Diário do Amapá - 18/03/2025

| OPINIÃO | DIÁRIO DO AMAPÁ TERÇA-FEIRA | 18 DE MARÇO DE 2025 2 LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIODECOMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) - Fone: 96-3223-7690 www.diariodoamapa.com.br COMPROMISSOCOMANOTÍCIA Tecnologista Sênior E-mail: mariosaturno@uol.com.br E m1994, durante umprojeto entre o INPE e universidades parceiras da NASA, meu chefe pediu que eu levasse um pesquisador americano ao Banco do Brasil para que ele trocasse dólares por reais. Fomos conversando sobre a situação dos imigrantes mexicanos nos Estados Unidos. Ponderei a ele que os EUA eram a Roma moderna que como a de an- tigamente os bárbaros entravam no império em busca de uma vida digna, como faziam os mexicanos. Ele ponderou e concordou comigo. Pessoas buscam melhores oportunidades de trabalho digno e uma remuneraçãomelhor. E todos que entramnos EUA ilegalmente conseguem algum tipo de emprego, ou subemprego, que mesmo assim ainda é melhor do que tinham nos países de origem. Desde Hamurabi, com a Lei de Talião (1772 aC), ninguém pode sofrer punição injusta, além do mal que causou. E qual o mal que causa alguém que invade um país em busca de trabalho e é recebido por cidadãos que o contrata? Certamente, é mais uma irregularidade que umcrime. Por Hamurabi, não se algema, nem se acorrenta pessoas que não representam perigo e não tenham histórico de violência. O que vimos no último dia 24 de janeiro foi chocante e surpreendente, muitos cidadãos bra- sileiros não perigosos foramdeportados algemados e acorrentados, desfilando diante de toda a nação. Há despatriota que diz que é assim que os EUA tratam quem quer que seja, mas não é verdade, não é o que nossos olhos testemunharam, tratam assim quem não seja americano. Justamente o país que se proclama defensor da Democracia, do Direito e da Justiça, E, ainda, o país cujo povo se declara cristão, escolhe não entender o que disse Deus aMoises: Nãomaltratarás o estrangeiro e não o oprimirás, porque foste estrangeiro no Egito (Êx 22, 20). E Deus ainda reforçou para que tivessem empatia: Não oprimirás o estrangeiro, pois conheceis o que sente o estrangeiro, vós que o fostes no Egito (Êx 23, 9). E ainda prega misericórdia com o faminto estrangeiro: Não respigareis tampouco a vossa vinha, nem colhereis os grãos caídos no campo. Deverá deixar isso para o pobre e o estrangeiro. Eu sou o Senhor, vosso Deus (Lv 19, 10). E ainda diz Pedro (1Pd 2,11-12): Caríssimos, rogo-vos que, como es- trangeiros e peregrinos... Essas duas palavras emgrego tambémdescrevem a situação dessas pessoas. Estrangeiros ( παροίκους , paroikois, palavra que gerou em português paróquia, um lembrete perene de nossa passagem curta por esta existência) aí significa estrangeiros residentes, que tinhamo direito de residência, porém, não de cidadania. Já peregrinos ( παρεπιδήμους parepidemois) significa estrangeiros sem direito a resi- dência. Estes não possuíam qualquer direito. Provavelmente, parte da comunidade petrina estivesse nessa condição social. Paroikois é substituída por xenoi ( ξένοι ) em Hebreus (7,14) quando se refere a Gênesis (23,4). Pedro usa os termos que lembramos israelitas do Antigo Testamento como migrantes ou estrangeiros no Egito e na Babilônia, como teria sido a realidade desses cristãos, certamente é a experiência da fé diante de ummundo indiferente aos ensinamentos de Jesus. ■ E, ainda, o país cujo povo se declara cristão, escolhe não entender o que disse Deus a Moises: Não maltratarás o estrangeiro e não o oprimirás, porque foste estrangeiro no Egito (Êx 22, 20). Imigrantes e Hamurabi MARIO EUGENIO N o curso de medicina, temos mais **de 8500 horas totais de carga horária, direcionada ao aprendizado técnico. Entretanto, infelizmente, entre tais horas, pouquíssimas horas são utilizadas para desenvolver o lado humano do médico (a). Dessa maneira, cada um “se vira” com os valores e ensinamentos trazidos de casa. Talvez alguém se pergunte: o que eu tenho que ver com a formação dos médicos (as)? Aos que se fizerem tal pergunta, lanço o seguinte questionamento: quem será atendido pelos médicos (as) que estão sendo formados hoje? Estou no 5º ano do curso de medicina, e nunca me disseram o que fazer diante da perda de um (a) paciente. Assim como nunca me disseram como comunicar um falecimento de maneira adequada aos familiares de um (a) paciente. Há quem diga que alguns médicos (as) falham na hora de dar o devido suporte ao paciente hospitalizado, por exemplo. Digo-te que tal situação, não raro, resulta da nossa formação. Como exer- cer uma conduta, quando ela não é trabalhada no cotidiano? O ser humano não é apenas um conjunto de órgãos que podem vir a adoecer. Sempre existe uma história de vida que não pode simplesmente ser enquadrada em um diagnóstico e/ou protocolo. Não estou aqui, hoje, para ensinar a como reagir diante da perda de alguém. Por mais que esteja no 5º ano de curso e imagine como é a imensa dor de perder um ente querido, nunca passei pela experiência do- lorosa de perder alguém próximo. Acredito que para desenvolver uma habilidade, pri- meiro precisamos assumir que não temos tal habilidade totalmente desenvolvida. Na atualidade, nas mídias sociais, sobram cursos que prometem, não raro, glória instantânea. Entretanto, faltam conteúdos que ensinem as pessoas a compreender a perda de alguém especial, por exemplo. Assim como faltam materiais que nos ensinem a lidar com as nossas dores e a acolher ao sofrimento do próximo. Na vida real existe perda, dor, sofri- mento, mas podemos convertê-los em aprendizado e experiência, ainda que a saudade aperte. Independente da profissão que tu exerces, convido-te a refle- tirmos sobre o quanto estamos aptos a compreender as nossas perdas e as do próximo. Será que estamos respeitando a dor do outro, assim como desejamos que respeitem a nossa dor? Por fim, convido-te a irmos trabalhando, mesmo que aos pouquinhos, nossas habilidades e valores no cotidiano, para que possamos compreender de melhor maneira as adversidades pelas quais passamos em nossa vida. Que a vida vá, mesmo que aos poucos, ensinando-nos a compreender, a respeitar e a acolher a dor do outro, assim como desejamos que acolham a nossa. ■ Independente da profissão que tu exerces, convido-te a refletirmos sobre o quanto estamos aptos a compreender as nossas perdas e as do próximo. Será que estamos respeitando a dor do outro, assim como desejamos que respeitem a nossa dor? Por fim, convido-te a irmos trabalhando, mesmo que aos pouquinhos. Não nos ensinam a perder E-mail: andersonpires.ufsm@gmail.com Estudante de Medicina da UFSM ANDERSONL.P. SILVEIRA

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