Diário do Amapá - 24/09/2025
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse na manhã desta segunda-feira (22), em São Paulo, que acredita que a taxa de juros deve começar a cair de “forma consistente e sustentável” em breve. Embora não tenha dado expectativas ou prazos para que isso ocorra, o ministro disse crer que, no próximo ano, “as coisas vão melhorar muito”. “Acho que o juros vão começar a cair e vão cair, na minha opinião, de forma consistente e de forma sustentável”, reforçou. “Eu não sei em que momento, mas em algum momento ─ com os indicadores de inflação que nós es- tamos colhendo, com o dólar no patamar que está e com tudo que está acontecendo ─ eu acho que as coisas vão melhorar muito a partir do ano que vem. E eu acho que vai ser uma trajetória sustentável”, acrescentou. Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou a manutenção da Taxa Básica de Juros (Selic) em 15% ao ano. A Selic é o principal instrumento do Banco Central para o controle da inflação, que é freada com o encarecimento do crédito e a desaceleração da economia. No comunicado oficial, o Copom justificou a manu- tenção da Selic nesse patamar pela incerteza do ambiente externo, "em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos". Ao participar nesta manhã do evento Macro Day, promovido pelo banco BTG Pactual e realizado na capital paulista, o ministro defendeu que a alta na taxa de juros não se refere somente à questão fiscal no país. “Existem outras coisas que explicam o juro no Brasil. Muitas outras coisas. O fiscal é muito importante, mas não é a única explicação para esse patamar de juros”, disse ele. Ainda durante o evento, o ministro ponderou que a política fiscal não depende só do Executivo, mas que também é responsabilidade do Judiciário e do Congresso Nacional. Haddad ressaltou ainda que é preciso criar condições políticas para que o arcabouço fiscal seja for- talecido. "Para ele [arcabouço] ser fortalecido, você precisa criar as condições políticas de sentar com os parlamentares e falar: ‘nós vamos precisar ajustar algumas regras, senão o arcabouço não vai ser sustentável no longo prazo’”, ex- plicou o ministro. ■ TRAJETÓRIA SUSTENTÁVEL Haddad prevê queda dos juros "em breve" e 2026 "muito melhor" ● FALECOM0COMERCIAL E-mail: comercial.da@bol.com.br site: www.diariodoamapa.com twitter: @diariodoamapa Instagram: @diariodoamapa ECONOMIA | ECONOMIA | DIÁRIO DO AMAPÁ 7 QUARTA-FEIRA | 24 DE SETEMBRO DE 2025 T odos os itens projetados pelo Boletim Focus, do Banco Central (BC), que traz expectativas domercado finan- ceiro para 2025, apresentaramestabilidade em relação às projeções divulgadas na se- mana passada. Odocumentomantém em 4,83% a projeção de inflação para 2025 – índice que é definido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Há quatro semanas, a inflação oficial do país foi projetada em4,86%, percentual que cai para 4,29%, quando projetado para 2026, e para 3,90% para 2027. Em agosto, o país registrou pela pri- meira vez, desde agosto de 2024, inflação negativa (deflação de -0,11%), segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). Com isso, as projeções domercado financeiro ficam mais próximas do teto superior (4,5%). No caso do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), a deflação foi ainda maior, ficando em -0,21%. Desde agosto de 2024, quando o INPC ficou em -0,14%, não se registrava deflação neste índice. O INPC calcula a inflação média do país. PIB A projeção do mercado financeiro para o Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todas riquezas produzidas no país) éde 2,16% – o mesmo percentual estimado há uma semana. Há quatro semanas, as expectativas do mercado financeiro eram de que o PIB brasileiro fecharia o ano com um cresci- mento de 2,18%. Para 2026 e 2027, as ex- pectativas tambémsemantiveramestáveis, em 1,80% e 1,90%, respectivamente, na comparação com a semana passada. Selic Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instru- mento a taxa básica de juros - a Selic. Pela 13ª semana consecutiva, o boletim Focus mantém as projeções deste índice em15% ao ano, mesmo percentual definido pelo Comitê de Política Monetária (Co- pom) do BC. Para os anos subsequentes (2026 e 2027), o índice está projetado em 12,25%; e 10,50%, respectivamente. OCopom justificou a manutenção da Selic em 15%, pela incerteza do ambiente externo, “em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos”. Segundo o comitê, o cenário exige cautela “por parte de países emergentes em am- biente marcado por tensão geopolítica”. Tambémé citado o cenário doméstico. Para o Copom, os indicadores de atividade econômica apresentam moderação no crescimento, apesar do dinamismo do mercado de trabalho. A inflação permanece acima da meta. Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a de- manda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encare- cem o crédito e estimulam a poupança. Os bancos consideramoutros fatores, além da Selic, na hora de definir os juros a seremcobrados dos consumidores. Entre eles, estão risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas. Assim, taxasmais altas tambémpodem dificultar a expansão da economia. Quando a taxa Selic é reduzida, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica. Dólar Com relação ao câmbio, o mercado financeiromanteve emR$ 5,50 a projeção da cotação, ao final de 2025. Há quatro semanas, o Focus estimava que a moeda norte-americana fecharia o ano cotada a R$ 5,59%. ■ PROJEÇÕES DO MERCADO PARA INFLAÇÃO, PIB, SELIC E DÓLAR FICAM ESTÁVEIS IPCA V Foto/ Marcello Casal JrAgência Brasil
RkJQdWJsaXNoZXIy NDAzNzc=