Previous Page  21 / 32 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 21 / 32 Next Page
Page Background

www.diariodoamapa.com.br

e

DIÁRIO DO AMAPÁ

e

DOMINGO E SEGUNDA-FEIRA 105 E 06 DE JANEIRO DE 2020

e

DIRETOR SUPERINTENDENTE LUIZ MELO

Tragédia do barco Novo Amapá

completa 39 anos nesta segunda-feira

e

pág. 3

Na coluna social, cantora Karol Diva,

em visita ao Diário

pág.4

Faltam 48 dias para odesfile

dasEscolas de Samba

pág. 7

Powos Y1nom1ml • Y1'kw1n1

l1n~1m

chocol1t com c1c1u n1tlvo d1 A111116nl1

' '

Oglito "Fora Galimpo!" que ecoa contra a invasão

de 20 mil galimpeiros na Terra Indígena Yano–

mami ganhou o reforço de um produto único, capaz

de mostrar em poucos gramas o valor inestimável da flo–

resta em pé, do terlitólio preservado e do conhecimento

tradícional Yanomami e Ye'kwana.

O primeiro lote de Chocolate Yanomami, que foi apre–

sentado ao público no Mercado de Pinheiros, em São Pau–

lo, é produzido com cacau nativo beneficiado na comu–

nidade Waikás e transformado em 1.000 barras de 50g

pelo chocolatier César de Mendes, no Pará.

Sua formulação conta com69% de cacau, 2% de man–

teiga de cacau e 29% de rapadura orgánica.

"As

entidades da floresta desceram aqui na fáblica e

trouxeram um perfume que não tínhamos expelimentado

antes.

É

fora da curva", biincaMendes. "Ele éum chocolate

com presença na boca. Tem persistência prolongada e

agradável, com doce equilibrado."

A ideia de produzir um chocolate partiu de lideranças

Ye'kwana, que buscavam gerar renda adicional para as

comunidades e bater de frente com a lógica destrutiva do

garimpo, que assedia e ameaça as comunidades. Os

Ye'kwana se deram conta de que a floresta oferece outro

"ouro": ocacau nativo. O fruto que dá oligemao chocolate

é endêmico na área.

Em julho de 2018, teve lugar na comunidade Waikás

uma oficina promovida pela Associação Wanasseduume

Ye'kwana, com apoio do Instituto Socioambiental (ISA)

e parceria do Instituto ATÁ, para que Mendes mostrasse

aos indígenas de diferentes comunidades as técnicas de

colheita e processamento dos frutos do cacau para pro–

dução da matéria-plima para chocolates finos.

Naquela oponunidade, algo histólico aconteceu: foi

produzida a primeira barra de chocolate da história da

Terra Indígena Yanomami.

"Nós temos muitos conhecimentos da floresta. Fazemos

cestaria, artesanato evimos que esse nosso conhecimento

pode gerar renda para as comunidades", explica Júlio

Ye'kwana, liderança local que estará em São Paulo para

o lançamento de seu produto. "A gente estuda na cidade

que o chocolate é feito do cacau. E vimos que uma plan-

Lote produzido pelo chocolatier César

de

Mendes resulta

da

primeira safra

da

Terra Indígena

Yanomami

{RRJ.

tação de cacau seria uma alternativa ao garimpo", diz ele

sobre os próximos passos do projeto, como o plantio de

até 7 mil pés de cacau até 2021.

Para ele, odesenvolvimento do trabalho com ocacau é

uma maneira de mostrar ao mundo a realidade e o modo

devida das comunidades, alémde serbome saudável. "Nós

temos Iiqueza na natureza e nãono subsolo. Temos Iiqueza

aqui em cima e não precisa destruir. Em vez de destruir a

gente planta mais, semdeixar fenda na nossa terra. Anatu–

reza não vai ficar irritada", diz Júlio. A previsão é que um

total de 1.142 pessoas, de cinco comunidades, sejambene–

ficiadas pelo projeto do Chocolate Yanomami.

Segundo Júlio Ye'kwana, as comunidades estão anima–

das para trabalhar com o cacau e acreditam que, como o

chocolate, iniciativas para gerar renda de forma sustentável

são estratégicas paraoferecer alternativas ao

galimpo,

sobre–

tudo para os indígenas maisjovens.Comaintençãodo pre–

sidenteJairBolsonarode liberar

gaiimpo

em terras indígenas

- e de afirmar reiteradas vezes seu interesse na Terra Indí-

gena Yanomami - a relevância destas iniciativas ' '

fica ainda maior para unir as comunidades e forta-

lecer a resistência contras os invasores e inimigos.