Diário do Amapá - 07 e 08/09/2025
        
 O furto de energia, conhecido como perdas não técnicas de energia elétrica no Brasil, representaram um custo de R$ 10,3 bilhões em 2024, de acordo com re- latório da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Conhecido como “gato”, o furto de energia ocorre no mercado de baixa tensão, que é composto por consumidores residenciais, pequenos comércios, escritórios e pequenas indústrias. Esse furto de energia gera tambémum consumo sem controle da carga distribuída. Inúmeros aparelhos, tecnicamente precários, estão conectados a essa carga furtada, o que provoca danos ao sistema e prejudica o atendimento aos demais consumidores. As concessionárias de grande porte, que têmomercado maior do que 700 Gwh (gigawatt-hora), são as responsáveis por fazer a gestão dos níveis dessas perdas comerciais, devido à amplitude do mercado de distribuição e à com- plexidade de combater práticas irregulares. A Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) detalha a complexidade e os desafios impostos por essa prática, considerada crime, no estudo “Furto de energia: Perdas não técnicas”, que acaba de ser lançado. O material explica de que forma os custos com furtos impactam a tarifa de energia de todos os consumi- dores regulares. O sistema elétrico brasileiro trata diariamente com perdas de energia. Parte dessas perdas é técnica, inerente ao transporte e transformação da eletricidade. Outra parte refere-se às originadas de ligações irregulares, fraudes e erros de medição ou faturamento, que têm crescido e atingiram 16,02% do mercado de baixa tensão em 2024. Além do impacto financeiro na conta de luz dos con- sumidores, essa prática gera consumo sem controle, po- dendo sobrecarregar o sistema, provocar danos à infraes- trutura e prejudicar a qualidade do serviço aos demais consumidores. De acordo com a Aneel, em 2024, as interrupções no fornecimento por roubo de energia somaram 88.870 – cada uma delas com duração média de 8,64 horas. A segurança da população também é comprometida: em 2024, 45 pessoas perderam a vida e 69 ficaram feridas em acidentes relacionados a furtos ou ligações clandestinas, de acordo com levantamento da Abradee. “O combate ao furto de energia é uma responsabilidade coletiva. Mais do que prejuízo financeiro, as ligações clan- destinas, colocam vidas em risco, sobrecarregam o sistema elétrico e penalizam o consumidor regular com tarifas mais altas. Precisamos de políticas públicas integradas, conscientização da população e reforço na fiscalização para garantir um fornecimento seguro, justo e sustentável para todos os brasileiros. Furto de energia no Brasil é equivalente ao total gerado pela usina de Tucuruí, no To- cantins, a segunda maior do país”, explicou o presidente da Abradee, Marcos Madureira. ■ “GATO” Furto de energia no país gerou custo de R$ 10,3 bilhões em 2024 ● FALECOM0COMERCIAL E-mail: comercial.da@bol.com.br site: www.diariodoamapa.com twitter: @diariodoamapa Instagram: @diariodoamapa ECONOMIA | ECONOMIA | DIÁRIO DO AMAPÁ 7 DOMINGO E SEGUNDA-FEIRA | 07 E 08 DE SETEMBRO DE 2025 O tarifaço imposto pelos Estados Unidos a exportações brasileiras completa um mês neste sábado (6). Tentativas de negociação, defesa da soberania nacional e medidas de apoio a empresas brasileiras deram o tom do ce- nário econômico e diplomático nesse pe- ríodo de 30 dias. A Agência Brasil conversou com es- pecialistas sobre efeitos das medidas ame- ricanas de barreira ao comércio exterior e relembra pontos-chave desse período: Ameaças em julho Em julho, no dia 9, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em que anunciava a imposição de tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras para os Estados Unidos. A cor- respondência foi divulgada em uma rede social pelo próprio Trump. Esse comunicado inicial previa o início do tarifaço em 1º de agosto e usava como justificativa o déficit comercial dos EUA e o tratamento dado pelo Brasil ao ex-presi- dente Jair Bolsonaro, quem Trump consi- derava ser perseguido. Bolsonaro é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por ten- tativa de golpe de Estado, em julgamento que entrou na reta final esta semana. Diferentemente do que alegava Trump, os Estados Unidos têmsuperávit na relação comercial. Em carta de resposta, o Brasil cita que acumula com os Estados Unidos déficit comercial de quase US$ 410 bilhões nos últimos 15 anos. Isto é: importoumais do que exportou nesse período. Concretização em agosto Autoridades e empresários brasileiros buscaram negociações com os Estados Unidos, mas, em 30 de julho, Trump confirmou a adoção das medidas de re- taliação. O governo de Trump assinou uma or- dem executiva que estipulou o tarifaço a partir de 6 de agosto, mas deixou cerca de 700 produtos em uma lista de exceções. Entre eles estão suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes e aero- naves civis, incluindo motores, peças e componentes. Também ficaram de fora produtos como polpa demadeira, celulose, metais preciosos, energia e produtos ener- géticos. Entre os principais beneficiados pelas exceções está a Embraer, uma das maiores fabricantes de avião domundo, comgrande parte da produção destinada aos Estados Unidos. Como caram as tarifas Os cerca de 700 produtos da lista de exceção representam44,6%das exportações brasileiras para os Estados Unidos e con- tinuaram a pagar uma tarifa de até 10%, que já tinha sido definida em abril pelos EUA. De acordo com o Ministério do De- senvolvimento, Indústria, Comércio e Ser- viços (Mdic), o tarifaço “cheio” incide em 35,9% das exportações brasileiras para os Estados Unidos. O tarifaço cheio é a co- brança de 10% definida em abril somada a outra de 40%, assim totalizando 50%. Há ainda 19,5% das vendas sujeitas a tarifas específicas, adotadas pelo governo Trump com base em argumentos de se- gurança nacional. Entre esses produtos, estão as autopeças e automóveis de todos os países, que pagam 25% para entrar nos Estados Unidos desde maio. Aço, alumínio e cobre pagam alíquota de 50%, mas, segundo levantamento do Mdic, estão dentro dos 19,5%, porque as tarifas foram definidas com base nos ar- gumentos de segurança nacional em feve- reiro, com entrada em vigor emmarço. ■ MEDIDAS DE APOIO E DEFESA DA SOBERANIA MARCAM 1 MÊS DE TARIFAÇO SOBRETAXAS
        
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