Diário do Amapá - 12/02/2020

LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANA MELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. ZIULANA MELO Editora Chefe MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIO DE COMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) www.diariodoamapa.com.br / / ão existe um caminho para a paz; a paz é o caminho. A nobreza da paz e seus efeitos no cidadão vivem tristes e mergulhados em dúvidas que o faz perder a capacidade como ser humano da noção da lógica que precipita a sua existência a chocar-se em dimensão sem retorno. A internet colocou o mundo dentro das casas, jorrando a maldição de guerras dos diversos cantos da terra, condicionando a beleza de nascer à simples condição de pequeno átomo, tal o desprezo de contra tudo e contra todos. Calculem quantas almas já foram sacrificadas nas guerras da Síria, do Iraque e tantos outros de igual ferocidade. O breve intróito serve para delibera- damente chegar ao nosso Brasil. O que se originou na mente de parte da popula- ção brasileira, um povo abençoado por Deus? O levantamento de algumas déca- das nos revela que a história do país regis- trou apenas conflitos episódicos de can- gaços e de futricas regionais, sem omitir o episódio do Carandiru, mancha perma- nente no diário policial. Nunca, jamais, com o retrato da violência atual, centros urbanos, repetidos diaria- mente no país inteiro. Issac Newton (1642/1727) estabeleceu que “a toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade”. É o fenôme- no da causa e efeito, o carma do budismo. As causas não foram vistas no momento certo e recru- desceram para sofrimento de milhões de brasileiros que, paralela- mente, foram enganados por promes- sas, e os efeitos vieram naturalmente. Historicamente, o Brasil jamais foi um país violento, sendo amado pelo espírito conciliatório de um povo feliz. De repen- te, houve algo que alterou o temperamen- to de uma população que sempre curtia o sol brasileiro. A causa, não se precisa ir muito para identificar que foi a anarquia do modelo político, das últimas décadas, em que a harmonia cedeu lugar à discór- dia. Para o desequilíbrio foi apenas um pulo, e o resultado é o que vemos hoje, sob o ponto de vista administrativo, o caos. Quando a violência começou de mansinho nos lotados presídios brasileiros muita gente considera- va o início do levante que, mais tarde, seria como um rolo com- pressor, dificil de ser controlado. Imaginar que forças marginais dividam poderes com as autori- dades, como ocorre agora, resul- taria no que se vê hoje de dentro dos guetos condenados, substituin- do a força da lei, pronta para defender a ordem. Quando do início da avançada dos bandidos, dizemos que grassava uma moléstia infecciosa. O pânico está insta- lado nos estados brasileiros, e a solução é aguardar providências que virão do novo governo em 2019. A esperança é a última que morre, então o certo é esperar. Mas o grave é que o povo, que é a mola para as reformas, está descrente e, como milagre não existe, o correto é rezar e acreditar que o povo entenda o difícil caminho e faça como está escrito no iní- cio deste artigo: não existe um caminho para a paz, a paz é o caminho. m candidato nas próximas eleições fazia uma palestra e, ao final, disse que a polí- tica é a ciência do bem comum e, mais, é a ciência da bondade.A primeira expressão pode ser aceita, mas a segunda é claramente um exa- gero. Nos debates, afirmei que a economia se contenta em ser a “ciência da realidade”. O filó- sofo Thomas Carlyle (1795-1881), ao estudar o funcionamento do sistema produtivo, depa- rou-se com a dura realidade da vida e afirmou que a economia é a “ciência sombria” (ou “ciên- cia melancólica”, em outras traduções). Lembrei ao candidato que os políticos, até para mereceremo cargo que ocupam,deveriam saber que o Estado (no sentido de ente público) somente dá à sociedade oque dela tenha retirado. O governo não administra recursos próprios. Ele administra os recursos que a sociedade lhe entrega em forma de tributos. Ao decidir onde gastar o dinheiro arrecadado, ogovernose depa- ra com limites e a necessidade de optar. Um dólar gasto em uma direção não será gasto em outra. Um dólar gasto na compra de um fuzil não será gasto na compra de uma vacina. Instado a explicar sua visão da política como a ciência da bondade, ele mencionou os gastos a favor dos pobres, como Bolsa Família, postos de saúde,segurodesemprego eoutros.Lembrei- lhe que não há bondade alguma nisso, trata-se de simplesobrigaçãodo governo.O capitalismo tem duas máquinas. A máquina de produzir (o setor privado) e a máquina de distribuir (o setor público). O governo é um mero síndico e o dinheiroque ele retira da populaçãoé para executar programas sociais, serviços públicos e investimento em obras de interesse nacional. Cumprir as funções de “máquina de distribuir” (com o dinheiro que a sociedade privada lhe entregou) não é bondade, é mera obrigação, como também não é por bondade que o sín- dico de meu prédio mantém o pátio limpo e o elevador funcionando. Ambos arrecadam dinheiro exatamente para ser- viços coletivos a quem paga a conta: os contribuintes. O candidato havia defendido aumentar o imposto sobre herança (que hoje é de 4% em alguns estados e 8% em outros) e tributar a distribuição de dividendos, num total de uns R$ 135 bilhões. Com isso, a arrecadação tributária do governo passaria de 34% da renda nacional para 36%. Argumentei que o lado realista da economia se impõe sobre qualquer intenção bondosa. Ora, se o governo tomar mais R$ 135 bilhões da sociedade, é fácil concluir que o consumo das pessoas e o investimentodasempresasvão dimi- nuir, logo, menos empregos serão gerados no setor privado. E há outro aspecto, que grande parte dos políticos parece não entender: se o governo gastar toda a receita nova em aumentos salariais do funcionalismo público já existente, nem um centavo a mais irá para o bolso dos pobres. Ou seja, nesse caso, o setor privado ficará mais pobre (porque perderá R$ 135 bilhões com o aumento de impostos), investirá menos e gerará menos empre- gos, e a população pobre não terá nenhum benefício. No Brasil, há uma clara cultura antilucro e antiempresarial, coisa iló- gica, pois dos 104 milhões de brasi- leiros em condições de trabalhar, 13 milhões (12,5%) trabalham no setor públicoe 91milhões(87,5%) trabalham no setor privado. Se mais dinheiro for tomado das pessoas e das empresas via aumento de tributos, como já dito, menos investimentosserão realizadose menos empre- gos serão geradosno setor privado. A economia é a ciência da realidade, que pode ser dura e difícil. Opaíssomentesairáda pobreza seoprodutonacio- nal crescer mais que o aumento da população, se ogovernofor eficiente,sehouvermenoscorrupção ese todosentenderemque governonãogera recur- sos, mas apenas gasta recursos dos outros. O problema é que se criou no Brasil a ideia de que o lucro é um mal, o rico é um mal. Em uma sociedade livre, um dos pilares do progresso é o direito de propriedade privada, e os meios de produção pertencem às pessoas e às empresas. Em países ricos, o número de pessoas ricas é maior e o padrão de bem-estar social médio é maior. Se o Brasil tivesse o dobro de fábricas, lojas, escritórios, empresas de serviços, máqui- nas, equipamentos, prédios, etc,, haveria o dobro de riqueza, logo, muito mais gente rica. A tal “ciência da bondade” não existe.

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