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emARIO DO AMAPÁ e SEXTA-FEIRA 124 DE JANEIRO DE 2020

Opinião

1

jornal ,,

,,

DIARIO

AMAPA

LUIZ MELO

ZIULANA MELO

ZIULANA MELO

Editora Chefe

MÁRLIOMELO

DirNor Administrativo

Direror Superimendeme Dirernra de Jornalismo

COMPROMISSO COM ANOTICIA

DIÁRIO DE COMUNICAÇÕES LTDA.

Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os

conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem

sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicaçCies são com o propósito de estimular o

debate dos problemas amapaenses e do país. O Diário do Amapá busca levantar e fomentar

debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as

diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional.

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CEP 68900-101 Macapá (AP)

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www

.diariodoamapa.com.br

e

MARCOS LIMA

É

COORDENADOR DO MUSEU DA OBRA SALESIANA NO BRASIL - LICEU CORAÇÃO DE JESUS.

Articulista

Opapel dos museus no desenvolvimento da educação

E

m 2018, o Ibram (Instituto Brasileiro

de Museus) colocou a educação como

tema da 12.' edição da Primavera dos

Museus. O evento, que é uma temporada

cultural realizada anualmente no início da

primavera, tem o objetivo de promover,

divulgar, valorizar os museus brasileiros e

intensificar a relação com a sociedade. Cele–

brar a educação em museus é oportuno, espe–

cialmente no momento delicado e desafiador

da área no país. Em junho, comemoramos

os 200 anos da primeira instituição de

musealização no Brasil, o Museu Nacional

no Rio de Janeiro que, infelizmente, acaba–

mos perdendo no trágico incêndio em 2 de

setembro.

Entretanto, é válido aproveitarmos o

cenário para tratar sobre a importância dos

museus para uma nação. A educação

museal colabora muito para o processo de

preservação da memória, reforçando a

construção de identidade de um povo, uma

cidade e um país.

É

por meio dessas insti–

tuições que conseguimos manter um pouco

de nossa história.

Na formação de crianças e adolescentes

des sobre si e sobre seu povo.

Embora seja importante investir na edu–

cação e no espaço aberto, o museu não faz

seu papel sozinho.

É

preciso existir um pre–

paro para que os visitantes aproveitem ple–

namente as experiências, além de fazer sen–

tido para crianças e adolescentes na pers–

pectiva da educação.

Os museus são agentes sociais e políticos,

pois deixaram de ser meros coletores passivos

de obj etos organizados por tipologias, pas–

sando a interferir na totalidade do meio social,

identificando temas de interesse da comuni–

dade, evidenciando problemas e potenciali-

-:::..._ _.""".,,"""' zando soluções, com portas abertas para

úf.~S::-."

apresentar o passado e o presente. Um

exemplo é o Museu da Maré, no Rio

de Janeiro, espaço social criado por

um grupo de jovens moradores do

bairro com o objetivo de criar uma

autorrepresentação da comunidade,

fortalecendo uma imagem positiva

lr:'lJlrmifr--0.:.ml~·:::;::;•~-J

para a autoestima de quem faz parte

~

dessa história local.

''

Na formação

de crianças e

adolescentes podemos

destacar

o

papel relevante

dos museus,

principalmente

vinculado

à

vida escolar

''

Ao contrário de países da Europa

e América do Norte, que respiram cul–

tura e preservação de patrimônio com

museus ou monumentos em cada cidadezi–

nha, o nosso país segue na mão contrária,

muitas vezes negando a existência e a impor–

tância desses equipamentos, negligenciando

a guarda e a proteção desses acervos.

Com a comemoração dos 200 anos de

museus no Brasil, não podemos perder a opor–

tunidade de falar, abrir oportunidades para

reflexões e agir em favor deste espaço que

guarda a memória de um povo, ao mesmo

tempo que aponta e trabalha para que as futu–

ras gerações aprendam e mantenham a cons–

trução da história.

e

MÁRIO ANTÔNIO SANCHES ÉPROFESSOR TITULAR DA PUCPR, ATUA NO MESTRADO DE BIOÉTICAENO MESTRADO EDOUTORADO DE TEOLOGIA.

Articulista

Por uma diversidade ética

Quando a maioria não respeita

a diversidade - quer negá-la,

combatê-la - desencadeia um

processo perigoso, pois quem

assume o poder com esta visão

se apresenta como norma para

os outros.

Isto tem ocorrido constante–

N

o momento atual, como professor,

sou instigado a me pronunciar

sobre as eleições. Nos meus quase

30 anos de docênci a nunca manifestei

em sala de aula minhas preferências par–

tidárias, mas minhas opções políticas

sim. Uma destas opções é uma determi–

nada postura frente à diversidade. Tenho

uma elevada autoestima, mas reconheço

que se todos fossem iguais a mim, a

humanidade seria pobre e chata. Por isso

a diversidade ética - aquela que respeita

e acolhe as pessoas diferentes - é uma

grande riqueza da humanidade, nosso

maior tesouro.

mente na história: os outros

ir-::::""iiiiiEi ,iii:iil

viram "bárbaros", "bruxas",

A perspectiva da diversidade ética

exige muita virtude dos que estão na con–

dição de maioria, pois estes não podem

confundir o comum como "normal", o

predominante como "certo", o usual

como "padrão obrigatório".

Estes precisam aprender que as con–

dições humanas diversas nos levam a

crer de muitos modos e mesmo a não

crer; nos instigam a muitos hábitos ali–

mentares possíveis (onívoros, vegetaria–

nos, veganos ...); a direcionar o nosso

afeto para múltiplos perfis; a fazer aná–

lises históricas (e político-partidárias) a

partir de diferentes ângulos, a partir do

local onde nos situamos.

"inferiores", "escravos", "infiéis",

"raça degenerada", "primitivos",

"decaídos", "estrangeiros", "impu–

ros"... A história está cheia destes exem–

plos e os causadores de tais catástrofes

usualmente se autodenominavam "civi–

lizados", "religiosos", "superiores",

"cidadãos", "crentes em Deus", "raça

pura", "nacionalistas", "santos"... Pre–

cisamos continuar repetindo esta visão

de mundo e promover novas catástrofes?

A perspectiva da diversidade ética

exige muita virtude também dos que

estão na condição de minoria, pois estes

não podem se apresentar como um "novo

padrão", um "novo normal", como a

"síntese evolutiva de padrões anterio–

res" . Quando a minoria não respeita a

diversidade ela se torna contraditória,

pois nega também o diverso de si e apon–

ta para uma ditadura inversa.

''

Aperspectiva

da

diversidade ética exige

muita virtude

também

dos que estão na

condição

de minoria.

''

A nossa maior dificuldade é que,

na nossa insegurança, queremos

convencer a todos que estamos

certos e para isto desqualifica–

,,..,..,.,,._..• • mos os diferentes. Não podería–

mos apenas viver com alegria

nossa opção? Compreender que

é uma opção genuína, uma pos–

sibilidade autenticamente huma–

na, entre tantas outras igualmen–

te legítimas? Viver na perspectiva

da diversidade ética exige de nós

uma resposta positiva a estas inda–

gações. Viver a minha vida de modo

significativo, respeitando e acolhendo os

outros que querem também viver signifi-

cativamente.

São conhecidos os estudos que indicam

a arrogância como manifestação de nossa

insegurança: usamos o argumento da força

quando nos faltam argumentos fortes.

Assim o fanatismo religioso pode ser sinõ–

nimo de indecisão na própria fé , a homo–

fobia pode ser o equivalente

à

indefinição

afetiva, o autoritarismo político como

expressão dos que não se garantem no

poder pela via do consenso, a obsessão

por armas pode desvendar o desejo oculto

de ser assassino. Por fim, ou sonhamos

com uma diversidade ética ou promove–

remos catástrofes e ao fazer isto apenas

revelamos nossa própria mesquinhez.