derrota acachapante, com direito a apoio de partidos que estão com um pé no governo e outro, agora nitidamente, na oposição. Sabe aquele aliado que te abraça e enfia a faca nas costas? Pois é. Se estivéssemos em um regime parlamentarista, como em muitas democracias maduras, o primeiro-ministro – ou seja, o líder político responsável pela articulação, execução e sobre- vivência do governo – já teria pedido as contas ou sido derrubado por uma moção de descon- fiança. Simples assim. Porque não dá pra governar com 346 deputados dizendo "não" de forma tão sonora e unificada. Mas estamos no presidencialismo tupiniquim, onde o presidente acha que governar é mandar recado via ministro, fazer reunião de última hora e distribuir promessas de emenda como se fossem balas de aniversário. Só que a festa acabou. Os deputados, aqueles mesmos que o governo tentou enganar com o jogo das emendas, resolveram dar o troco. E de forma pública, hu- milhante, com direito a transmissão ao vivo. É importante entender o tamanho do recado. Isso não é só sobre o IOF. Isso é sobre a paralisia política que se instalou no Planalto. O Congresso, ressentido com o ritmo de liberação das emendas parlamentares – o famoso toma-lá-dá-cá – re- solveu empurrar o governo pro canto do ringue. E o gancho que veio do STF, na figura do ministro Flávio Dino, cobrando explicações sobre o or- çamento paralelo de R$ 8,5 bilhões, serviu de estopim para uma reação que já vinha fermen- tando há meses. O mais irônico? O governo parece surpreso. Como se a velha política fosse novidade. Como se o preço da governabilidade não fosse cobrado em praça pública, com juros e correção monetária. O Brasil hoje vive um presidencialismo de chantagem, onde o Executivo é refém de um Congresso que não confia mais no governo. O resultado é um país paralisado, com reformas emperradas, medidas provisórias naufragando, e agora, com a possibilidade concreta de o próprio orçamento ser um campo de batalha entre os poderes. E Lula? Lula parece assistir de camarote, confiando que mais uma rodada de negociações de bastidor vai salvar o dia. Spoiler: não vai. O clima político mudou. O capital político do governo está derretendo mais rápido que gelo em asfalto. Se o Brasil fosse um país parlamentarista, o primeiro-ministro teria caído ontem. Mas como não é, o que caiu – de vez – foi a ilusão de que este governo ainda tem algum controle sobre sua própria base. O povo, como sempre, paga a conta. ■ Se fosse parlamentarismo, o primeiro-ministro já teria caído O Brasil hoje vive um presidencialismo de chantagem, onde o Executivo é refém de um Congresso que não confia mais no governo. O resultado é um país paralisado, com reformas emperradas, medidas provisórias naufragando, e agora, com a possibilidade concreta de o próprio orçamento ser um campo de batalha entre os poderes. E-mail: gregogiojsimao@yahoo.com.br Radialista e estudante de Filosofia GREGÓRIOJ.L. SIMÃO E m 17 de abril de 2023, após analisar e escrever sobre o recém lançado ChatGPT, eu alertava os senadores e os deputados que as inteligências artificiais (IA) começavam a impor um novo paradigma para nossa sociedade e era preciso entender o que estava acontecendo e prever as revoluções em curso, sugeri que se criassem grupos de estudos para avaliar e preparar para esse futuro incerto, especialmente para o povo trabalhador. Não sei que iniciativas tiveram. Em 22 de julho daquele ano, sugeri ao presidente Lula: Depois da polêmica dos cientistas sobre as IA, eu mesmo fiz algumas sugestões ao Congresso e ao próprio INPE sobre o assunto. Mais amadurecido, penso que seja matéria para o governo agir enquanto haja tempo para isso tanto no entendimento quanto no uso adequado. Sugestões: 1) creio que o país tem que ter uma ação governamental utilizando seus cientistas e tecnologistas para identificar modos de se utilizar as IA disponíveis. 2) E também para desenvolver In- teligências Artificiais próprias, confiáveis e adap- tadas à realidade brasileira e que falem o Portu- guês como língua nativa. Certamente, eu não fui o único a acionar po- líticos nessa importante demanda. E as ações co- meçaram agora. O governo federal criou o Grupo de Trabalho (GT) gestor do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA). O grupo terá duração de quatro anos e será composto por representantes de 15 órgãos e entidades, coordenado pelo Mi- nistério da Ciência e Tecnologia. O PBIA foi lançado em julho do ano passado, tem investimento previsto de R$ 23 bilhões em quatro anos, sendo que R$ 13,79 bilhões serão destinados para Inovação Empresarial, o desen- volvimento de soluções de IA para desafios da indústria brasileira, incluindo comércio e serviços, e para aumento da produtividade, fomento e ace- leração de startups especializadas em IA, incor- poração e retenção de talentos de IA nas empresas brasileiras. E ainda para estabelecer datacenters “verdes” de alta capacidade, alimentados por energias renováveis e otimizados para uso sus- tentável de recursos hídricos. Outros R$ 5,79 bilhões serão para aquisição de um supercomputador "top 5" para impulsionar a pesquisa de ponta, desenvolvimento de processadores de IA de alto desempenho, modelos de linguagem em português, entre outros. Para a melhoria dos Serviços Públicos, incluindo simplificar e automatizar os processos de gestão e prestação de contas, Gestão de Pessoas no serviço público e patrimônio da União, será destinado R$ 1,76 bilhão. E, ainda, para capacitação em IA, para atender a demanda por profissionais qualificados, R$ 1,15 bilhão. Prevê-se ainda o desenvolvimento de um sistema baseado em inteligência artificial para previsão de eventos climáticos extremos com alto grau de confiabilidade e específico para as características brasileiras, aprimorando o modelo acoplado oceano-atmosfera BESM-INPE. Ao que me parece, o governo encaminhou bem o setor produtivo e governamental, mas faltou algo extremamente importante: o setor militar! Os parlamentares e o governo precisam se organizar urgentemente para isso. ■ IA para o bem do Brasil Para a melhoria dos Serviços Públicos, incluindo simplificar e automatizar os processos de gestão e prestação de contas, Gestão de Pessoas no serviço público e patrimônio da União, será destinado R$ 1,76 bilhão. MARIO EUGENIO E-mail: mariosaturno@uol.com.br Tecnologista Sênior

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