O DIÁRIO DO AMAPÁ O SÁBADO 118 DE JANEIRO DE 2020
LUIZ MELO
ZIULANA MELO
ZIULANA MELO
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conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem
sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o
debate dos problemas amapaenses e do país. O
Diário do Amapá
busca levantar e fomentar
debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as
diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional.
e
ZAIR CANDIDO DE OLIVEIRA NETTO - DOUTORANDO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
Articulista
Sim ao esporte enão ao assédio
E
m janeiro, o ex-médico da seleção
americana de ginástica feminina,
Larry Nassar, foi condenado a cum–
prir pena de 40 a 175 anos de prisão por
abusar sexualmente de atletas. Em abril,
foi a vez do Brasil se chocar. O ex-téc–
nico da seleção brasileira de ginástica
artística, Fernando de Carvalho Lopes,
foi acusado de praticar abusos sexuais
em atletas. Um fato gravíssimo, que colo–
ca a sociedade brasileira em alerta sobre
esse assunto.
A questão do assédio sexual por parte
de alguns adultos criminosos pode acon–
tecer em várias esferas da sociedade,
especificamente no esporte, pelo contato
direto da criança com o adulto na correção
dos exercícios (situação na qual o contato
é mais próximo) e, principalmente, nos
esportes individuais, nos quais a iniciação
acontece mais cedo que nos esportes cole–
tivos - dessa forma, a criança, sendo mais
nova, é mais facilmente envolvida em
situações de abuso sexual.
Como podemos ficar atentos a essa
situação preocupante? Não podemos
generalizar: há muito mais pessoas
idõneas envolvidas no esporte que
perversas. Para que tenhamos
tranquilidade, se faz necessária
a participação da família no pro–
cesso de iniciação esportiva. E
no esporte, em geral, é necessá–
rio observar o ambiente onde são
praticadas as atividades esporti–
vas, como a equipe técnica está
envolvida, se há uma equipe ou
apenas uma pessoa comandando as
atividades com as crianças e, princi–
palmente, os feedbacks dados por seus
filhos após as atividades. Mesmo que a
criança não tenha ideia de determinados
gestos, todas as informações dadas por
ela são importantes para a condução na
iniciação esportiva. A participação da
família é fundamental neste processo.
Certamente devem ter acontecido
vários casos dessa natureza no esporte
brasileiro, que não vieram à tona por
diversos motivos - entre eles a coação
dos atletas em função de benefícios finan–
ceiros ou na ascensão da carreira do atle–
ta. Os treinadores detêm o poder de sele-
''
Há
muito mais
pessoas
idôneas
envolvidas
no
esporte
que
perversas
''
cionar e indicar, em muitos dos
casos, o direcionamento para
obtenção de recursos financeiros.
A influência para participações
em seleções municipais, esta–
duais e nacionais também pode
ser um fator de repressão dos
atletas na divulgação de deter–
minados atos criminosos.
A sociedade deve estar atenta e
denunciar qualquer tipo de assédio,
seja moral ou sexual. Não podemos per–
mitir que uma minoria contamine o traba–
lho virtuoso do esporte, os vários projetos
sociais que temos hoje no Brasil afora, os
centros de treinamento qualificados e pro–
fissionais competentes envolvidos e lutando
pelo esporte brasileiro. Os valores essen–
ciais éticos do esporte, como determinação,
respeito ao próximo, superação, socializa–
ção, persistência e tantos outros valores
morais envolvidos no dia a dia de quem
pratica esporte e estão presentes na forma–
ção de nossas crianças e adolescentes não
podem ser afetados por pessoas que, cer–
tamente, devem ser denunciadas e pagar,
na forma da lei, por seus atos.
e
EDSON JOSÉ RAMON, EMPRESÁRIO, ÉPRESIDENTE DO INSTITUTO DEMOCRACIA ELIBERDADE
Articulista
Epecado ser elite no
Brasil~~~~
D
écadas de populismo legaram ao Brasil
aliados talvez viceje ainda por muitos
danos econômicos, culturais e éticos
anos na sociedade brasileira.
que,
à
primeira vista parecem irrever–
síveis, tamanha a indigência moral que con–
tamjna setores representativos da sociedade.
Com sua pretensão de deter o monopólio
de todas as virtudes, militâncias organizadas,
em torno do que chamam de "pautas pro–
gressistas", ditam o que é verdade, o que é
justo, o que é certo, o que é "inclusivo" e o
que é politicamente correto.
E ai de quem contrariar a sua cartilha e
o verborrágico novo moralismo dissimulado
e de tom autoritário e fascistoide.
Um discurso baseado em raciocínios
rasos, fortemente estruturado nos métodos
diversionistas dos partidos de esquerda e
consolidado no quase 14 anos de governo
do PT, arraigou no país um forte ressenti–
mento contra as chamadas elites, como se
fosse pecado ganhar dinheiro, crescer, evo–
luir, buscar o sucesso e ser bem sucedido na
vida. Elite, no palanque histérico dos mili–
tantes, tornou-se um ente abstrato formado
por capitalistas exploradores, ricos insensí–
veis que encarnam todo o mal do mundo
movidos pela ganância.
Com a ajuda prestimosa de setores
expressivos da inteligência nacional, da
imprensa e de aduladores da academia, o
legado de rancor deixado pelo PT e seus
O mito Lula foi construído com
base nesses métodos de construção
de ressentimentos. Não
à
toa, disse
ele tempos atrás: "A elite brasilei–
ra não quer que eu seja candidato.
Para isso, eles vão tentar me deixar
inelegível". A propósito, soa bizar–
ra essa afirmação na boca de um
homem rico, há muito tempo acostu–
mado a viver do bom e do melhor.
Henry Hazlitt (1894-1993), filósofo
libertário, economista e jornalista, em sua
obra fundamental Economia em uma única
lição, assevera: "Todo o evangelho de Karl
Marx pode ser resumido em duas frases:
Odeie o indivíduo mais bem-sucedido que
você.
Odeie qualquer pessoa que esteja em
melhor situação do que a sua." E ainda: "Se
você jogar fora o materialismo dialético, o
arcabouço hegeliano, os jargões técnicos, a
análise 'científica' e todas as inúmeras pala–
vras presunçosas, você ainda assim ficará
com o núcleo do marxismo: o ódio e a inveja
doentia do sucesso, que são a razão de ser
de toda esta ideologia." Ou seja, todo o apa–
rato pseudocientífico não esconde o caráter
maligno dessa ideologia que se propõe cons–
truir uma nova sociedade
à
custa da destrui–
ção de nossos valores. Vemos claramente
''
Omito Lula foi construído
com
base
nesses métodos de
construção de ressentimentos
''
hoje em nosso país que estes métodos
foram e continuam sendo muito bem
utilizadas por lideranças e partidos
de ideologias utópicas - e sabemos
perfeitamente aonde nos levam as
utopias - para manipular as mas–
sas. Nessa cultura do atraso, do
vitimismo e do coitadismo, parece
que todo aquele que for bem suce–
dido o terá sido
à
custa da explora–
ção do outro.
Não soubemos nos contrapor
à
atua–
ção organizada e hegemónica dos defen-
sores desse populismo tão corrosivo para
as bases da sociedade. A esquerda sabe muito
bem conduzir a guerra de informação e é com–
petente nisso. As pessoas de bem precisam
perder o medo de defender suas convicções.
Ninguém deve sentir vergonha pelo que con–
quistou com suor e trabalho honesto.
É
neces–
sário refutar com veemência a desonestidade
intelectual desses grupos que, com seu opor–
tunismo de praxe, inventaram uma tal "onda
conservadora" que estaria incitando ódio con–
tra as minorias e os excluídos.
Aquele que trabalha e produz riquezas
deve ser respeitado pelo que faz. Coloque–
mos no centro de nossas preocupações a
defesa do regime democrático para que as
oportunidades de ascensão social sejam
iguais para todos. Que cada um possa alme–
jar ser elite. Este, sim, é um objetivo pelo
qual devemos lutar.