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e

DIÁRIO DO AMAPÁ

e

SEXTA-FEIRA 117 DE JANEIRO DE 2020

LUIZ MELO

ZIULANA MELO

ZIULANA MELO

Editora Chefe

MÁRLIOMELO

Direror Adminisrralivo

Direror Superimendeme Dirernra de Jornalismo

COMPROMISSO COM ANOTÍCIA

DIÁRIO DE COMUNICAÇÕES LTDA.

C.N.P.J: 02.401.125/0001-59

Administração, Redação e Publicidade

Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro

CEP 68900-101 Macapá (AP)

Fone: 99165-4286

www.diariodoamapa.com.br

Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os

conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem

sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o

debate dos problemas amapaenses e do país. O

Diário do Amapá

busca levantar e fomentar

debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as

diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional.

e

DEBORA DINIZ

Articulista

Acura gay, opesquisador eooperário

&&

Estudar ou atender" não são verbos rsinô–

nimos.

Estudar diz respeito

à

liberdade de pensa–

mento ou de prática científica; atender diz res–

peito ao cumprimento das boas práticas da ciên–

cia estabelecida.

Em termos simples, o pesquisador deve ser

um eterno estudante, fazendo perguntas ainda

sem respostas; o profissional é o que reproduz

a ciência estabelecida, um operário do conhe–

cimento.

Se o operário do conhecimento inventar novi–

dades rejeitadas pelo campo pode ser conside–

rado um charlatão.

Precisamos que psicólogos pesquisadores

estejam nas universidades, e psicólogos de assis–

tência nos hospitais, nas escolas ou nos presí–

dios.

Do primeiro, queremos boas ideias subme–

tidas ao escrutínio da comunidade acadêmica:

isto significam pesquisas com financiamento,

cumprimento de regras de ética em pesquisa,

submissão de artigos a periódicos con–

fiáveis da comunicação acadêmica.

Do segundo, queremos bons pro–

fissionais, bem treinados no que há

de mais seguro no conhecimento

científico. Não queremos, jamais,

misturar os dois personagens, por isso

"estudar ou atender" não se confun–

dem.

O juiz Waldemar Claudio de Carva–

lho confundiu o pesquisador com o pro–

fissional ao revogar parcialmente a resolução

do Conselho Federal de Psicologia que proibia

terapias de reversão sexual, também conhecidas

como "cura gay". O erro foi grave, pois presume

que todo psicólogo é pesquisador. Não é nem

pode ser.

Um psicólogo clínico deve operar de acordo

com os protocolos da ciência, por isso importa

o que diz a Organização Mundial de Saúde

sobre homossexualidade não ser doença. Sus–

tentar hipótese contrária é exercício de liber-

e

VIVIAN DE JESUS CORREIA E SILVA

Articulista

Por que não dá para dialogar comomachismo?

E

le anda na frente e deixa a mulher andando

mais para trás.Não quer andarao lado dela,

ou dar as mãos. Sempre com pressa, não

presta atenção. Corta o assunto.

Também acha desnecessário elogiar. De

repente, ela se percebe falando sozinha. Raiva,

tristeza, rejeição? Não. Agradece, mulher!

A mulher podia dizer assim: "obrigada por

me deixar falando sozinha, querido, percebique,

falando sozinha estou mais acompanhada, do

que quando eu achava que estava falando com

alguém como você." Ou ainda, outra sugestão:

"obrigada amorzinho por mudar completamente

de assunto enquanto eu te abria meu coração,

assim e só assim percebi que não preciso mostrar

nada de mim para você".

Obviamente, tudo isso também pode e deve

ser transportado para a realidade masculina. Os

homens também sofrem. E sabemos que não dá,

simplesmente, para levantar e ir embora, para

tenninar com ele/ela é mais difícilporque ele/ela

se disfarça e volta. Com outra cor de olho, com

outro tipo de cabelo.Muda até de nome e de pro–

fissão. Só que as ações, ah, as atitudes são as

mesmas. Saiba reconhecer esse tipo socialdenrro

ou fora de você, independente do seu sexo:

- Pára de acreditar que, para cada homem

existirá uma mulher para completá-lo e para cada

mulher existirá nalgum lugar um homem para

completá-la.

- Pára de dizer que as coisas certas tem hora

certa para acontecer. Temos 24 horas por dia

para fazer o que é certo. Vai ter que se mexer,

mudar, enfim, não tem jeito.

- Para de querer a companhia de alguém para

tersegurança. Prorure você mesmo pela sua segu–

rança, olhe melhor para entender a si mesmo e

aos seus medos. Existe apoio profissional para

isso e fica mais barato que a cervejinha semanal.

- Pára de querer colocar um macho em casa

ou de induzir alguém a achar que isso é mesmo

necessário.

- Pára de procurar ajuda masculina ou femi-

nina para criar seu filho. Asswna a crian–

ça que você fez e faça mais do que pagar

as contas ou contratar a babá ou esco–

lher a escola. Faça companhia.

Depois de refletir wn pouco, des-

confia se:

J

0

1") Ele/ela não quer participar da

sua rotina nas coisas simples. Isso não

é um vínculo afetivo decente. Dizer

~

O

que ama e deixar a louça acumulada é __,,_'

um retrocesso afetivo desnecessário na

vida de qualquer ser humano.

2º) Ele não aceita receber uma carona sua.

Um homem que ainda estranha uma mulher

que dirige e se sente desconfortável com isso é,

no núnimo, wn ser fora do planeta.

3") Ela sempre quer uma carona sua. Uma

mulher que não garante seu próprio deslocamento

é no mínimo um ser que pode estar mais afim

das suas quatro rodas do que de seus bilhões de

neurônios.

4") Alguém que, para se sentir bem, precisa

fazer a mulher/homem se sentir mal. Piadinhas

não são inocentes, são formas de dizer para você,

covardemente, osvalores que a pessoa apregoa,

mas não assume; pratica, mas não percebe.

5") Ele/ela quer te convidar para conhecer (e

te converter) para a religião dele(a) mas ainda

não se deu ao trabalho de perguntar qual é a sua.

6°) Você está na carência?Talvez seja o sub–

produto de um relacionamento onde alguém está

te rejeitando, não cumprindo os combinados,

não dormindo junto depois do prazer, não aten–

dendo aos apelos por reciprocidade.

7°)

Vocês são muito ocupados e vivem can–

sados e estão endividados.Todo mundo está nes–

sa. Por isso, ninguém precisa limpar o banheiro

da casa de ninguém ou pagar as contas de nin–

guém. Ou lavar e estender a roupa de ninguém.

E se moram juntos, vale uma escala, escrita

no papel e pendurada atrás da porta, com direito

a assinalar um X na data da realização da obri–

gação e de quem pagou o quê.

''

Se

o

operário

docOJJJJecimeulo iDveular

novidades

rejeiladas

pelo

campapode

ser

coJJSiderado

WJJ

c!Jarlalão.

''

dade científica, mas o espaço não é o

consultório, mas a universidade. E a

resolução do Conselho em nenhum

momento proibiu ninguém de estu–

dar. Não há plena liberdade cientí–

fica para o exercício das profissões,

por isso os conselhos são fundamen–

tais para regular as fronteiras entre

ciência e charlatanice.

Um psicólogo que deseje desafiar os

consensos do campo deve se submeter às

regras da ciência - sua hipótese precisa ser

reconhecida como válida para a comunidade

científica e somente após seu teste é que pode

ser incorporada na prática do cuidado.

Se um psicólogo deseja "aprofundar" seus

conhecimentos, como diz o juiz na sentença,

ele deve procurar os centros de pesquisa e não

abusar de seus pacientes com promessas de

assistência rejeitadas pela ciência

Porque dessa, ninguém escapa. Nas

tarefas doméstkas, ninguém ajuda nin–

guém. Nas contas, ninguém ajuda nin-

_)••91111111.

_

guém. Trata-se de uma obrigação

mútua para qualquer ser vivo que

habita o ambiente doméstico:homens,

mulheres, idosos, crianças e adoles–

centes.Todos comem,bebem e sujam

e tem obrigações a cumprir. E se você

não se sentir

à

vontade para fazer essa

lista óbvia de distribuição de tarefas que

•r

estão correndo de forma injusta,volte para

e

o primeiro item da lista.

Luta com mais força para a remosão dessa

semente que plantaram aí no seu peito.E dela que

germina a erva venenosa que

vai

te matar e acabar

com todas as familias.

''

Obviamente,

tudo

isso

também

pode e

deve ser

transportado para a

realidade masculina.

Os

homens também

sofrem.E

sabemos que não

dá,

simplesmente,

para

levantar

e

ir

embora.

''

Ela se alimenta da sua alegria e da sua saúde

e, de troco, ainda alimenta todas as suas insegu–

ranças e o pior de todos os seus medos.

Para matar o machismo não precisa se afastar

dos homens.Nem culpar as mulheres, elas já car–

regam culpas demais.Até a Bíblia fala que foipor

causa delas que perdemos o paraíso. Faça um ser–

viço social e ético para a humanidade inteira. Mata

o machismo dentro de você, todos os dias. Vigia

suas atitudes.

Dicas? Deseduque as crianças dessa escola

do mal. Dê bonecas aos meninos e carrinhos para

as meninas. Quem sabe elas poderão dirigir mais

cedo e se responsabilizar logo pelas próprias des–

pesas. E quem sabe eles sejam pais mais presen-

tes e carinhosos e, por isso, mais felizes. Assuma

o risco de fazer, sem reclamar, um bolo com seu

filho adolescente e pregar, sem xingar, umas pra–

teleiras com a sua filha de sete anos.

É

difícil e

todos nós estamos aprendendo.Tenha paciência.

E insista sete vezes sete.

Mesmo que cause dor, não dá para aceitar na

nossa vida pessoas que não venham para somar.

Porque, fatalmente, ela/ele vai te subtrair das tuas

reseIVas mais importantes. O machismo não deseja

dialogar com ninguém