Diário do Amapá - 04/09/2025

O crescimento de 0,4% da economia brasileira no segundo trimestre ante o primeiro trimestre foi puxado principalmente pelo consumo das famílias, que mostrou expansão de 0,5% no período. A constatação está no desempenho do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país), divulgado nesta terça-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No acumulado de 12 meses, a alta é de 3,2%. Uma das formas de calcular o desempenho do PIB é pela chamada ótica do consumo, que inclui o comporta- mento do consumo das famílias, consumo do governo, importações, exportações e Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que representa os investimentos. Na passagem do primeiro para o segundo trimestre deste ano, essas demandas apresentaram os seguintes desempenhos: consumo das famílias: +0,5% consumo do governo: -0,6% investimento: -2,2% exportação: +0,7% importação: -2,9% O avanço do consumo das famílias é o principal motor porque esse componente da demanda representa 63,8% do PIB. O outro componente com expansão, a ex- portação, responde por 18% do PIB. Juros O resultado de 0,4% do PIB no campo positivo é uma desaceleração, uma vez que o primeiro trimestre cresceu 1,3% ante o quarto trimestre de 2024. De acordo com a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, o motivo principal para a redução do ritmo de crescimento é a política monetária restritiva do Banco Central (BC), que lança mão de juros altos para conter a inflação. Atualmente, a taxa básica de juros, a Selic, está em 15% ao ano, o patamar mais alto desde julho 2006. Os juros altos têm o efeito de desestimular o consumo e o investimento para esfriar a economia e diminuir a procura por bens e serviços, consequentemente, tirando força da inflação. ■ EXPANSÃO Consumo das famílias foi motor da economia no 2º tri ● FALECOM0COMERCIAL E-mail: comercial.da@bol.com.br site: www.diariodoamapa.com twitter: @diariodoamapa Instagram: @diariodoamapa ECONOMIA A produção da indústria no país re- cuou 0,2% na passagem de junho para julho. Com esse resultado, o setor chega a quatro meses seguidos sem crescimento, o que é explicado pelo am- biente de juro alto. O resultado foi divulgado nesta quar- ta-feira (3) pela Pesquisa Industrial Mensal, do Instituto Brasileiro de Geografia e Es- tatística (IBGE). De abril a julho, a indústria acumula perda de 1,5%, sendo quedas em abril (- 0,7%) e maio (-0,6%) e estabilidade em junho (0%). A última vez que o parque industrial brasileiro somou quatro meses sem expansão foi entre novembro de 2022 e fevereiro de 2023. Em relação a julho de 2024, a produ- ção da indústria nacional mostra avanço de 0,2%. Nos últimos 12 meses, o setor apresenta expansão de 1,9%. O resultado de julho deixa o setor 1,7% acima do patamar pré-pandemia de covid-19 (fevereiro de 2020) e 15,3% abaixo do nível recorde já alcançado, de maio de 2011. Em relação ao patamar final de 2024, o setor teve expansão de 0,3%. Efeito do juro alto De acordo com o gerente da pesquisa, André Macedo, o cenário predominante negativo desde abril é explicado pela po- lítica monetária restritiva, ou seja, os juros altos, ferramenta do Banco Central (BC) para tentar conter a inflação. “Em termos conjunturais, destacam- se os efeitos de uma política monetária mais restritiva – que encarece o crédito, eleva a inadimplência e afeta negativa- mente as decisões de consumo e investi- mentos. Esses fatores contribuíram para limitar o ritmo de crescimento da pro- dução industrial no período, refletindo- se em resultados mais moderados frente aos meses anteriores”, analisa Macedo. Atualmente, a taxa básica de juros, a Selic, está em 15% ao ano, o patamar mais alto desde julho de 2006. Os juros altos têm o efeito de desestimular o con- sumo e o investimento para esfriar a eco- nomia e diminuir a procura por bens e serviços, consequentemente, tirando força da inflação. Em julho, a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Con- sumidor Amplo (IPCA), mostrou acúmulo de 5,23% em 12 meses, fora da meta do governo ─ 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para me- nos, ou seja, indo até 4,5%. A taxa está acima do teto desde se- tembro de 2024 (4,42%). Em abril, chegou a 5,53%, o ponto mais alto desde então. Setores Na passagem de junho para julho, o IBGE identificou queda em 13 das 25 atividades industriais. Os destaques ne- gativos foram: - metalurgia (- 2,3%) - outros equipamentos de transporte (-5,3%) - impressão e reprodução de gravações (-11,3%) - bebidas (-2,2%) - manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-3,7%) - equipamentos de informática, pro- dutos eletrônicos e ópticos (-2%) - produtos diversos (-3,5%) - produtos de borracha e de material plástico (-1%) Entre as atividades com alta na pro- dução, os principais impactos positivos vieram de produtos farmoquímicos e far- macêuticos (7,9%), alimentícios (1,1%), indústrias extrativas (0,8%) e produtos químicos (1,8%). ■ PRODUÇÃO INDUSTRIAL RECUA 0,2% EM JULHO E ACUMULA EFEITOS DO JURO ALTO V Foto/ REUTERS/Washington Alves SEM CRESCIMENTO | ECONOMIA | DIÁRIO DO AMAPÁ 7 QUINTA-FEIRA | 04 DE SETEMBRO DE 2025

RkJQdWJsaXNoZXIy NDAzNzc=