Diário do Amapá - 30/06/2020

LUIZ MELO Diretor Superintendente ZIULANAMELO Diretora de Jornalismo Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional. ZIULANAMELO Editora Chefe MÁRLIO MELO Diretor Administrativo DIÁRIO DE COMUNICAÇÕES LTDA. C.N.P.J: 02.401.125/0001-59 Administração, Redação e Publicidade Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro CEP 68900-101 Macapá (AP) www.diariodoamapa.com.br ser humano mostra sua vulnerabili- dade perante a realidade quando a maioria dos brasileiros, no domingo a noite, telefona para seus parentes. Isto é um gesto humano de solidariedade como também uma carência afetiva e a necessi- dade de encontrar um aliado para o enfren- tamento da concretitude na segunda feira. No mundo atual, encontrar as pessoas desarmadas é como encontrar uma mulher bonita de camisola. Todos estão atirando com motivo ou sem motivo. Para enfrentar a arena da segunda- feira, só armando até os dentes. Nós humanos somos permanentes guer- reiros, com ou sem resultados. Énatural que todo mundo lute, como também deveria ser natural que todos tenham resultados, mas isto é para poucos. Por isto é necessário saber jogar nossas pretensões no calor do fogo e transformar os sonhos em labaredas gigantescas capazes de iluminar nossas estradas de realizações. A cumplicidade dentro da realidade é necessário e o despojamento integral. Aracionalidade humana é nômade; à noi- te, ela adormece, e de dia acorda com valen- tia e faminta. Somos nós, seres humanos, caçadores e presa. Aventuramos-nos nas matas virgens e perigosas deste grande e variadas floresta humana. Somos também presas; como diz o poeta que “ nós humanos só somos raptados pelo afeto”. O desprendimento humano retratado pelos telefonemas de domingo à noite nos joga prepa- rado para a entrada do sol na segun- da. Aprendi a guerrear mudando constantemente.Aumentar a velocida- de e potencialidade das armas de acordo com a resistência dos adversários. E uma bala suave é o que mais acontece nas con- versas dos parentes e amigos nas conversas noturnas de domingo à noite. Como, por exemplo, duas amigas, con- versando e uma no ápice da crise matrimo- nial diz ser insuportável a manutenção do relacionamento dentro do cotidiano. Outra conversas bem provável é a crise no empre- go. Hoje em dia sabemos que atmosfera no ambiente de trabalho está um verdadeiro manicômio. O problema não é o trabalho, mas a difícil arte do relacionamento. O que vemos no mundo contempo- râneo, com os telefonemas de domingo a noite, é um ser humano medroso, carente e inseguro. E estes três requisitos juntos podem desencadear uma crise existen- cial sem precedente. Faça como eu, que, despoja- dos para a vida e para segunda feira mudo constantemente de estraté- gias. Passeio no fim de semana como também na segunda como turistas sem a permanência definitiva e nenhum deles. Obedeço às conve- niências que a vida nos solicita. Pensei até telefonar domingo à noite para o para um grande empresário de âmbito nacional e tenho certeza que desar- maria totalmente, pois apesar de extrema- mente vencedor conserva áurea de ser huma- no penetrável. Hoje estou no time do grande empresário, porém se a segunda feira já foi cruel na atua- lidade é minha praia. Pois aprendi a nadar observando o procedimento do valente tra- balhador vencedor, que, logicamente, se for perguntado porque sua praia é na segunda, ele responderá com consistência é que na segunda a realidade dá sobressaltos, e a maio- ria dos brasileiros, em vez de projetar sobre ela, é inteiramente sufocada, ficando perma- nentemente imobilizados. E tem mais: é na segunda em que as coisas reais desprendem dos sonhos e acontecem. inverno chegou e meu pé de jacatirão (ou manacá-da-serra, que é como se chama essa variedade de jacatirão de inverno) não floresceu. Está completamente seco, morreu. Chegamos de viagem há pou- cos dias, ficamos fora mais de três meses – fomos visitar o neto Rio, em Lisboa e até ficaríamos mais três meses, mas a vó que- brou o braço, então achamos melhor voltar. Ficaríamos menos do que no ano passado, quando ficamos sete meses, mas quem sabe voltamos ainda este ano. Pegamos a florada do jacarandá, em Portugal, de novo, que lá era primavera, e é uma beleza. Então ficamos sem o nosso pé de jacati- rão, omanacá-da-serra. Muita seca por aqui. Dá uma saudadezinha dele, pois os outros tantos pés de jacatirão, por aí, já começaram a florir há mais de mês, espalhando tons de vermelho e vinho por todo lugar. Ano passado, nesta época, meu pé de jacatirão-manacá acabava de estrear, tinha a sua primeira florada normal, completa, embora eu não estivesse aqui.Meu sobrinho me enviava fotos dele. Ooutro pé de mana- cá-da-serra que eu tinha no centro do jardim também havia morrido, uns dois anos antes: eu o podei exageradamente, talvez, e ele não brotoumais.Mas a natureza é mágica e, sem que eu plantasse, cresceu outro pé de manacá-jacatirão no jardim. Pena que eu não estava aqui para cuidar dele, este ano, e acabei perdendo- o, também. As primeiras duas ou trêsflores dele que desabrocharam, comsuas pétalasbrancas, me deixarammuito feliz, pois é como se a primavera visitasse a minha casa, em pleno inverno. Na primeira vez, como que numapré-estreia, foramsópoucasflores. Normalmente, as pétalas de jacatirão, que abrem brancas, vão ficandomais vermelhas, a cada dia, e novas brancas vão aparecendo, para passaremporumdegradê eficaremquase da cordo vinho.Eoprocessovaiserenovando e as cores vão permanecendo. Este ano não plantei amor-perfeito e petú- nias, pois teria que fazer isso no final do outono, e eu não estava aqui, por isso meu jardim está um pouco triste.Ainda bem que alguns hibiscos resistiram e continuam flo- rescendo, duas espécies de orquídeas tam- bém, e aminha coleção de folhagens, aque- las que cada uma tem folhas de cores dife- rentes, eu não lembro o nome. Um pé de azaleia está cheia de botões, felizmente. Também deveria estar colhendo moran- gos, pois é inverno, mas como não pude cuidar deles, não há nem flores nos pés que sobraram. Omanjericão está firme e cheio de folhas, feliz- mente, para temperar peixe, fazer molho pesto e defumar anchovas e tenho, também, cana-limão e ale- crim, para fazer chá e enfrentar a gripe que vempor aí, com o inverno. Mas a sálvia secou e a hortelã tam- bémsumiu, acho que por causa dofrio. Felizmente ainda tenho salsinha, cebo- linha, os temperinhos verdes que não podem faltar. Eles sobreviveram, desta vez. Assimcomoospésde couve, que voureplantar. Emeuspésdemaracujá doce, que planteiantes de viajar, estão vivos, cresceram poucos, mas estãovivos. Estou ansioso para ver suas flores, belíssimas, e comer o seu fruto, delicioso. Um pé de mamão papaia que nasceu sem a gente plantar também está carregadinho. E ainda há tempo para plantar os amores- perfeitos e petúnias, para fazerem companhia aos hibiscos – devo achar mudas para com- prar - e assim deixar mais colorida e feliz a minha horta/jardim. Mesmo sem o pé de jaca- tirão. Ano que vem teremos um verão com eles, de novo, pois vou providenciar um novo pé de manacá-da-serra.

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