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emÁRIO DO AMAPÁ e SÁBADO 1
25
DE JANEIRO DE
2020
Opinião
1
jornal ,,
DIARIO AMAPA
LUIZ MELO
ZIULANA MELO
ZIULANA MELO
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conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem
sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicaçCies são com o propósito de estimular o
debate dos problemas amapaenses e do país. O
Diário do Amapá
busca levantar e fomentar
debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as
diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional.
e
MATEUS AZEVEDO
É
SÓCIO DA BLUELAB ERESPONSÁVEL PELA DIRETORIA DE MARKETING EVENDAS.
Articulista
Um robô vai tomar seu emprego?
A
forte onda de automação proporciona–
da pelo uso de novas tecnologias dentro
de empresas dos mais variados seg–
mentos já tem reflexos importantes no plane–
jamento das empresas para os próximos anos.
E já é uma realidade em áreas cujas tarefas
são repetitivas, como o relacionamento com
o cliente, desde o momento da conquista desses
consumidores até sua retenção e fidelização.
Estamos em um novo cenário que traz for–
tes questionamentos sobre os limites da auto–
mação desses processos. Afinal, até onde as
empresas vão conseguir automatizar? Até onde
vale a pena apostar nas inovações para reduzir
custos e agilizar alguns procedimentos?
A resposta exata para esses questionamen–
tos é impossível de ser dada, mas alguns fato–
res nos ajudam a criar hipóteses sobre o tema.
A busca constante das pessoas por socializa–
ção, por exemplo, é um fator comportamental
que nos permite entender que, por mais bene–
fícios que a automação de processos traga para
o nosso dia a dia, uma empresa simplesmente
nunca poderá ser totalmente automatizada.
As redes sociais são um fenômeno global
que exemplifica bem a necessidade humana
de conectividade com outras pessoas.
Além disso, ao mesmo tempo em que a
automação agUiza processos, reduz custos,
permitindo que as empresas apostem no fator
humano, que será sempre um diferencial para
a atração de clientes para a maioria das
marcas. As empresas investem cada
vez mais em experiências humanas e
personalizadas para seus consumi–
dores. Uma tendência que mostra
que elas estão atentas e investindo
constantemente no componente
humano, independentemente das
inúmeras possibilidades de automa–
tização de seus processos internos e
externos.
Voltando aos limites das inovações
tecnológicas, podemos afirmar que as
empresas não conseguirão automatizar os
trabalhos mais versáteis, que demandam cria–
tividade, inovação e riscos desconhecidos.
Some-se a isso o fato de o ser humano ter uma
capacidade enorme de ser flexível, tanto men–
tal quanto fisicamente. Isso o toma muito útil
para as companhias.
As novas tecnologias vão, sim, modificar
ainda mais as formas de relacionamento entre
as pessoas e, consequentemente, das empresas
com seus consumidores, parceiros, fornece–
dores e com o mercado em geral.
Mas, neste mesmo contexto, precisamos
lembrar que o aumento da produtividade gera–
do com automação torna produtos e setviços
mais baratos, enriquecendo as pessoas.
E,
assim, novas demandas por relacionamentos
surgem junto com novas ofertas.
e
CARLOS ALBERTO DI FRANCO - JORNALISTA.
Articulista
Droga livre, crime solto
A
pacata capital Uruguai vive dias de
tensão depois de que o governo anun–
ciou que o número de homicídios no
país cresceu 66% na primeira metade de 2018
com relação ao mesmo período do ano pas–
sado. Também subiram os registros de furtos
a domicllios e assaltos
à
mão armada. Segun–
do as autoridades locais, 40% desses delitos
estão relacionados a conflitos entre gangues
do crime organizado. Para o ministro do Inte–
rior, Eduardo Bonomi, "o aumento da violên–
cia é resultado do aumento dos enfrentamentos
de gangues, muitas ligadas ao tráfico de dro–
gas". A informação consta de recente matéria
do jornal Folha de S.Paulo.
O Uruguai, que já permitia o consumo da
maconha, legalizou a produção e a venda da
droga em julho de 2017. Naquela ocasião, em
entrevista
à
revista Veja, o presidente Tabaré
Vázquez, que ocupa o cargo pela segunda vez,
falou a respeito da política de drogas de seu
país.
Indagado se acredita que a regulação da
maconha vai reduzir o narcotráfico e a crimi–
nalidade, Vázquez deixou claro que estão
caminhando em terreno desconhecido e incer–
to.
"É
muito cedo para tirar conclusões desse
tipo. Teremos de esperar um tempo maior. Só
então veremos o que aconteceu".
É
uma aven–
tura. Pode custar muitas vidas. Os resultados
da aventura estão aí: aumento assustador do
número de homicídios.
Na verdade, os defensores da regulação,
lá e aqui, armados de uma ingenuidade cor–
tante, acreditam que a descriminalização redu-
zirá a ação dos traficantes. Mas ocultam
uma premissa essencial no terrível
silogismo da dependência química:
a compulsividade. O usuário, por
óbvio, não ficará no limite legal.
Sempre vai querer mais.
É
assim
que a coisa acontece na vida real.
O tráfico, infelizmente, não vai
desaparecer.
A psiquiatra mexicana Nora Vol–
kow é uma referência na pesquisa da
dependência química no mundo. Foi
quem primeiro usou a tomografia para
comprovar as consequências do uso de
drogas no cérebro. Desde 2003 na direção
do Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas,
nos Estados Unidos, Volkow é uma voz res–
peitada. No momento em que recrudesce a
campanha para a descriminalização das dro–
gas, suas palavras são uma forte estocada nos
argumentos politicamente corretos.
A cientista foi entrevistada também pela
revista Veja, faz alguns anos. O semanário
trouxe
à
baila um crime que chocou a socie–
dade. O cartunista Glauco Villas Boas e seu
filho foram mortos por um jovem com sinto–
mas de esquizofrenia e que usava constante–
mente maconha e dimetiltriptamina (DMT),
na forma de um chá conhecido como Santo
Daime.
"Que efeito essas drogas têm sobre um
cérebro esquizofrênico?" A resposta foi clara
e direta: "Portadores de esquizofrenia têm
propensão
à
paranoia e tanto a maconha quan–
to a DMT (presente no chá do Santo Daime)
''
As
redes sociais
são
um
fenômeno global que
exemplifica bem
a
necessidade
humana
de
conectividade
com
outras pessoas.
''
''
Adependência
química
não
admite
discursos
ingênuos, mas ações
fumes
e
investimentos na
prevenção
erecuperação
de
dependentes
''
Desde a Revolução Industrial até
hoje, vimos vários trabalhos manuais
em fábricas e fazendas serem substi–
tuídos por máquinas. A diferença é
que agora as máquinas vêm substi–
tuir alguns processos mentais.Todas
as fábricas estão sem gente? Não, e
a situação vai ser parecida nos escri–
tórios.
A reflexão é um tanto óbvia, mas
ainda válida: uma máquina que fabri–
ca fraldas é mais eficiente que qualquer
humano para fabricar fraldas de uma
determinada qualidade, mas não serve sor–
vete ou olha para os clientes e reflete sobre
o que mais eles poderiam consumir. A máquina
não cria modelos de negócios, não fabrica outras
máquinas, não pensa em como melhorar seu
próprio processo. A inteligência artificial que
temos hoje ainda está muito distante de ter a
mesma cognição que um humano.
Essas são apenas algumas das razões para
acreditarmos que há, sim, um limite para a auto–
mação dentro das empresas. Não há motivos
para se assustar e achar que tudo será automa–
tizado. A automação não vem para todos os pro–
cessos, absolutamente. O ser humano demanda
- e sempre vai demandar - o contato humano.
Estamos falando de wna demanda que, por mui–
to tempo ainda, só poderá ser atendida por pes–
soas, não por máquinas.
agravam esse sintoma, além de aumen–
tarem a profundidade e a frequência
das alucinações. Drogas que produ–
zem psicoses por si próprias, como
metanfetamina, maconha e LSD,
podem piorar a doença mental de
uma forma abrupta e veloz". De lá
para cá nada mudou.
Quer dizer, a descriminalização
das drogas facilitaria o consumo das
substâncias. Aplainado o caminho de
acesso às drogas, os portadores de
esquizofrenia teriam, em princípio, maior
probabilidade de surtar e, consequente-
mente, de praticar crimes e ações antissociais.
Ao que tudo indica, foi o que aconteceu com
o jovem assassino do cartunista. Essa suposi–
ção, muito razoável, é um tiro de morte no dis–
curso da ingenuidade.
Além disso, a maconha, droga glamourizada
pelos defensores da descriminalização, é fre–
quentemente a porta de entrada para outras dro–
gas. "Há quem veja a maconha como uma dro–
ga inofensiva", diz Nora Volkow. "Trata-se de
um erro. Comprovadamente, a maconha tem
efeitos bastante danosos. Ela pode bloquear
receptores neurais muito importantes".
Pode, efetivamente, causar ansiedade, perda
de memória, depressão e surtos psicóticos. Não
dá para entender, portanto, o recorrente empe–
nho de descriminalização.
As drogas estão matando a juventude. A
dependência química não admite discursos
ingênuos, mas ações firmes e investimentos na
prevenção e recuperação de dependentes.