Diário do Amapá - 13/05/2025

| NOTA 10 | DIÁRIO DO AMAPÁ TERÇA-FEIRA | 13 DE MAIO DE 2025 14 E ntre a morte do Papa Francisco e a eleição de Leão XIV, uma freira brasileira perdeu seu posto na Igreja após uma carta anônima chegar ao Vaticano. Sua saída abalou a ordem religiosa, levando outras 11 freiras a abandonarem o convento. Agora, ela rompe o silêncio e diz que lutará por justiça. Até os últimos dias do Papa Francisco, Aline PereiraGhammachi era amadre-abadessa do Mosteiro San Giacomo di Veglia, uma imponente construção de pedra com séculos de história, localizada nos arredores de Veneza. Amapaense e formada emadministração de empresas, ela trocou os caminhos do mercado pela fé. Atuou como tradutora de do- cumentos sigilosos da Igreja e intérprete emeventos religiosos. Em fevereiro de 2018, aos 33 anos, foi escolhida para comandar omosteiro—amadre-abadessamais jovemda Itália naquele momento. A comunidade liderada por Aline contava com pouco mais de 20 religiosas. Desde que ela assumiu o comando, o convento passou a se abrir para o público: as irmãs come- çaram a prestar apoio a mulheres vítimas de violência, criaram uma horta voltada para pessoas com autismo e iniciaram o cultivo de uvas para a produção de prosecco. Dois anos atrás, no entanto, Aline foi alvo de uma denúncia anônima enviada ao papa Francisco. A carta a acusava demaltratar emanipular outras religiosas, alémde esconder o orçamento domosteiro. Após o recebimento da denúncia, o Vaticano deu início a uma auditoria. A primeira inspeção ocorreu em 2023, durou semanas, e terminou com uma sugestão de arquivamento do caso, segundo documento obtido pela Folha de S. Paulo. “Bonita demais” Apesar da recomendação de arquivamento, o processo foi reaberto meses depois. “Acredito que tenha sido a pedido de freiMauroGiuseppe Lepori”, relata a freira. Lepori, superior da ordemreligiosa que administra o mosteiro, havia sido seu colega de tra- balho durante anos. “Ele dizia que eu era bonita demais para ser abadessa, ou mesmo para ser freira. Falava em tom de piada, rindo, mas me expôs ao ridículo”. No ano seguinte, em2024, o Vaticano designou uma nova visitadora apostólica. “Ela não fez nenhum teste co- nosco, não fez absolutamente nada, apenas teve uma conversa. E chegou à conclusão de que eu era uma pessoa desequilibrada e que as irmãs tinham medo de mim”. Quase um ano após a visita, enquanto o papa Francisco ainda se recuperava de problemas de saúde, irmã Aline recebeu a notícia: perderia seu cargo, e outramadre-aba- dessa assumiria a liderança da comunidade. A nova superiora, de 81 anos, chegou justamente no dia da morte do papa argentino. Disse estar ali enviada por ele. “Isso aconteceu num dia de luto para a Igreja, e numdia emque nós não poderíamos recorrer a ninguém. Chega essa comissária e se diz representante de uma pessoa que não existe mais”. Aline conta que foi in- formada de que precisaria deixar o mosteiro e se re- colher em outra comuni- dade católica. “Disseram que eu teria de fazer um caminho de amadureci- mento psicológico”. Ela re- cusou a proposta. “Primeiro, porque eu não sabia a razão de ter sido mandada embora do mosteiro. E segundo por- que não existiu uma denúncia formal ou um julgamento”. Afastada domosteiro, Aline recorreu ao Vaticano alegando que foi vítima de uma de- cisão injusta, motivada por sexismo emachismo. “Porque uma pessoa joveme bonita deve ser burra? Não pode ser inteligente, tem que ficar calada” , afirmou. Ela alega ainda não ter tido a chance de se defender. “Eu não tive direito de defesa. Fui colocada para fora domosteiro, semmotivação. Estamos até recorrendo no Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica. Por que aconteceu? Porque eu sou mulher, porque eu sou joveme porque, principalmente nesse con- texto, sou brasileira”, disse a freira. Apesar da situação, Aline não desistiu de sua mis- são. Junto com outras 11 religiosas que também dei- xaram o mosteiro, foi acolhida em uma villa onde pretende continuar o trabalho social. Elas, no en- tanto, terão de renunciar aos cargos. “Infelizmente, vai haver uma ruptura. Nós vamos ter que pedir a dis- pensa de votos, que é uma obrigação canônica, mas queremos continuar nossa vida de trabalho e de ora- ção. Nós amamos a Igreja. Vamos começar do zero. Mas com uma visão de futuro, de talvez começar de novo, em outra congregação”, destacou ela. ■ (Publicada na Revista Fórum com informações de Folha de S.Paulo) FREIRA AMAPAENSE PERDE CARGO APÓS MORTE DE FRANCISCO, POR SER “BONITA DEMAIS” FALECOMAREDAÇÃO E-mail: diario-ap@uol.com.br site: www.diariodoamapa.com twitter: @diariodoamapa Instagram: @diariodoamapa NOTA 1 ALVO DE MACHISMO “Estar no Ministério Público é assumir o dever de proteger os mais vulneráveis e zelar pelo Estado Democrático de Direito” MAGNO CARBONARO Procurador de Justiça MARCIANE COSTA Secretária da Semtradi “Nosso objetivo é ampliar as oportunidades de qualificação e fortalecer a inserção no mercado de trabalho. Sabemos que a capacitação profissional é fundamental para o desenvolvimento econômico e social da nossa cidade” “Este é um momento especial para a secretaria, onde trazemos o aplicativo Botão da Vida como cuidado e proteção. Essa é uma política pública importante, pois, por meio dela, poderemos cuidar melhor dessas mulheres” RAIMUNDO AZEVEDO Secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania “Com 14 anos de idade, dava aula de reforço no condomínio como forma de ajudar na renda familiar e sustentar meus desejos. Filha de pais separados, comecei a estudar com a mentalidade de chegar onde eu quisesse. Hoje, sou deputada estadual em meu terceiro mandato, trabalhando pelo nosso Estado” FRASES DA SEMANA EDNA AUZIER Deputada estadual DAVID COVRE Titular da Seinf “O governador Clécio, quando fizemos a demolição do antigo prédio do ginásio, prometeu o início das obras, para junho, mas conseguimos antecipar os processos e estamos começando um mês antes”

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