Diário do Amapá - 29/05/2025
| OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ QUINTA-FEIRA | 29 DE MAIO DE 2025 2 LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIODECOMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) - Fone: 96-3223-7690 www.diariodoamapa.com.br COMPROMISSOCOMANOTÍCIA A h, que prodígio de obviedade travestido de revelação científica. A Organização Internacional do Trabalho, em parceria com um instituto polonês cujo nome mais parece senha de Wi-Fi de hotel soviético – NASK – concluiu que 1 em cada 4 empregos no mundo está, pasmem!, potencialmente exposto à inteligência artificial generativa. Um quarto do planeta laboral sob ameaça. A manchete já cheira a pânico de supermercado em véspera de feriado. Calma. Respirem. Não é o Apocalipse do proletariado. É apenas a mais recente dança da moda com a musa do momento: a IA. O relatório se esforça, de forma tocante, para nos tranquilizar: os empregos não serão extintos, apenas "transformados". Ah, a semântica, esse bálsamo ideológico para encobrir a precarização com verniz de modernidade. Mas vejamos o que isso realmente significa. A tal da inteligência artificial generativa – que nada mais é do que um papagaio muito bem treinado por bilionários em camisas pretas e ternos justos – agora ameaça funções admi- nistrativas, setores da mídia (oi, colegas!), de- senvolvimento de software e, claro, finanças. Tudo que cheira a teclado e tédio. E quem são os mais expostos? As mulheres, claro. Aquelas que, por ironia trágica, lutaram décadas para ocupar espaços administrativos, agora veem a porta giratória substituí-las por linhas de código que não tiram licença-mater- nidade nem exigem igualdade salarial. No fundo, é a velha história de sempre: o progresso tecnológico avança como um rolo compressor, e quem está mais vulnerável é o primeiro a ser atropelado. Mas não nos iludamos. A IA não vai tomar o lugar do operário da construção civil, nem da enfermeira que cuida de pacientes com Alz- heimer. Vai atingir, primeiro, quem faz parte do que o capitalismo chama de "trabalho subs- tituível". E com isso, aprofunda a clivagem entre os que mandam e os que obedecem, entre os que escrevem o algoritmo e os que são escritos por ele. Os pesquisadores, num arroubo de civilidade iluminista, pedem "diálogo social", "estratégias inclusivas", "transições justas". Eu, que não nasci ontem e vivi o suficiente para ver Collor de Mello ensinar economia na TV, sei bem o que isso significa: retórica para preencher relatórios e justificar verbas. Ninguém quer perder o lugar à mesa, mas o garçom já está com a conta na mão – e ela será cobrada em postos de trabalho. A IA não é vilã nem messias. É uma ferramenta. Mas em mãos er- radas – e estão quase sempre em mãos erradas – é um bisturi sem anestesia. Em vez de temer a máquina, deveríamos temer os donos da máquina. Esses, sim, sabem exatamente o que fazer com a tecnologia: cortar custos, aumentar lucros e terceirizar a responsabilidade humana para o próximo update. Preparem-se. O futuro do trabalho será menos "trabalho" e mais "futuro". Um futuro frio, eficiente e impessoal. E se você está lendo isso achando que está seguro, que sua função é “irremovível” – olhe para o lado. Tem uma IA fazendo isso mais rápido, mais barato e sem café. Se isso é evolução, chamem Darwin. Eu chamo Kafka. ■ Entre Algorítimos e Alforria A IA não é vilã nem messias. É uma ferramenta. Mas em mãos erradas – e estão quase sempre em mãos erradas – é um bisturi sem anestesia. Em vez de temer a máquina, deveríamos temer os donos da máquina. E-mail: gregogiojsimao@yahoo.com.br Radialista e estudante de Filosofia GREGÓRIOJ.L. SIMÃO T ransformar para mudar estado e condição de sobrevi- vência inteligente, para desenvolvimento individual e grupal. Escola é o maior e mais eficiente agente trans- formador na sociedade, para a sociedade. Hoje, mais que ontem, e para o tempos vindouros, a escola formal, entidade criada e mantida para esse fim, tem que estar focada nos rumos que a sociedade a orienta, organiza e opera. Mas sem descurar dos ditames tecno-científicos, inscritos na pedagogia pura e aplicada, para atendimento dos fins filosóficos, quais sejam, os da autoeducação. A escola é instituída para cumprir, sistematicamente, or- ganizadamente, os fins últimos (filosóficos) da educação es- colar, como agente oficial público, tem como mantenedor os goverrnos legal- mente formados para atender os inte- resses da sociedade. Phillip Perrenoud, sociólogo francês, dizia ser a sociedade responsável pela educação escolar que queira adotar, seguindo as tendências contextuais, para ter melhores resultados, ao menos mais próximos, em boa escala da realidade que a envolve no momen- to. Transformar quem estuda em escola é tarefa para habilitados para tal objetivo. Graduados, mestres e doutores em edu- cação, são profissionais afeitos a essa modalidade de educação. Transformar o educando, responsabilidades desses entendidos em educação escolar, perpassa uma linha muito delicada, pois dirige-se o educando aos exercícios cerebrais, no processo de formação de procedimentos marcantes no crescimemto f ísico e psi- cológico do ser, nessa ação específica da educação escolar. O conhecimento expresso nos conteúdos escolhidos, planejados, são executados, na busca de um ser pensante, raciocinador, analítico, depurador dos conteúdos relevantes, importantes, úteis e indispensáveis à formação de conduta aceita como padrão de desenvolvimento efetivado, realizado, pronto para receber conhecimentos mais complexos, numa escala sempre crescente, com fito no desempenho técnico, no uso do conhecimento. Haverá alcance da autoeducação nesse estágio da educação escolar. Mentes transformadas e mudadas para dominar uma consciência clara, argumentativa, investigativa, avaliadora, como poder de escolha, dentre os conhecimentos realmente formativos, para o autodesenvolvimento, e consequentemente, o desenvolvimento social. ■ Escola e transformação educativa E-mail: fmrdidaxus@gmail.com Especialista em Educação Phillip Perrenoud, sociólogo francês, dizia ser a sociedade responsável pela educação escolar que queira adotar, seguindo as tendências contextuais, para ter melhores resultados, ao menos mais próximos, em boa escala da realidade que a envolve no momento. FERNANDO MACIEL
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