Diário do Amapá - 27/09/2025
Em agosto deste ano, o setor de alimentação fora do lar registrou o menor índice de empresas ope- rando no prejuízo desde o início da pandemia de Covid- 19 no Brasil. Segundo levantamento da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), entidade que representa e promove o setor de alimentação fora do lar, apenas 16% dos estabelecimentos fecharam o mês no vermelho, enquanto 43% tiveram lucro e 40% mantiveram estabili- dade. Os números reforçam um cenário de recuperação que não aparecia há anos. Para o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, os dados refletem uma virada importante. “A redução dos prejuízos é um sinal de que os bares e restaurantes estão conseguindo se adaptar melhor às condições econômicas. O setor viveu um período muito duro e agora dá sinais claros de recuperação, o que representa um alívio para os empresários e para a economia”, avalia. Equilíbrio O faturamento mensal também apresentou desem- penho positivo. Em agosto, 39% das empresas viram suas receitas crescerem em relação a julho, superando os 34% que registraram queda. Para 27%, o resultado se manteve estável. Para a Abrasel, mesmo com a inflação acumulada de 5,13% nos últimos 12 meses, 36% dos empresários con- seguiram reajustar seus preços para acompanhar o índice - cinco pontos percentuais acima do observado no mesmo período de 2024. Outros 20% aplicaram aumentos abaixo da inflação, 6% conseguiram repassar valores maiores e 38% não realizaram nenhum reajuste nos car- dápios. ■ RECUPERAÇÃO Setor de alimentação tem 43% das empresas com lucro em agosto ● CRÍTICAS Presidente do BC diz que é legítimo Haddad criticar política de juros: 'Acho um luxo a delicadeza' O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta quinta-feira (25) que é legítimo que agentes do mercado financeiro, economistas e autoridades se manifestem sobre a política de juros da instituição. Acrescentou que, no caso do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, as opiniões, mesmo que críticas, foram expressadas de forma gentil, educada e delicada. Ele lembrou que há economistas que entendem que deveria ser necessário manter os juros elevados por um período maior de tempo, ou até mesmo subir mais a taxa Selic. Atualmente, em 15% ao ano, o juro básico é o maior em quase 20 anos. Galípolo disse ainda que o BC considera das opiniões do ministro, e que tenta colher o máximo de dados possíveis, mas acrescentou que o "pro- cesso decisório é do Comitê de Política Monetária, com a autonomia que todos diretores tem para tomar sua de- cisão". Nesta semana, o ministro Fernando Haddad, afirmou que há espaço para o juro básico da economia, fixado pelo Banco Central (BC) para conter a inflação, recuar. Segundo ele, a taxa "nem deveria estar no atual patamar de 15%" ao ano. "Eu entendo que tem espaço para esse juro cair. Acredito que nem deveria estar em 15% [ao ano]. Ele [presidente do BC, Gabriel Galípolo] tem os quatro anos de mandato dele, e ele vai entregar um resultado consis- tente ao Brasil [...]. Eu não voto no Copom [colegiado do BC que define os juros]. Essa opinião, boa parte do mercado compartilha", disse Haddad, na ocasião. ■ ● FALECOM0COMERCIAL E-mail: comercial.da@bol.com.br site: www.diariodoamapa.com twitter: @diariodoamapa Instagram: @diariodoamapa ECONOMIA | ECONOMIA | DIÁRIO DO AMAPÁ 7 SÁBADO | 27 DE SETEMBRO DE 2025 P aís que implementou em agosto o tarifaço de até 50% contra expor- tações brasileiras, os Estados Uni- dos são a origemda maior fatia dos inves- timentos diretos que chegam ao Brasil. A constatação está no censo de capitais estrangeiros do Banco Central (BC), di- vulgado nesta sexta-feira (26), em Brasí- lia. O levantamento aponta que, em2024, o Brasil atingiu estoque de US$ 1,141 trilhão em investimento estrangeiro direto no país, o que representa 46,6%do Produto Interno Bruto (PIB), conjunto de bens e serviços produzidos no país. Opercentual é o maior já registrado. Ao analisar o investimento estrangeiro, o BC divide esse montante em duas par- tes: US$ 884,8 bilhões são participação no capital social de quase 19mil empresas, ou seja, sócios; US$ 256,4 bilhões são operações in- tercompanhia, isto é, empréstimos entre empresas. Países O censo do BC identifica de quais países vieram os US$ 884,8 bilhões que fazem parte do capital social de empresas aqui no Brasil. A lista é liderada pelos Es- tados Unidos, com US$ 244,7 bilhões, isto é, 28% do total. Veja os principais países: Estados Unidos: US$ 244,7 bi (28% do total) Países Baixos: US$ 145,5 bi (16%) Luxemburgo: US$ 79,2 bi (9%) França: US$ 63,3 bi (7%) Espanha: US$ 61,0 bi (7%) Reino Unido: US$ 31,0 bi (4%) Japão: US$ 27,8 bi (3%) Alemanha: US$ 21,9 bi (2%) Canadá: US$ 21,1 bi (2%) Ilhas Cayman: US$ 20,7 bi (2%) Paraísos fiscais O chefe do Departamento de Estatís- ticas do BC, Fernando Rocha, explica que essa lista considera o local de origem do “investidor imediato”, isto é, de onde saíram os recursos. “Na verdade, é o país onde está a em- presa que é imediatamente dona da em- presa daqui”. Ele contextualiza que, emalguns casos, a empresa estrangeira temorigem emum outro país, mas mantém sede em um ter- ceiro, por questão tributária. “São os chamados paraísos fiscais, lu- gares [para] onde as empresas mandam seus recursos, centralizam sua operação financeira lá, porque pagam menos im- postos, e de lá vem para o Brasil”, detalha. Segundo ele, é por isso que Luxem- burgo e Ilhas Cayman, no Mar do Caribe, aparecem na lista. Ao considerar o país controlador do investimento estrangeiro, o que descon- sidera se havia subsidiárias ou paraísos fiscais pelo caminho, a lista do BC apre- senta: Estados Unidos: US$ 232,8 bi (26% do total) França: US$ 69,3 bi (8%) Uruguai: US$ 58,4 bi (7%) Espanha: US$ 50,0 bi (6%) Países Baixos: US$ 48,6 bi (5%) ■ SAIBA DE QUE PAÍSES VEM O INVESTIMENTO DIRETO NO BRASIL; EUA LIDERAM CAPITAIS ESTRANGEIROS V Foto/ Valter Campanato/Agência Brasil
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