Diário do Amapá - 28/06/2025

| OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ SÁBADO | 28 DE JUNHO DE 2025 2 LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIODECOMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) - Fone: 96-3223-7690 www.diariodoamapa.com.br COMPROMISSOCOMANOTÍCIA O voo da existência muitas vezes assemelha-se ao percurso de um avião no céu vasto da vida. É curioso notar que, de maneira se- melhante, só nos tornamos o centro das atenções quando en- frentamos quedas abruptas. O paradoxo da notoriedade humana reve- la-se quando refletimos sobre a tendência de nossa sociedade em celebrar as falhas, enquanto os triunfos diários passam despercebidos, submersos na monotonia do cotidiano. Assim como um avião voa majestosamente nos céus, enfrentando correntes de ar e desafiando a gravidade, nós também realizamos uma jornada singular. Contudo, ao contrário da aeronave, somos notados principalmente nos momentos de adversidade, quando nossas asas parecem falhar e descemos em uma espiral de incertezas. É nesses mo- mentos que as luzes dos holofotes se acendem, e os gritos ruidosos e sorrisos dos adversários res- soam em um coro de felicidade por nossa derro- cada e, por vezes, julgamento. A ironia reside na ausência de celebração pelos inúmeros momentos em que nos erguemos, desafiando as tempestades internas e superando as turbulências do dia a dia. São esses momentos, muitas vezes discretos e despercebidos, que ver- dadeiramente revelam nossa resiliência e deter- minação. Enquanto voamos nas alturas da rotina, desviando de nuvens escuras e encontrando co- ragem para seguir adiante, raramente somos aplaudidos ou reconhecidos. A sociedade, qual observadora distante, parece estar mais interessada nas histórias de queda, nos capítulos dramáticos de nossa narrativa pes- soal. É como se as asas que nos sustentam nas alturas não despertassem a mesma atenção que a visão de um avião caindo dos céus. Talvez isso revele uma peculiaridade na natureza humana, uma predisposição para se envolver mais pro- fundamente com a fragilidade do que com a for- taleza. Cabe a cada um de nós, como pilotos de nossas próprias vidas, encontrar significado nos altos e baixos deste paradoxo chamado viver. Devemos aprender a apreciar não apenas as aterrissagens forçadas, mas também as decolagens suaves e os voos constantes. Na simplicidade do cotidiano, na monotonia aparente, reside a verdadeira essência de nossa jornada. Afinal, a grandiosidade não está apenas nas quedas espetaculares, mas na persistência silenciosa de elevar-se repetidamente, voando para além das expectativas e desafiando a narrativa convencional da notícia que se espera. Só não podemos deixar de ter em mente que nossos voos serão nossos, apenas entre nós e nossa vida. Não importa se transportamos alguém junto. Se nossa carga é leve ou pesada. Estamos em céu de bri- gadeiro ou de tempestades de ventos e raios voando conosco mesmo. A rota e o destino somos nós que fazemos. A forma como alcançamos o céu ou aterrissamos também é delimitada por nós. ■ A sociedade, qual observadora distante, parece estar mais interessada nas histórias de queda, nos capítulos dramáticos de nossa narrativa pessoal. É como se as asas que nos sustentam nas alturas não despertassem a mesma atenção que a visão de um avião caindo dos céus. Entre quedas e decolagens: a jornada silenciosa entre altos e baixos GREGÓRIOJ.L. SIMÃO E-mail: gregogiojsimao@yahoo.com.br Radialista e estudante de Filosofia A Assembleia de Deus completou nesse último dia 27 de junho, 108 anos de história no Estado do Amapá. Essa que hoje é a maior denominação evangélica do Brasil e do Amapá, alcançando índices significativos entre os segmentos religiosos que mais cresceram nessas últimas três décadas. Nessa quadra de celebração, os poderes estatais, entidades, autoridades civis e militares e entes da esfera política, manifestaram ações de reconhecimento de sua história centenária, declarando sua importância para o desenvolvimento espiritual e social dos cidadãos amapaenses. No entanto, essa história não foi escrita inicialmente, em um ambiente de sossego e tranquilidade, mas, emumcenário de rejeição, opressão emuita perse- guição. OBrasil que até o ano de 1890 era regido por uma constituição que tinha em sua essência jurídica, um estado religioso, que determinava o catolicismo como religião oficial dos brasileiros. E ainda, que em1891 tenha sido promulgada a primeira constituição que consolidava o Estado Laico, os protestantes evangélicos da Assembleia de Deus, tinham seus direitos cerceados sofrendo as mais diversas perseguições religiosas. Em 1911 a Assembleia de Deus já havia sido fundada em Belém, pelos Mis- sionários Daniel Berg e Gunnar Vingren. Desde sua origem essa denominação possuía uma vocação evangelística e missionária, o que fez com que ela rapidamente se espalhasse pelo Brasil. Depois de se converter ao evangelho em1913, Clímaco Bueno Aza, tornou-se um colportor, uma pessoa que vende ou distribui mercadorias de porta em porta. No caso dele, evangelizava as comunidades e distribuía Bíblias. Foi assimque ele chegou emMacapá em1916, que na época se resumia auma vila comquasemil habitantes, dispostos no entorno da Fortaleza de São José. Sua viagem durou cerca de trinta dias, enfrentando os de- safios de navegar os rios caudalosos da bacia amazônica, emumbarco a vela. Quando chegou naquela pequena vila, foi surpreendido por uma comitiva liderada pelo Padre Júlio Maria Lombard, que não estava ali para lhe dar boas-vindas, mas, para ordenar a sua prisão. Clímaco ficou preso na fortaleza de São José, teve suas Bíblias apreendidas e queimadas publicamente. Cerca de um ano depois, a Igreja Mãe enviou para oAmapá o evangelistaManoel José deMatos Caravella, que se instalou em Macapá e no dia 27 de junho de 1917 realizou o primeiro culto, fundando assim, a As- sembleia de Deus no Amapá. O Natal daquele mesmo ano, ficou marcado por um acontecimento. Era uma terça feira, depois de al- cançar a primeira família, o evangelista recém-chegado, marcou o primeiro batismo nas águas, as margens do Rio Amazonas. Na ocasião, convidou o empresário judeu, Leão Zagury para prestigiar aquele ato de iniciação religiosa. Quando a irmã, Raimunda Paula de Araújo, desceu as águas batismais, ela foi batizada com o Espírito Santo, e começou a falar em outras línguas, evidência que manifestava uma das principais doutrinas pentecostais. O extraordinário se deu, quando o convidado que como dito era judeu, e, portanto, falava hebraico, começou a dizer: “Glória ao Deus de Israel, pois, ouço essa mulher falar em minha língua materna”. Nesses 108 anos, muitos semeadores passaram por nossas terras, desde os missionários enviados pela IgrejaMãe emBelém, até os primeiros pastores fixos, como: Flávio Monteiro; João Alves; Deocleciano Cabralzinho de Assis; Vicente Rêgo Barros; Ananias Gomes da Silva; Otoniel Alves de Alencar e OtonMiranda de Alencar. Esses nomes reúnem mais de 100 anos de história, construíram um legado com lágrimas e sofrimento. Esses dois últimos a quem faço especial referência, fizeramdessa Igreja uma gigante da Fé, tornando-a grande e respeitada por todos. Hoje, a Assembleia de Deus é liderada pelo Pastor Iaci Pelaes dos Reis, um homem ousado, que em pouco tempo, conseguiu concretizar um antigo sonho do povo assembleiano, a inauguração da sua Catedral, o que ocorreu no primeiro ano do seu pastoreio em 2023. A certeza que temos em nossa geração é que pre- cisamos continuar semeando, ainda que em lágrimas, para que as futuras gerações tenham o que colher, e o façam com alegria. ■ Depois de uma intervenção da Assembleia de Deus em Belém, o missionário recém- chegado foi libertado, contudo, sob ameaça de que sua volta, incorreria em penalidade maior. Assim, Clímaco retornou para sua casa, porém, não desistiu de sua Missão, tornando-se o fundador das Assembleias de Deus do Maranhão e Minas Gerais, além de evangelizar muitos vilarejos e cidades. Colhendo o fruto das lágrimas E-mail: drrodrigolimajunior@gmail.com . Teólogo, pedagogo e advogado RODRIGO LIMA JUNIOR

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