Diário do Amapá - 03/03/2020

rio Jari, na região sul do Amapá, vol- ta a ser palco de uma tragédia marí- tima após dois grandes episódios que deixaram, juntos, cerca de 400 mor- tos entre os anos de 1981, com o Novo Ama- pá, e 2002, com o barco Cidade de Óbidos. No final da madrugada do último sábado (29) o navio Anna Karoline III, que havia saído às 18h de sexta-feira (28) do porto de Santana (AP), com destino a Santarém (PA), afundou na boca do rio Jari, distante cerca de 130 quilômetros da sede do município de Laranjal do Jari. Até a manhã desta segun- da-feira (02) havia confirmação de 13 mor- tos, 45 pessoas resgatadas com vida e um número ainda incerto de desaparecidos. A exemplo dos outros dois naufrágios, não houve a divulgação de uma lista oficial de quantas pessoas deixaram o porto de San- tana na embarcação. Corpos estão dentro do navio. O local é de águas turvas e fortes cor- rentezas, por se encontrar na confluência do rio Jarí com o rio Amazonas. Novo Amapá Há 39 anos aconteceu o naufrágio do bar- co Novo Amapá. As dúvidas sobre o que realmente aconteceu naquela noite trágica ainda estão no fundo do rio Cajari, onde dezenas de pessoas permanecem sepultadas. Era noite de 6 de Janeiro de 1981, quando o Novo Amapá naufragou na foz do rio Caja- rí, próximo ao município de Monte Dourado (PA), levando às águas mais de seiscentas pessoas. Mais de trezentas destas perderam a vida e dezenas passaram horas de pânico e desespero, imersas na água e na escuridão. A embarcação, com suporte para trans- portar no máximo 150 pessoas e meia tone- lada de mercadoria, partiu do Porto de San- tana com mais de 600 passageiros e quase uma tonelada de carga comercial. Seu destino era o município interiorano de Monte Dou- rado, com escala em Laranjal do Jari. Como as viagens anteriores duravam em torno de um dia e meio, seu proprietário havia refor- mado-lhe, instalando um motor hidráulico a mais, o que facilitaria na velocidade da embarcação. A lista de despacho, segundo a Capitania dos Portos há época, tinha registrado cerca de 150 pessoas licenciadas pelo despachante Osvaldo Nazaré Colares. Mas, na embarca- ção havia mais de seiscentas vidas. O des- pachante (falecido em abril de 2001,) afir- mou que só foi informado da tal lista após já ter partido há certas horas e que a lista foi deixada sob sua mesa, quando ele estava ausente. Após partir do Porto de Santana por volta das 14hs do dia 6 de Janeiro de 1981, a embarcação tombou aproximadamente às 21hs. Sobreviventes relatam que o barco balançou duas vezes e adernou. A notícia da tragédia chegou à capital no dia seguinte, através de dois sobreviventes. A verdadeira dimensão do desastre ini- ciou quando a imprensa local divulgou a lista de despacho na qual constava que somente 146 pessoas haviam sido liberadas para via- jar, enquanto que na embarcação havia mais de seiscentas pessoas. Os corpos foram sepultados em cova coletiva no município de Santana. Muitos ficaram no fundo do rio. Cidade de Óbidos Após o acidente com o Novo Amapá, em 26 de janeiro de 2002, o estado registraria uma nova tragédia. O barco Cidade de Óbi- dos I afundaria por volta de 5h da manhã na região de Jarilândia, próximo ao município de Laranjal do Jarí. Sete pessoas morreram, entre elas, a jornalista Simone Teran. Estimasse que 180 pessoas estariam a bor- do. A embarcação transportava políticos e correligionários que participariam do lança- mento da candidatura da então deputada fede- ral Fátima Pelaes ao governo do Amapá. A embarcação havia deixado o Porto de Santana na tarde do dia (25), com destino a Laranjal do Jarí. No final da madrugada do dia 26 a embarcação colidiu com a balsa Magalhães. A colisão abriu um buraco no lado esquerdo do casco do Cidade de Óbidos, fazendo com que afundasse rapidamente.

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