Diário do Amapá - 26/06/2025
| OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ QUINTA-FEIRA | 26 DE JUNHO DE 2025 2 LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIODECOMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) - Fone: 96-3223-7690 www.diariodoamapa.com.br COMPROMISSOCOMANOTÍCIA S e tem uma coisa que o brasileiro aprendeu com a vida — e não foi na escola, porque lá só tinha giz e falta de giz — é que tudo que vai pro bolso do povo vai devagar. Mas o que vai embora do bolso do povo... vai de jatinho. Agora me aparece o governo dizendo que vai devolver o di- nheiro roubado de aposentados e pensionistas. Ah, que beleza! Palmas! Toca a música da vitória, mas bem baixinho, pra não acordar a realidade. Estão prometendo devolver o que foi tirado — sorrateiramente, na surdina, no cantinho do contracheque — por entidades de nomes mais suspeitos que agiota de terno branco. Cobranças que ninguém pediu, ninguém autorizou, mas que todo mês es- tavam lá. Uma taxa aqui, uma contribuição ali, uma “mensalidade associativa obrigatória opcional compulsória”. Tudo feito com o carimbo da legalidade. Claro! Aqui no Brasil, a lei é como carteira de estudante em balada: serve pra quase tudo e quase sempre é falsificada. Por anos, entidades “representativas”, sindicatos de fachada e associações de nomes desconhecidos apareciam no con- tracheque do INSS com siglas obscuras, cobrando mensalidades que os beneficiários muitas vezes nunca autorizaram conscien- temente. E o mais grave: tudo isso acontecia com anuência, ou pelo menos negligência, do próprio sistema público que deveria proteger o segurado. Agora, o governo anuncia que irá devolver esses valores. É um gesto correto, sim, mas não é favor — é reparação mínima diante do estrago moral e financeiro. Por trás de cada centavo roubado havia um remédio que deixou de ser comprado, uma conta que virou dívida, uma comida que não che- gou à mesa. E os culpados? Ah, os culpados! Onde estão? Presos? Investi- gados? Que nada. Estão por aí, provavelmente dando consultoria sobre como descontar dinheiro sem encostar em ninguém. Se fosse o contrário... se o aposentado devesse dois centavos pro INSS, já estava com o CPF cancelado, o nome no Serasa e a alma penhorada. Então me diga, caro leitor: pra que serve o Estado, se nem pra proteger quem já pagou a vida inteira ele serve? O aposentado brasileiro é tipo aquele cliente que já pagou o almoço, mas continua esperando a comida. Devolver parte do que foi tirado é o mínimo. Mas o Brasil precisa de um sistema em que roubar o aposentado não seja tão fácil, tão comum e tão impune. Enquanto isso, a população assiste. Torcendo para que o respeito ao idoso no Brasil não seja só discurso de campanha — mas prática permanente de Estado. ■ Ovunerável sistema do INSS Agora, o governo anuncia que irá devolver esses valores. É um gesto correto, sim, mas não é favor — é reparação mínima diante do estrago moral e financeiro. Por trás de cada centavo roubado havia um remédio que deixou de ser comprado, uma conta que virou dívida, uma comida que não chegou à mesa. E-mail: gregogiojsimao@yahoo.com.br Radialista e estudante de Filosofia GREGÓRIOJ.L. SIMÃO O ano de 2020 trouxe inúmeros prejuízos financeiros para grande parte da população e, em2021, a crise sanitária continuou também refletindo prejuízos no bolso dos brasileiros. De acordo com o Serasa, hoje no Brasil, são mais de 62 milhões de inadimplentes, sendo que metade desses estão com a renda inteira comprometida, e esse "superendividamento" acaba fazendo com que as pessoas fiquem com o "nome sujo". Em paralelo, a pesquisa Pnad Contínua, do IBGE, divulgada em abril revelou outro cenário alarmante, mostrando que 14,4 milhões de brasileiros estão desempregados. Ou seja, o cenário econômico e a realidade financeira complicada provou que cuidar das finanças pessoais é essencial para contornar situações imprevisíveis em relação ao dinheiro. No Brasil, conversar sobre dinheiro e ensinar educação financeira para as crianças não é algo comum. O que acontece é que os adultos têmque aprender na prática e, na maioria das vezes, da pior forma possível. Essa escassez de en- sinamentos sobre educação financeira ainda é muito presente e somado a isso está o baixo salário que grande parte da população brasileira recebe. Em comparação com outros países mais desenvolvidos essa diferença salarial é enorme. Se todos os brasileiros que perderam o emprego ou que tiverama redução da renda durante a pandemia tivessemuma reserva de emergência, provavelmente, o número de pessoas passando fome não seria tão grande quanto o que estamos enfrentando. Porém essa realidade ainda é muito distante da maioria da população. Quando falamos de comportamentos e decisões financeiras, estamos ao mesmo tempo falando de ações baseadas não só na parte racional, mas também no emocional de cada um. E todas essas questões que os brasileiros enfrentam levam o nosso incons- ciente a acreditar em crenças limitantes. Como por exemplo, de que nunca será possível ter sua casa própria ou quitar as dívidas, e emcasosmais extremos, até a ideia de que o dinheiro não nos traz felicidade. Esses pensamentos, na grande maioria das vezes, geram aversão a querer saber mais sobre dinheiro e sobre como lidar da melhor maneira com as finanças pessoais. Nós já sabemos que mesmo após a contenção da doença que enfrentamos nesta pandemia, ainda vão restar muitas sequelas financeiras e a recuperação da economia no Brasil pode ser muito lenta. Para reverter essa situação, enxergo que a melhor solução atualmente para os brasileiros é investir em educação financeira de base, para ser ensinada ainda na infância. Vimos alguns avanços em relação a esse tema quando o estudo passou a integrar o currículo escolar como matéria transversal, porém a realidade da educação financeira estar nas casas da população ainda é muito distante. Principalmente neste momento onde grande parte das crianças não estão tendo acesso às aulas, nem emmodelo presencial, nem à distância. Para quem não sabe por onde começar, mas tem interesse por mudar essa realidade e se empoderar sobre suas finanças, aconselho buscar por canais e influenciadores que ensinam gratuitamente sobre o tema. Existem milhares pessoas com esses perfis na internet e até alguns que trabalham conteúdos es- pecíficos para nichos, como os voltados para a população de baixa renda, para mulheres, para quem já conseguiu certa estabilidade e quer começar a investir. Eu acredito que ensinar sobre educação financeira seja um dever também do Estado e podemos comparar com outros países que aplicam essa disciplina o resultado em como as pessoas lidam melhor com as finanças. Porém, enquanto essa realidade é distante, podemos fazer a nossa parte. ■ Educação financeira se prova essencial para superar sequelas econômicas da crise Nós já sabemos que mesmo após a contenção da doença que enfrentamos nesta pandemia, ainda vão restar muitas sequelas financeiras e a recuperação da economia no Brasil pode ser muito lenta. E-mail: gabriela.cardoso@falacriativa.com.br Educadora Financeira da Mobills LARISSA BRIOSO
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