Diário do Amapá - 17/04/2020

LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANAMELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. ZIULANAMELO Editora Chefe MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIO DE COMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) www.diariodoamapa.com.br essa crise político-sanitária-econômi- ca, existem diferentes posições sobre como gerenciá-la. Alguns, automati- camente, defendem as propostas de lideran- ças políticas e de grupos de interesse con- formes com suas próprias linhas de pensa- mento. Não analisam se as propostas camu- flam interesses pessoais, partidários, grupais ou mesmo ideológicos ao arrepio do dever de servir à nação e aos irmãos brasileiros. Por outro lado, não conseguem ter o equilí- brio de conjugar o que cada uma tem de posi- tivo e flexibilizar inteligentemente suas posi- ções. O cidadão consciente não se atrela, cega- mente, a líderes, partidos, grupos ou ideo- logias, mas sim a princípios, crenças e ideais revestidos de nobreza e dignidade. O apoio a pessoas ou grupos de qualquer natureza não é irrestrito, mas condicionado ao cum- primento de valores morais e cívicos e à atuação em prol da nação, essa sim credora prioritária da lealdade do cidadão. Em situações extremas como a atual, quando uma solução radical e maniqueísta possa levar o país ao caos, é preciso buscar caminhos alternativos, que mantenham suas benesses, mas neutralizem seus pontos fra- cos e permitam preservar, também, a saúde do país. Assistimos a um diálogo de sur- dos, onde um lado é bem intencio- nado, mas será prejudicado e enfraquecido se dominado pela presunção e pelo radicalismo. Do outro lado, diversos atores perso- nificam o que há de mais nefasto, fisiológico, patrimonialista e velha- co no cenário político. Não há mais como fugir ao embate político, pois já é a realidade do contexto vivido. Cabe agora gerenciar, não só a crise, mas tam- bém o conflito não o escalando, descuida- damente, mas o conduzindo com responsa- bilidade e sabedoria, de modo a que a socie- dade não seja ainda mais prejudicada do que já foi. No conflito que, desafortunada e irres- ponsavelmente, a crise se transformou, líde- res capazes irão gerenciá-lo negociando com idealismo pragmático, temperado por rea- lismo ético. Tentarão impor-se aos atores da política velhaca, estrategicamente, por manobras indiretas, desequilibrando o adver- sário não com ataques frontais, que só se empregam quando há total superioridade de meios e esse não é o quadro atual. O gerenciamento desse conflito não está, logicamente, no campo militar, mas sim nos campos políti- co e psicossocial, onde levará van- tagem quem agir de forma sutil e indireta, agindo sobre os pontos sensíveis do adversário, previamen- te identificados, desequilibrando-o e enfraquecendo-o nos campos cita- dos. Posições e manifestações radi- cais, sucessivas e impensadas de quem esteja mergulhado emocionalmente na tempestade, não contribuem e podem for- talecer o oponente. Que se ouça o assessora- mento do gabinete de crise e se use o porta- voz, deixando para intervir em momentos de decisão a exigir a voz do líder. Outro problema, uma das maiores ameaças ao êxito no gerenciamento de conflitos, é quando um outro conflito ocorre dentro do próprio gabinete ou entre o líder o gabinete. É uma tarefa difícil, mas não incomum, o líder ter que gerenciar vaidades e interesses pes- soais existentes no próprio gabinete de crise, ao tempo em que precisa disciplinar sua pró- pria personalidade. Eis aí um gerenciamento no gerenciamento. A pandemia pela Covid-19 tem causado inúmeras mudanças na convivência das famílias, tanto no quesito das novas práticas de higiene, quanto a relação entre os moradores da casa por causa do isolamento social. Os pais, muitos trabalhando remotamente, estão tentando dar conta das atividades do emprego, cuidar da casa e ainda dar aten- ção às crianças, que estão com as aulas suspensas. Neste cenário, os pequenos acabam passando mais tempo na internet e isso acende um novo alerta: a segurança deles no universo digital. A discussão sobre o tema é vasta, já que uma pesquisa realizada pelo Google revelou que 40% dos responsáveis dizem temer o contato com estranhos no ambiente online. Para garantir proteção, alguns cuidados simples podem evitar muitos riscos, como a utilização de regras e filtros do que é disponibilizado em sites e aplicativos ou através de plataformas exclusivas, que selecionam, a partir de uma curadoria humana, os conteúdos dis- poníveis. É importante que a família acompanhe o acesso aos conteúdos na internet, mas é comum vermos casos de crianças soltas na imensidão digi- tal. De acordo com um estudo realizado pela Kaspersky, 52% dos pais não veem necessidade em regular a atividade online de seus filhos. Neste aspecto, temos ainda uma linha tênue entre controle parental e a liber- dade e privacidade das crianças e dos adolescentes. No entanto, o aumento preocupante de casos de pedofilia, extorsão, cyberbullyng, acesso à vídeos impróprios e até alguns tipos de jogos são motivos mais do que legítimos para resguardar os pequenos de ter acesso total à rede. Em muitos casos, os adultos enxer- gam a internet apenas como uma fonte de entretenimento e acabam não se aten- tando aos riscos iminentes que o ambiente digital apresenta. Para isso, inserir a educação digital na rotina dos filhos, desde cedo, preocupar-se com a própria educação digital e manter uma conversa aberta sobre o tema dentro de casa é fundamental. Bloquear o acesso pode ter o efei- to contrário, pode ser um erro que aumente ainda mais o risco. A geração de hoje já nasce inserida no universo digital e a proibição é prejudicial em vários aspectos. A última pesquisa TIC Kids Online Brasil, mostrou um número impressionante: 24,3 milhões de crianças e adolescentes acessam a internet com certa regu- laridade no País. Escutamos sempre que o tempo que a criança usa aparelhos digitais, o chamado tempo de tela, é o grande problema. Quan- do, na realidade, o foco deveria ser no con- teúdo que essa criança acessa através da tela. O ponto chave é partir de uma con- versa com orientações francas e objetivas com os filhos, de acordo com a idade. Assim, as crianças terão mais capacidade e autonomia para discernir o que é saudável assistir. Quando os pequenos sentem que estão em um ambiente acolhedor e seguro, fica mais fácil que eles mesmos criem dis- cernimento e sintam confiança de contar para a família quando algo impróprio é apresentado.

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