Diário do Amapá - 13/05/2025
| ECONOMIA | DIÁRIO DO AMAPÁ 7 ECONOMIA TERÇA-FEIRA | 13 DE MAIO DE 2025 O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defende que os Estados Unidos deveriam olhar commais generosidade para a América Latina, principalmente para os países da América do Sul. A declaração foi feita nesta se- gunda-feira (12) em entrevista ao Canal UOL, na capital paulista. Na entrevista, o ministro contou que quando esteve com o secretário do Te- souro dos Estados Unidos, Scott Bessent, na semana passada, alertou o governo norte-americano de que não fazia sentido aplicar um tarifaço sobre os países da América Latina, que são deficitários em relação à economia dos Estados Unidos. “Mencionei a ele que isso causou uma certa estranheza, já que a América do Sul é deficitária nas suas relações co- merciais com os Estados Unidos. ‘Como é que você taxa uma região que é defici- tária?’ Do ponto de vista econômico, isso não faz o menor sentido. E ele próprio reconheceu quando eu disse isso e disse que isso será negociado”. Para Haddad, os Estados Unidos pre- cisam olhar para o continente americano “de uma forma mais estratégica a longo prazo”. “Os Estados Unidos têm muito a ga- nhar com um maior equilíbrio regional, um maior desenvolvimento, inclusive industrial, de todo o continente. Se o continente tiver vulnerabilidades, como ele tem hoje, quanto mais um país é vul- nerável, mas ele se torna presa fácil de interesses comerciais do mundo inteiro", concluiu Haddad. Segundo o ministro, o governo bra- sileiro tem procurado manter acordos com diversos países, sem tomar partido na guerra comercial entre China e Estados Unidos. E vai esperar os desdobramentos de um possível acordo entre esses dois países. “Eu penso que eles [os Estados Uni- dos] estão tentando encontrar um ca- minho de reequilibrar algumas variáveis macroeconômicas importantes. O déficit externo americano é muito elevado, o déficit interno é muito elevado, a taxa de juros está muito alta há muito tempo. Isso tudo vai complicando um pouco a vida dos americanos. E eu penso que eles estão procurando, à maneira deles e um pouco errática, eu diria, um cami- nho para reequilibrar as contas. E isso passa pelo reconhecimento de que os Estados Unidos se promoveram muito com a globalização, mas a China talvez tenha se beneficiado mais que os EUA. Isso gera um incômodo [nos norte-ame- ricanos]”, disse. Fraude na Previdência Durante a entrevista, o ministro co- mentou ainda sobre o esquema criminoso descoberto na Previdência, em que as- sociações e sindicatos aplicavam des- contos indevidos nos benef ícios de apo- sentados e pensionistas. Para o ministro, a descoberta dessa fraude “enojou o país inteiro”. “Desejo firmemente que os respon- sáveis sejam punidos exemplarmente porque isso é um escândalo. Uma pessoa usar o que tem de mais sagrado, que é a pessoa trabalhar a vida inteira e depois conseguir a sua aposentadoria e a sua pensão dignamente, uma pessoa focar nesse público para levar vantagem, isso é uma coisa indigna num grau que acho que enojou o país inteiro”, falou. ■ HADDAD: EUA DEVEM OLHAR COM MAIS GENEROSIDADE PARA A AMÉRICA LATINA EQUILÍBRIO REGIONAL V Foto/ Diogo Zacarias/MF
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