Diário do Amapá - 24/05/2025

| OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ SÁBADO | 24 DE MAIO DE 2025 2 LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIODECOMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) - Fone: 96-3223-7690 www.diariodoamapa.com.br COMPROMISSOCOMANOTÍCIA A cultura e os costumes amapaenses são extremamente ricos. Por isso, é essencial que todo cidadão pare para refletir e conhecer mais a história do seu próprio povo. A nossa culinária, tradições, músicas, monumentos, festividades e história de forma geral merecem mais atenção, para que as futuras gerações recebam todo esse conheci- mento e possam repassá-lo, garantindo sua preservação no imaginário local. O Amapá é um tesouro escondido no Norte do Brasil, com uma natureza e uma geografia verdadeiramente únicas. Somente conhecendo essa riqueza é que as pessoas poderão compreender o quão especial é o nosso querido Amapá. Para entendermos melhor a formação do nosso povo, é essencial olhar para o nosso passado. O Amapá já foi território do Pará, e herdamos alguns costumes dos nossos compatriotas paraenses. Além dessa influência, temos uma forte herança afro-indígena, que é parte fundamental da nossa identidade. O Marabaixo é um reflexo desse processo histórico que moldou terras amapaenses. Os tambores, coreografias, vestimentas e cantos ficammarcados na memória de todo amapaense. Por isso, é preciso celebrar e estudar constante- mente a nossa cultura, para que sua preservação seja a chave da nossa identidade – algo que nos torna únicos e deve ser sempre valorizado. Como bem disse o filósofo espanhol José Ortega y Gasset: “A cultura é uma necessidade impres- cindível de toda uma vida, é uma dimensão constitutiva da existência humana, como as mãos são um atributo do homem.” Nossa culinária é excepcional. Automatica- mente, lembramos do açaí, dos peixes, das di- versas frutas e dos temperos especiais que tornam a nossa comida única. A culinária ama- paense é referência nacional em sabor e exce- lência. Nossos pratos são preparados por pessoas apaixonadas pela nossa história, o que contribui para o nosso potencial, que vai além do turismo. Nossos festivais são grandiosos, como o Festival do Açaí, o Festival do Camarão e o Festival do Abacaxi, que reúnem multidões para prestigiar o melhor da nossa cultura. O Amapá é uma terra única por diversos fatores, e precisamos aproveitar todo esse potencial. Logo, as mídias sociais devem ser usadas por empresários e po- líticos para atrair investimentos, fazendo a nossa economia girar ainda mais. O Amapá que queremos no futuro precisa ser pensado hoje. As escolas, empresas, universidades e locais públicos como praças devem ser espaços de aprendizado sobre a nossa história, somente assim que faremos diferença na busca pela preservação de toda a nossa identidade e isso é excelente para que as transformações possam acontecer. Enfim, diante de tudo isso, é de grande importância que as autoridades invistam em cultura, promovendo debates, palestras e ações de cons- cientização, para que a população conheça cada vez mais a própria história. O povo amapaense precisa entender que só por meio do co- nhecimento e da preservação da nossa história evoluiremos como so- ciedade. Para finalizar, uma reflexão poderosa de Ray Bradbury: “Você não precisa queimar livros para destruir uma cultura. Basta fazer as pessoas pararem de lê-los.” Portanto, é nosso dever não deixar que a nossa cultura seja esquecida. Leia, informe-se e valorize sempre a história do lugar em que vivemos. Viva a cultura amapaense! Viva o Amapá! ■ Nossa culinária é excepcional. Automaticame nte, lembramos do açaí, dos peixes, das diversas frutas e dos temperos especiais que tornam a nossa comida única. A culinária amapaense é referência nacional em sabor e excelência. Dos Batuques do Marabaixo aos Sabores do Açaí – O Que Faz do Amapá Único? NIRABRITO E-mail: dtlconsultoria@gmail.com Turismóloga e analista de negócios N os corredores do poder, a frase “a culpa não é minha” ressoa como um mantra, ecoando entre os responsáveis por um dos maiores escândalos de corrupção na história do INSS. O governo federal, em sua busca por se desvincular de responsabilidades, encontrou no passado o bode expiatório perfeito, transferindo a culpa para administrações anteriores e figuras políticas que, segundo a narrativa oficial, teriam deixado um legado de desmandos e falcatruas. Assim, a corrupção, que deveria ser um tema de autocrítica, transfor- mou-se em uma bola de pingue-pongue onde ninguém se sente responsável. Essa estratégia de desvio de responsabilidade não é nova e remete a uma das narrativas mais antigas da humanidade: a história de Adão e Eva no Jardim do Éden. Quando confrontado por Deus após a desobediência, Adão não hesitou em apontar o dedo para Eva, alegando que foi ela quem o fez comer do fruto proibido. Eva, por sua vez, não ficou atrás e culpou a serpente. Este ciclo de trans- ferência de culpa, que remonta a tempos imemoriais, parece se repetir em nosso contexto atual, onde governantes e agentes públicos se esquivamde suas respon- sabilidades com uma habilidade quase artística. O escândalo do INSS, com suas ramificações e personagens, revela uma estrutura enraizada de cor- rupção que não surgiu da noite para o dia. É um produto de umsistema que, ao longo dos anos, permitiu que práticas ilícitas se tornassem normais e aceitáveis. No entanto, ao invés de admitir falhas e buscar a reforma necessária, o discurso oficial se concentra na culpabilização de governos passados, como se a cor- rupção fosse um legado inato de um tempo distante, e não uma continuação de práticas que muitos ainda perpetuam. Nesse cenário, a estratégia de culpar outros não apenas desvia a atenção do verdadeiro problema, mas também perpetua um ciclo vicioso de impunidade. A falta de responsabilidade não é apenas uma questão ética; é uma questão que afeta diretamente a vida dos cidadãos. OINSS, que deveria ser umpilar de segurança social, se torna umcampo de batalha onde a confiança é comprometida e os direitos dos aposentados e pen- sionistas ficamemsegundo plano, enquanto os agentes envolvidos na corrupção buscam salvar a própria pele. É lamentável perceber que, emumpaís onde a corrupção se tornou quase endêmica, a autocrítica e a busca pela verdade são frequentemente substituídas pela retórica do vitimismo. A narrativa que busca culpados emgovernos ante- riores, serve como um manto protetor para aqueles que estão no poder, criando uma ilusão de que a cor- rupção é um problema de outros, e não uma questão presente. Isso é perigoso, pois desvia a atenção das reformas necessárias e das ações concretas que poderiam ser adotadas para combater a corrupção. Ao invés de um debate construtivo sobre como criar um sistema mais justo e transparente, o foco se desloca para a vitimização e o ressentimento. Além disso, essa postura de não assumir a culpa pode ter um impacto profundo na sociedade civil. Quando os cidadãos percebem que os líderes não estão dispostos a reconhecer seus erros, a confiança nas instituições diminui. A falta de confiança nas instituições também pode levar a um aumento da desobe- diência civil e da corrupção em níveis mais baixos, uma vez que a moralidade se fragmenta emumambiente onde a ética é vista como algo opcional e secundário. A história de Adão e Eva, quando revisitadas sob essa luz, nos ensina que a transferência de culpa não é apenas um ato de fraqueza, mas um obstáculo ao progresso. Para que possamos construir uma sociedade melhor, é necessário que todos nós, desde os líderes até os cidadãos comuns, abracemos a responsabilidade, aprendamos comnossos erros e busquemos a verdade. Somente assimpoderemos romper com a lógica de que a culpa não é nossa e, finalmente, escrever um novo capítulo na história da ética e da transparência em nosso país. ■ Por fim, é importante refletir sobre a educação e a formação de valores. Desde cedo, é preciso ensinar as novas gerações sobre a importância da ética, da responsabilidade e da transparência. Construir uma cultura que valorize a honestidade e a integridade é um investimento a longo prazo, mas fundamental para que, no futuro, possamos ter líderes que não hesitem em assumir suas responsabilidades e trabalhar em prol do bem comum. A culpa não é minha: O eco do Éden na corrupção do INSS E-mail: drrodrigolimajunior@gmail.com . Teólogo, pedagogo e advogado RODRIGO LIMA JUNIOR

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