Diário do Amapá - 08/05/2025

| OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ QUINTA-FEIRA | 08 DE MAIO DE 2025 2 LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIODECOMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) - Fone: 96-3223-7690 www.diariodoamapa.com.br COMPROMISSOCOMANOTÍCIA E m 13 de março de 2013, a fumaça branca erigiu da Capela Sistina um novo Papa, que se denominou Francisco, em honra daquele que clamava: irmão Sol, irmã Lua, e fazia sua família o que hoje chamamos de ecologia (do grego oikos, casa). O carmerlengo anunciou: Habemus Papam! E apresentou-se aquele que fora buscado no fim do mundo. E a imprensa começou sua tarefa. Como eu trabalhei na INVAP, em Bariloche, em 2009 e 2010, fiz o que costumava fazer nas noites, comecei a assistir ao Canal C5N da Ar- gentina à espera de entrevistas dos amigos e parentes. No dia seguinte, entrevistaram sua irmã divorciada e perguntaram qual foi a reação dele ao saber que se separaria: Não falou nada, foi ajudar-me na mudança! Esse foi o carisma (em gre go, χάρισμα) que se me mostrou, o primeiro da lista de Paulo (Rm 12,6), a profecia, e que pude acompanhar por estes doze anos de evolução, da revolução que acontece na Igreja desde o Concílio Vaticano II, mas que eu acredito que começou com a Rerum Novarum de Leão XIII, em 1891, (ou talvez com a Qui Pluribus de Pio IX, em 1846). Um Papa preocupado com o meio ambiente, com a posição das mulheres, com o preconceito aos homossexuais. Defensor da vida, condenou a pena de morte, incluindo isso no Catecismo. Não demorou muito para que os adeptos e mercenários dos combustíveis fósseis o elegessem como alvo a destruir com mentiras: comunista! Permitiu o casamento homossexual! Mentiras (cizânias) que semearam no público e muitos acreditaram. Detratores que desafiam o pecado contra o Espírito Santo (como explicitado emMt 12,24-32; Mc 3,22-30). Ele não é comunista e abençoar homossexuais, assim como a casais de segunda união, não é o Matrimônio, o Sacra- mento instituído por Jesus. Procurei diversas avaliações sobre Francisco, uma bastante interessante foi a do editorial do e Washington Post que afirma que o Papa Francisco levou a Igreja Católica para o século XXI, moldou um papado profundamente refor- mista, e bastante controverso dentro da Igreja. O Papa Francisco, que morreu aos 88 anos, foi um dos pontífices mais impactantes da história moderna e também um dos mais surpreendentes. Asceta jesuíta e o primeiro Papa do He- misfério Sul, Francisco forjou um papado que deixou a Igreja Católica menos branca, menos eurocêntrica e menos presa às tradições. Essas mudanças tornaram a Igreja decididamente mais global, moderna e in- clusiva, aberta como nunca a novos pensamentos e diálogos sobre pessoas LGBTQ+, celibato clerical, aborto e divórcio. Francisco abraçou a luta contra as mudanças climáticas e o sofrimento de minorias religiosas perseguidas, dos pobres do sul global e de migrantes e refugiados, em cuja homenagem ergueu um monumento na Praça São Pedro. Quando se tornou papa, mais da metade dos cardeais eram europeus; ao morrer, eram menos de 40%. Ele ampliou o diálogo inter-religioso, encontrando-se com líderes xiitas do Iraque e sunitas do Egito, entre outros. Promoveu mulheres a cargos administrativos importantes. Prometeu tolerância zero ao abuso sexual clerical e fez progressos importantes nessa frente. E ainda muitas outras ações. ■ Avaliações do Papa Francisco O Papa Francisco, que morreu aos 88 anos, foi um dos pontífices mais impactantes da história moderna e também um dos mais surpreendentes. Asceta jesuíta e o primeiro Papa do Hemisfério Sul, Francisco forjou um papado que deixou a Igreja Católica menos branca, menos eurocêntrica e menos presa às tradições. B rasil, país tropical, abençoado por Deus e legislado por quem não tem hora pra nada — a não ser pra sair correndo quando o escândalo bate na porta. Pois agora, em pleno calor legislativo de Brasília, quatro propostas de emenda constitucional resolveram dar um chega-pra-lá na jornada de trabalho. A ordem do dia: trabalhar menos, ganhar igual, produzir o que der e torcer pra economia aguentar firme. É a República do "depois a gente vê". Querem reduzir a jornada semanal de trabalho das atuais 44 horas para 40, ou — pra quem acha pouco descanso — 36 horas. E tudo isso, veja bem, semmexer no salário. Sim, você leu certo. É o fa- moso “trabalhe menos, ganhe igual e, se puder, produza mais só com boa vontade e cafezinho”. Claro que a proposta caiu no colo do presi- dente Lula como uma bênção divina em ano de escândalo no INSS. Porque se tem uma coisa que distrai o povo melhor do que futebol, é uma promessa de não precisar mais bater ponto na sexta-feira. A ideia é tão bonita que parece slogan de escola de samba: “Quatro dias só, Brasil no ziriguidum, salário igual, produtividade nenhum!” Mas antes que a gente comece a encomendar a rede nova e o plano bronze verão, vale lembrar que Fiemg, FGV e até os gringos da OIT estão olhando de lado e dizendo: “Meu filho, não é assim que se faz conta”. Os números são de dar insônia em economista: até 18 mi- lhões de empregos podem ir pra cucuia, PIB pode cair mais que a audiência do Fantástico, e os custos do trabalho sobem como elevador de luxo em prédio de lobby sindical. Enquanto isso, centrais sindicais fazem pres- são pra acabar com a tal escala 6x1, o que é ótimo — ninguém quer trabalhar mais que o relator da CPI. Mas, francamente, exigir isso sem tocar no salário ou na produtividade, num país em que o trabalhador médio rende menos que ventilador de rodoviária, é o equivalente econômico de colocar cobertura e cereja num pudim de vento. As centrais exigem muito, os empresários gritam “Socorro!”, e o Congresso bate palma como se fosse show da Ivete. O resultado, claro, é que temos uma bela comédia pastelão: de um lado, os traba- lhadores acreditando que vão virar dinamarqueses da noite pro dia; do outro, patrões preparando a guilhotina do corte ou o robô do futuro; e no meio, o governo dizendo “depois a gente vê como paga”. Não é à toa que o Brasil é esse país encantado onde a produtividade cresce menos que cabelo de careca. E não venham dizer que a culpa é do povo! Culpa mesmo é de quem acha que PEC se aprova com base em torcida organizada de sindicato ou no humor do presidente do dia. Como dizia meu tio com uma cerveja na mão, um carnê atrasado e o nome no Serasa: “Trabalhar menos é bom, mas alguém vai ter que pagar essa conta — e, no fim, adivinha quem é?” ■ Redução da jornada de trabalho pode prejudicar trabalhador Os números são de dar insônia em economista: até 18 milhões de empregos podem ir pra cucuia, PIB pode cair mais que a audiência do Fantástico, e os custos do trabalho sobem como elevador de luxo em prédio de lobby sindical. E-mail: gregogiojsimao@yahoo.com.br Radialista e estudante de Filosofia GREGÓRIOJ.L. SIMÃO E-mail: mariosaturno@uol.com.br Tecnologista Sênior MARIO EUGENIO

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