

e
DIÁRIO DO AMAPÁ
e
SEXTA-FEIRA 117 DE JANEIRO DE 2020
LUIZ MELO
ZIULANA MELO
ZIULANA MELO
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MÁRLIOMELO
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conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem
sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o
debate dos problemas amapaenses e do país. O
Diário do Amapá
busca levantar e fomentar
debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as
diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional.
e
DEBORA DINIZ
Articulista
Acura gay, opesquisador eooperário
&&
Estudar ou atender" não são verbos rsinô–
nimos.
Estudar diz respeito
à
liberdade de pensa–
mento ou de prática científica; atender diz res–
peito ao cumprimento das boas práticas da ciên–
cia estabelecida.
Em termos simples, o pesquisador deve ser
um eterno estudante, fazendo perguntas ainda
sem respostas; o profissional é o que reproduz
a ciência estabelecida, um operário do conhe–
cimento.
Se o operário do conhecimento inventar novi–
dades rejeitadas pelo campo pode ser conside–
rado um charlatão.
Precisamos que psicólogos pesquisadores
estejam nas universidades, e psicólogos de assis–
tência nos hospitais, nas escolas ou nos presí–
dios.
Do primeiro, queremos boas ideias subme–
tidas ao escrutínio da comunidade acadêmica:
isto significam pesquisas com financiamento,
cumprimento de regras de ética em pesquisa,
submissão de artigos a periódicos con–
fiáveis da comunicação acadêmica.
Do segundo, queremos bons pro–
fissionais, bem treinados no que há
de mais seguro no conhecimento
científico. Não queremos, jamais,
misturar os dois personagens, por isso
"estudar ou atender" não se confun–
dem.
O juiz Waldemar Claudio de Carva–
lho confundiu o pesquisador com o pro–
fissional ao revogar parcialmente a resolução
do Conselho Federal de Psicologia que proibia
terapias de reversão sexual, também conhecidas
como "cura gay". O erro foi grave, pois presume
que todo psicólogo é pesquisador. Não é nem
pode ser.
Um psicólogo clínico deve operar de acordo
com os protocolos da ciência, por isso importa
o que diz a Organização Mundial de Saúde
sobre homossexualidade não ser doença. Sus–
tentar hipótese contrária é exercício de liber-
e
VIVIAN DE JESUS CORREIA E SILVA
Articulista
Por que não dá para dialogar comomachismo?
E
le anda na frente e deixa a mulher andando
mais para trás.Não quer andarao lado dela,
ou dar as mãos. Sempre com pressa, não
presta atenção. Corta o assunto.
Também acha desnecessário elogiar. De
repente, ela se percebe falando sozinha. Raiva,
tristeza, rejeição? Não. Agradece, mulher!
A mulher podia dizer assim: "obrigada por
me deixar falando sozinha, querido, percebique,
falando sozinha estou mais acompanhada, do
que quando eu achava que estava falando com
alguém como você." Ou ainda, outra sugestão:
"obrigada amorzinho por mudar completamente
de assunto enquanto eu te abria meu coração,
assim e só assim percebi que não preciso mostrar
nada de mim para você".
Obviamente, tudo isso também pode e deve
ser transportado para a realidade masculina. Os
homens também sofrem. E sabemos que não dá,
simplesmente, para levantar e ir embora, para
tenninar com ele/ela é mais difícilporque ele/ela
se disfarça e volta. Com outra cor de olho, com
outro tipo de cabelo.Muda até de nome e de pro–
fissão. Só que as ações, ah, as atitudes são as
mesmas. Saiba reconhecer esse tipo socialdenrro
ou fora de você, independente do seu sexo:
- Pára de acreditar que, para cada homem
existirá uma mulher para completá-lo e para cada
mulher existirá nalgum lugar um homem para
completá-la.
- Pára de dizer que as coisas certas tem hora
certa para acontecer. Temos 24 horas por dia
para fazer o que é certo. Vai ter que se mexer,
mudar, enfim, não tem jeito.
- Para de querer a companhia de alguém para
tersegurança. Prorure você mesmo pela sua segu–
rança, olhe melhor para entender a si mesmo e
aos seus medos. Existe apoio profissional para
isso e fica mais barato que a cervejinha semanal.
- Pára de querer colocar um macho em casa
ou de induzir alguém a achar que isso é mesmo
necessário.
- Pára de procurar ajuda masculina ou femi-
nina para criar seu filho. Asswna a crian–
ça que você fez e faça mais do que pagar
as contas ou contratar a babá ou esco–
lher a escola. Faça companhia.
Depois de refletir wn pouco, des-
confia se:
J
0
1") Ele/ela não quer participar da
sua rotina nas coisas simples. Isso não
é um vínculo afetivo decente. Dizer
~
O
que ama e deixar a louça acumulada é __,,_'
um retrocesso afetivo desnecessário na
vida de qualquer ser humano.
2º) Ele não aceita receber uma carona sua.
Um homem que ainda estranha uma mulher
que dirige e se sente desconfortável com isso é,
no núnimo, wn ser fora do planeta.
3") Ela sempre quer uma carona sua. Uma
mulher que não garante seu próprio deslocamento
é no mínimo um ser que pode estar mais afim
das suas quatro rodas do que de seus bilhões de
neurônios.
4") Alguém que, para se sentir bem, precisa
fazer a mulher/homem se sentir mal. Piadinhas
não são inocentes, são formas de dizer para você,
covardemente, osvalores que a pessoa apregoa,
mas não assume; pratica, mas não percebe.
5") Ele/ela quer te convidar para conhecer (e
te converter) para a religião dele(a) mas ainda
não se deu ao trabalho de perguntar qual é a sua.
6°) Você está na carência?Talvez seja o sub–
produto de um relacionamento onde alguém está
te rejeitando, não cumprindo os combinados,
não dormindo junto depois do prazer, não aten–
dendo aos apelos por reciprocidade.
7°)
Vocês são muito ocupados e vivem can–
sados e estão endividados.Todo mundo está nes–
sa. Por isso, ninguém precisa limpar o banheiro
da casa de ninguém ou pagar as contas de nin–
guém. Ou lavar e estender a roupa de ninguém.
E se moram juntos, vale uma escala, escrita
no papel e pendurada atrás da porta, com direito
a assinalar um X na data da realização da obri–
gação e de quem pagou o quê.
''
Se
o
operário
docOJJJJecimeulo iDveular
novidades
rejeiladas
pelo
campapode
ser
coJJSiderado
WJJ
c!Jarlalão.
''
dade científica, mas o espaço não é o
consultório, mas a universidade. E a
resolução do Conselho em nenhum
momento proibiu ninguém de estu–
dar. Não há plena liberdade cientí–
fica para o exercício das profissões,
por isso os conselhos são fundamen–
tais para regular as fronteiras entre
ciência e charlatanice.
Um psicólogo que deseje desafiar os
consensos do campo deve se submeter às
regras da ciência - sua hipótese precisa ser
reconhecida como válida para a comunidade
científica e somente após seu teste é que pode
ser incorporada na prática do cuidado.
Se um psicólogo deseja "aprofundar" seus
conhecimentos, como diz o juiz na sentença,
ele deve procurar os centros de pesquisa e não
abusar de seus pacientes com promessas de
assistência rejeitadas pela ciência
Porque dessa, ninguém escapa. Nas
tarefas doméstkas, ninguém ajuda nin–
guém. Nas contas, ninguém ajuda nin-
_)••91111111.
_
guém. Trata-se de uma obrigação
mútua para qualquer ser vivo que
habita o ambiente doméstico:homens,
mulheres, idosos, crianças e adoles–
centes.Todos comem,bebem e sujam
e tem obrigações a cumprir. E se você
não se sentir
à
vontade para fazer essa
lista óbvia de distribuição de tarefas que
•
•r
estão correndo de forma injusta,volte para
e
o primeiro item da lista.
Luta com mais força para a remosão dessa
•
semente que plantaram aí no seu peito.E dela que
germina a erva venenosa que
vai
te matar e acabar
com todas as familias.
''
Obviamente,
tudo
isso
também
pode e
deve ser
transportado para a
realidade masculina.
Os
homens também
sofrem.E
sabemos que não
dá,
simplesmente,
para
levantar
e
ir
embora.
''
Ela se alimenta da sua alegria e da sua saúde
e, de troco, ainda alimenta todas as suas insegu–
ranças e o pior de todos os seus medos.
Para matar o machismo não precisa se afastar
dos homens.Nem culpar as mulheres, elas já car–
regam culpas demais.Até a Bíblia fala que foipor
causa delas que perdemos o paraíso. Faça um ser–
viço social e ético para a humanidade inteira. Mata
o machismo dentro de você, todos os dias. Vigia
suas atitudes.
Dicas? Deseduque as crianças dessa escola
do mal. Dê bonecas aos meninos e carrinhos para
as meninas. Quem sabe elas poderão dirigir mais
cedo e se responsabilizar logo pelas próprias des–
pesas. E quem sabe eles sejam pais mais presen-
tes e carinhosos e, por isso, mais felizes. Assuma
o risco de fazer, sem reclamar, um bolo com seu
filho adolescente e pregar, sem xingar, umas pra–
teleiras com a sua filha de sete anos.
É
difícil e
todos nós estamos aprendendo.Tenha paciência.
E insista sete vezes sete.
Mesmo que cause dor, não dá para aceitar na
nossa vida pessoas que não venham para somar.
Porque, fatalmente, ela/ele vai te subtrair das tuas
reseIVas mais importantes. O machismo não deseja
dialogar com ninguém