Diário do Amapá - 06/06/2020

LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANAMELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. ZIULANAMELO Editora Chefe MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIO DE COMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) www.diariodoamapa.com.br iante da pandemia do coronavírus, não demorou muito para as universidades do Brasil adotarem um sistema 100% de educação à distância (EAD). Parece até que tudo já estava planejado. Já os colégios demoraram um poucomais para se adaptar, mas sabendo que o nível de inadimplência das mensalidades aumentaria, também migraram para o EAD. Essa preocupação com o ônus da instituição, muitas vezes camuflada pela própria instituição como uma "preocupação com a educação da crian- ça", fez com que os colégios não pensassem em ummodelo educacional adequado para crianças e jovens, duplicando os já existentes nas universidades. Isso é um problema: não se pode equi- valer o que se aprende na infância (creche e escola) ao que se aprende na vida adulta (faculdade). Ainfância é de suma importân- cia para o desenvolvimento de um indivíduo. Nela, o indivíduo aprende muito mais do que em uma faculdade, cujo conhecimento apreendido é maisespecífico. Nestemomen- to inicial da vida, o indivíduo será apresen- tado à complexidade do mundo, da socie- dade, da cultura, e por meio destas, irá tecer a sua própria complexidade. Cada experiên- cia que um indivíduo sofre nesta épo- ca o transforma de alguma forma: das boas aos traumas, dos sons aos gostos, do calor ao frio, etc.. Reduzir asexperiências da vida de uma criança pode ser crucial para o seu desenvolvimento. Pare- ce que, se ela está segura diante dos aparelhos eletrônicos assistindo a uma aula on-line, ela não sofrerá com as adversidadesda vida e isso será bom. Na realidade, assim como diz o ditado, "bons mares não fazem bons marinheiros". Quanto mais experiências boas e ruins, mais um indivíduo estará preparado para a vida. Experiências como ralar o joelho, não ganhar um jogo, brigar com um colega e ter que pedir desculpas podem trazer muito mais aprendizado do que qualquer outro meio de educação. Lembrando que expe- riências somente boas ou somente ruins uni- lateralizam o indivíduo e sua complexidade também é reduzida. Nesta crise pandêmica e em meio ao importante isolamento social, é quase impos- sível uma instituição promover atividades que demandem um relativo grau de com- plexidade das crianças, visto que a úni- ca solução atual de contato entre indi- víduos tem sido o ambiente audio- visual, as redes sociais, a internet, etc.. Ambiente este que reduz a experiência humana aos sentidos da audição e da visão. Colocar uma criança por horasdiante de uma tela que promove conteúdos supérfluos e estimula a audição e a visão é viciar a criança nos aparelhos eletrônicos; é transformá-las em usuários e não indi- víduos. Nesta época tão importante do desenvolvimento infantil, é necessário que a criança fuja das telas e seja apresentada ao que é dor e alegria; ao azedo, amargo e doce; aos cheiros diversos; às texturas; à profundi- dade tanto do espírito (sujeito) quanto dos objetos. Os aparelhos eletrônicos poderiam, sim, ser uma ferramenta para os pais estarem em contato com os professores e combinarem direções e atividades para cuidar e ensinar as crianças; e até para as crianças matarem a saudade dos amigos e dos professores. Falta ainda pensar e repensar esse sistema educa- cional infantil com a real preocupação no aprendizado da criança. retomada dos empreendimentos públicos e privados em saneamento básico pode ser uma das soluções para diminuir o forte impacto da queda da ativi- dade econômica, provocada pela pandemia do novo coronavírus. Independentemente da aprovação do novomarco legal do sanea- mento, o setor tem demandas em todo ter- ritório brasileiro. A área de infraestrutura deve ser vista como fundamental para retomada do nosso crescimento no período pós-pandemia. Um levantamento do Projeto Infra2038 revela que, para o país chegar ao nível de 77% de estoque de infraestrutura, serão neces- sários recursos financeiros na ordem de R$ 8,7 trilhões em energia, saneamento, logística, entre outros. Uma parcela desse valor pode fazer uma grande diferença. O estudo mostra que 4,7 milhões de empre- gos podem ser criados com R$ 200 bilhões de investimentos. As características inerentes ao setor de saneamento aponta que o retorno dos inves- timentos não será apenas na criação de tra- balho e renda para milhões de brasileiros, mas também na queda significativa de doen- ças relacionadas a veiculação hídrica. O país tem urgência na redução das desigualdades provocadas pela falta de água tratada para 35 milhões de brasileiros e de esgotamento sani- tário para outros 100 milhões de pessoas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), para cada U$S 1 investido em sanea- mento, os governos economizam outros U$S 4 em saúde. Reverter esse quadro requer expressivos investimentos, que podem ocorrer com uma maior participação da iniciativa pri- vada por meio das ferramentas já disponí- veis como concessões, Parcerias Público Privadas (PPPs) entre outras. Investir na diminuição de perdas, por exemplo, pode significar a redução de mais de R$ 10 bilhões de gastos em todo o terri- tório nacional, valor inclusive superior aos investimentos governamentais de alguns dos últimos anos de Norte a Sul do país. Os indicadores mostram uma média próxima a 40% de perdas de água tratada nos estados brasileiros. Para efeitos de comparação, nos EUA, as perdas chegam a 12,8% do total produzido e na Dinamarca, 6,9%. Temos um trabalho muito grande para reduzir esse enorme desperdício de recursos hídricos, suficientes para abastecer aproximadamente 30% da população brasileira. Segundo dados do SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamen- to), o desperdício de água tratada chega a 55,14% na região Norte, sendo 34,14%no Centro-Oeste bra- sileiro. A redução de perdas demanda ain- da o trabalho de revisão das redes. Hoje, 90% dos sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário não têm cadastros confiáveis. Amaioria das cidades brasileiras dispõe de tubulações antigas, com mais de 70 anos de uso, que estão sujeitas a rompimentos a qualquer altera- ção de pressão. O brasileiro está, inclusive, acostumado a encontrar ruas pavimentadas com remendos resultantes do trabalho da companhia de água e esgoto. O setor de saneamento traz boas opor- tunidades que, além de ajudar a impulsio- nar a economia, podem contribuir para reduzir significativamente despesas e ofe- recer um serviço com melhor qualidade para a população.

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