Diário do Amapá - 30/05/2025
| OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ SEXTA-FEIRA | 30 DE MAIO DE 2025 2 LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIODECOMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) - Fone: 96-3223-7690 www.diariodoamapa.com.br COMPROMISSOCOMANOTÍCIA N ão há qualquer novidade dizer que o Direito visto do ângulo dos textos legislativos é sempre um maratonista em último lugar na prova. O sentido de tal afirmação se espraia na obviedade de que sua função é regular as “relações entre humanos”, e isso só há de acontecer se perpassadas as seguintes etapas: 1) o surgimento de novas formas de relação; 2) que essas relações criem expectativas diferentes entre os humanos ao que poderíamos chamar de certo ou errado como atitude e postura das partes envolvidas; 3) a existência de dissensos dessas relações capazes de abalar o seio social. Noutras palavras, o conteúdo legislativo é formado, ou aomenos deveria ser, a partir da necessidade dos fatos antagonizados pelas relações intersubjetivas dos humanos. Entretanto, a volatilidade da convivência entre humanos na pós-modernidade possui como medida de tempo o instante, ou seja, o Direito (enquanto sistema de leis de regulação de atos da sociedade) não está mais emúltimo lugar namaratona, ele sequer consegue dar a largada antes que inúmeras alterações de rela- cionamento se apresenteme que claramentenecessitam de positivação. Esse contexto atual temumamiríade de implicações, entre elas, a própria postura humana perante uma gama de hipóteses de atitudes possíveis emdeterminada relação jurídica que por diversas vezes é objeto de mutações factuais instantâneas, diárias ou mensais em razão da alteração vultosa da medida do tempo dos acontecimentos a que estamos todos nós subme- tidos. Em apertada síntese, diríamos que o tempo dos fatos nos torna escravos do próprio tempo, fazendo comque não possamos ter amedida de tempo neces- sária para uma reflexão sobre determinada atitude antes que outro fato se sobreponha àquele primeiro. Apenas para exemplificar é como se você desse uma daquelas topadas com seu dedinho menor do pé numa quina, e antes que a dor passasse sobreviesse novamente uma contusão com o cotovelo em sua mesa de jantar. Observe-se que não há tempo para curar uma ferida ou mesmo passar o momento de dor antes que outra contusão aconteça. Ora, no campo das ideias ou mesmo dos sentimentos, o tempo também se revela com o mesmo nível de importância. É necessário que se tenha tempo para que se dê significado às coisas, aos objetos, às relações, sejam elas de trabalho ou de qualquer outra modalidade. Não foi à toa que filósofos e estudiosos da psique reconheceram que o inconsciente guarda também momentos não vividos ou não vividos por inteiro. Essa ausência de tempo, prin- cipalmente coma dedicação praticamente exclusiva ao trabalho, semdesconectar, coma disrupção da própria família e de amizades que nos são tão caras, acabam nos fazendo um “não consciente” das nossas atitudes. E se nos tornamos umnão consciente, humanos “automatizados”, o desgosto pelo viver irá se apresentar das mais variadas formas, principalmente em doenças psíquicas que já assolam o mundo do trabalho de uma forma absolutamente assustadora. A expressão “ter foco” tão utilizada no âmbito empresarial do trabalho não pode ser subvertida à ignorância dos arredores da vida. Aqui é necessário colher a lição de vida do filósofo Espinoza que polia lentes enquanto refletia, ou seja, metaforicamente ajustando o foco do seu material de trabalho jamais ignorou a vizinhança dos acontecimentos. Criar leis no automático ou vivê-las sem a necessária reflexão é um desafio a ser superado pela sociedade, principalmente ao se tratar das relações de trabalho. Se criamos a inteligência artificial que grosso modo estuda “o pensar de como pensamos”, deixemos essa função para as máquinas!. ■ E se nos tornamos um não consciente, humanos “automatizados”, o desgosto pelo viver irá se apresentar das mais variadas formas, principalmente em doenças psíquicas que já assolam o mundo do trabalho de uma forma absolutamente assustadora. Relações de trabalho, humanos automatizados e as reflexões do Direito E-mail: juridico@libris.com.br Advogado RICARDOPEREIRA E nfrentar o início de um novo ano no Brasil muitas vezes se torna um desafio que vai além das resoluções de Ano Novo e promessas de mudança. Uma realidade que se repete é a corrida desenfreada em busca de equilíbrio financeiro, levando muitos a re- correrem a cartões de crédito ou empréstimos para sanar as dívidas acumuladas. Infelizmente, essa prática acaba por agravar a situação financeira de inúmeras famílias, e não é surpresa que o setor educacional seja um dos mais impactados por esse cenário. O estado de Minas Gerais, assim como diversos outros, compartilha a preocupante estatística de inadimplência em instituições de ensino privadas. De acordo com um levantamento da Sponte, solução de gestão escolar da Linx, a taxa de inadimplência em escolas particulares mineiras atingiu 23,16% em 2023. Esse dado reflete uma tendência nacional, indicando um aumento de 17,57% para 22,63% entre dezembro de 2019 e dezembro do último ano. Os números não mentem e são um alerta para a delicada situação financeira que assola não apenas Minas Gerais, mas todo o país. A região Sudeste, mesmo registrando um salto de 20,21% para 22,27% na taxa de inadimplência em 2023, manteve-se como a que apresentou a menor taxa dentre as regiões do Brasil. No entanto, quando analisamos os índices no Nor- deste (26,03%), Centro-Oeste (24,87%), Norte (23,85%) e Sul (22,27%), fica claro que o pro- blema é disseminado. O impacto desse cenário recai diretamente sobre os diversos níveis educacionais, com o ensino superior liderando as estatísticas com uma alarmante taxa de 29,97% de inadimplência. Logo em seguida, encontramos a educação in- fantil com 27,12%, seguida pela educação básica e cursos técnicos, ambos com índices de 26,53% e 25,90%, respecti- vamente. É fundamental que governantes, gestores educacionais e a sociedade como um todo estejam atentos a essa realidade, buscando soluções que possam mitigar os impactos negativos no setor. Investir em políticas públicas que promovam a educação como prioridade, bem como oferecer suporte financeiro às famílias em situação de vulnera- bilidade, são passos cruciais para reverter esse quadro preocupante. O desafio é grande, mas é hora de unir esforços em prol de uma educação de qualidade, garantindo que as futuras gerações não se vejam prejudicadas por uma crise financeira que transcende as salas de aula. A superação desses desafios requer comprometimento, soli- dariedade e ação efetiva por parte de todos os envolvidos. Afinal, investir na educação é investir no futuro do nosso país. ■ Desafios educacionais em meio à crise financeira É fundamental que governantes, gestores educacionais e a sociedade como um todo estejam atentos a essa realidade, buscando soluções que possam mitigar os impactos negativos no setor. E-mail: gregogiojsimao@yahoo.com.br Radialista e estudante de Filosofia GREGÓRIOJ.L. SIMÃO
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