Diário do Amapá - 15 e 16/03/2020

Umaequipede jornalistasdoChile desem- barcou em Macapá na semana passada com o propósito de registrar as agora já famosas ondas de pororoca do Amapá. O destino era a Foz do Rio Araguari, na Costa do Estado. Mas estranhas mudanças no meio ambiente por lá deixaram o rio muito raso e as ondas pequenas demais. Foi então que decidiram seguir os conselhos de um guia de turismo e foram até o Rio Flexal, município de Ama- pá, onde finalmente puderam pegar ondas dignas se de mostrar no principal canal de televisão de Santiago do Chile. Serão dois programas distintos a exibir as matérias. O guia em questão é um profissional dos mas conceituados por aqui, Marcelo de Sá, 38 anos, que abriu sua própria agência para apoiar este tipo de expedição, a Guia Norte Turismo, fundada em 2011. Ele já trabalhou com gente famosa, como o jornalista e bió- logo Richard Rasmussem. Marcelo é voca- cionado para o turismo de aventura. Skatis- ta desde a adolescência, gosta de kitesurfe e atua também junto a turistas que apreciam observação de pássaros, expedições, trilhas, surfe na pororoca e pesca esportiva. Segundo Marcelo, os jornalistas do Chi- le vieram sabendo do enorme potencial do surfe na pororoca. “Era um casal de apre- sentadores de televisãode láque sabempegar onda. Eles ficaram impressionados e gosta- ram muito do que viram aqui”, diz o guia. O jornalista Ricardo e sua colega Kamila não sósurfaramcomo também recomendaram se conhecer o Amapá. “A pororoca do Amapá é uma coisa extraordinária e que tem que ser valorizada”, disse o jornalista chileno. Marcelose disse orgulhosocom ocresci- mentodesta modalidadede turismonoAma- pá edizqueainda é precisoprovidenciarmui- to mais apoioparaessa atividade. “Na Ama- zônia é tudomais difícil, as distâncias na flo- resta são muito grandes e as dificuldades de transporte também. Muita coisa ainda não foi formatada para atender ao turista”, diz ele, que admite ter contado com a boa von- tade dos chilenos, que encararam oito horas de voadeira de Ferreira Gomes a Cutias. A jornada dos jornalistas chilenos pela Amazônia Legal começou em Tabatinga (AM), com passagens por Santarém (PA) e pela Ilha doMarajó.O guia Marcelode Sá é formado pelo CEPA (Centro de Formação Profissional do Amapá) e também possui o curso de Técnico em Meio Ambiente pelo antigo CRDS (Centro de Referência do Desenvolvimento Sustentável). Recordistada maioronda de pororoca domundo,em 2005,SerginhoLausmanifestou-serecentementedizen- doque aonda da Pororoca doRioAraguarivem sofren- doefeitodepreciativoe de forma estranha desde quan- doela foi descoberta. O surfista vaisolicitaras autori- dades,principalmente aogovernoamapaensepara mon- tar uma equipe de pesquisadores para estudar o pro- blema.Desde quandoosurfista surfoua Pororoca pela primeira vez, ele lembra que a Pororoca tinha uma dimensão diferente, que ele viu na onda desse ano. “Tudo mudou na Pororoca do rio Araguari! O rio está muitosecoe perigoso.Nunca via água com tanta lama e olhaquesão13anos de expedições no local”comen- tou Laus na rede social. Em conversa com alguns ribeirinhos da região do Rio Araguary, Laus obteve informações que podem está provocando o problema no fenômeno natural da região. “Uns dizem que alguns igarapés estão rouban- do a vazão de água, outros já dizem que a hidroelétri- ca de Ferreira Gomesestá impedindoa força das águas da nascente do rio para que a água possa correr mais” citou.SerginhoLausdescreveuque apreocupaçãodele não é só surfar a maior onda do mundo por puro pra- zer e praticar esportes, mas a preservação do meio ambiente e a vida da região. “Em breve estarei solici- tando uma reunião com as autoridades para pesquisar essa questão. O fato é que as comunidades estão com dificuldades de abastecimento de água boa, e o surf com poucos pontos de onda realmente boa. Não pos- so reclamar, pois surfei altas, mas meu objetivo não é somente o surf, mas sim, o que isso pode causar para os meusamigos ribeirinhose o futuro damelhore mais poderosa pororoca do mundo”, concluiu. Pororoca é um fenômeno natural caracterizado por grandes e violentas ondas que são formadasa partirdo encontro das águas do mar com as águas do rio. Exis- tem várias explicações para este fenômeno, masa prin- cipaldiz que sua causa deve-se à mudança das fases da lua, principalmente nos equinóciosque aumenta a pro- pensão da massa líquida dos oceanos proporcionando grande barulho. Na regiãoAmazônica,ocorre esta elevaçãode água que chega a 6 metros de altura a uma velocidade de 30 quilômetros por hora. Pode-se prever a pororoca com duas horas de antecedência, pois a força da água vin- da da cabeceiraprovoca umbarulhomuito fortee incon- fundível. Momentos antes de sua chegada cessa o barulho e então reina o silêncio. Este é o sinal de que é melhor procurar um local seguro para que a força da água não cause nenhum estrago. Hoje,a pororoca tornou-se atra- ção turística. Acontecem campeonatosde surfna poro- roca onde o vencedor é aquele que permanece mais tempo sobre a onda. Foto:Divulgação

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