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Acaba de desembarcar
no Brasil um remédio oral
que pode melhorar bastan-
te a vida de mulheres com
câncer de mama avançado
– estima-se que de 20 a
50% delas chegue a essa
fase, quando a doença
invade outros órgãos.
Aprovado pela Agência
Nacional de Vigilância
Sanitária, o comprimido
ribociclibe, da farmacêuti-
ca Novartis, mostrou ser
um bom inimigo contra o
tumor, ao mesmo tempo
que provoca efeitos cola-
terais aceitáveis.
“Ele faz parte de uma
classe nova de medica-
mentos, que inibe proteí-
nas responsáveis por ace-
lerar o crescimento celular
do câncer”, ensina o médi-
co Sergio Simon, presi-
dente da Sociedade Brasi-
leira de Oncologia Clínica
(Sboc). “Com isso, a doen-
ça para de crescer e vai
regredindo aos poucos”,
completa.
Segundo Simon, o fár-
maco em questão possui
uma ação sinérgica com a
hormonioterapia. Ambos
atuam freando a multipli-
cação celular, por dife-
rentes vias. Até por isso,
ele é indicado em conjun-
to com a hormonioterapia.
O ribociclibe vira uma
primeira opção de trata-
mento contra o câncer de
mama avançado com
receptores para hormônios
sexuais (marcados pela
sigla RH+) e sem o gene
HER 2 (ou HER 2 negati-
vo). Essas particularidades
são descobertas por meio
de exames após o diagnós-
tico – e correspondem a
69% dos casos de tumores
nos seios, avançados ou
não.
Benefícios contra o cân-
cer de mama em números
O remédio, em conjun-
to com a hormonioterapia,
reduziu em 43% o risco de
progressão da doença. Isso
em comparação com o uso
isolado de hormonioterá-
picos. Após oito semanas
do tratamento, 76% das
pacientes envolvidas na
pesquisa que garantiu a
aprovação na Anvisa viram
seu câncer regredir signi-
ficativamente.
“Ainda não temos
dados de mortalidade, por-
que os estudos continuam
em andamento, comparan-
do mulheres que receberam
o ribociclibe com outras
que seguem o tratamento
padrão”, explica Simon.
“Mas é provável que a dro-
ga aumente a chance de
sobrevida global também”,
arremata. No mais, essa
nova classe de medica-
mentos traz efeitos colate-
rais bem mais brandos do
que a quimioterapia. Ela
pode acarretar, por exem-
plo, uma queda no número
de células de defesa do
organismo. Mas a boa nova
é que isso, ao menos nos
estudos, não foi associado
ao surgimento de infecções
graves.
E estamos falando de
pílulas, mais fáceis de
serem administradas do
que infusões de quimiote-
rapia.
Outros membros
da turma
Poucos meses antes, a
Anvisa também aprovou o
palbociclibe, da Pfizer.
Trata-se de uma opção
muito parecida com o ribo-
ciclibe, de acordo com
Simon.
“O mecanismo de ação
é similar e os resultados
das pesquisas também”, diz
o médico. “A opção entre
um e outro vai depender
mais da disponibilidade do
produto, do preço e por aí
vai”, conclui.
Ter uma opção adicio-
nal no mercado pode, por-
tanto, baixar o custo des-
ses remédios, que não são
baratos e, infelizmente,
estão longe do sistema
público de saúde.
Mais: há no horizonte
uma terceira medicação
com as mesmas caracterís-
ticas. Batizada de abema-
ciclibe (e produzida pela
farmacêutica Eli Lilly), ela
já está autorizado nos Esta-
dos Unidos. Esse remédio,
ao contrário dos dois
outros, foi testado com
sucesso sem o comple-
mento da hormonioterapia
– ou seja, será uma alter-
nativa para quem não pode
recorrer a ela.