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Economista e executivo da Agência Amapá
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cial dos Estados Unidos com a Chin, isso tudo
impacta nesse mercado, daí essa inércia na ques-
tão da própria ferrovia, pois temos um custo inter-
no muito alto para a produção e lavra do miné-
rio, algo em torno de 70 dólares por tonelada,
então se o preço está abaixo do custo de produ-
ção não tem como nós atrairmos indústria para
explorar e produzir minério, temos que esperar
esse preço melhorar, ter realmente uma tendên-
cia mês a mês de crescimento para que essas
empresas comecem a fazer os investimentos, mas
com certeza com a valorização do preço do miné-
rio essas empresas vão chegar e recuperar a estra-
da e reestabelecer a mineração no Amapá.
Diário – Uma vocação histórica do estado.
Joselito
– A mineração sempre foi o carro
chefe da nossa economia, os maiores níveis de
crescimento da economia do estado sempre esti-
veram vinculados, associados com a mineração,
mas obviamente que hoje estão surgindo novas
matrizes de produção, mas que ainda estão insi-
pientes, como a própria questão da soja e o milho,
que eu como economista acredito que realmente
tem tudo para vir a ser o grande motor da nossa
economia, apenas bastando que se superem alguns
gargalos, não tão difíceis de se resolver, que são
questões do ponto de vista administrativo, como
os licenciamentos ambientais e a regularização
fundiária. Superados esses fatores com certeza
ao invés de engatinhar com a produção agrícola,
saindo dos atuais 18 mil, 20 mil hectares, para
algo acima dos 100 mil hectares de área planta-
da no Amapá, pois as condições para isso nós
reunimos, com comprovação de entidades como
o IEPA e a Embrapa de que no próprio Cerrado
já desmatado produzir numa área de 300 mil a
400 mil hectares de produção de grãos.
Diário – Ainda sobre a ferrovia, o tempo
de espera por uma solução tem sido cruel com
ela, que a cada dia sofre com as intempéries,
a ação de vândalos, o que até dificulta se ava-
liar o tamanho do investimento que precisa ser
feito para a recuperação daquele patrimônio.
Joselito
– Esse estudo já foi feito pela Setrap
[Secretaria de Estado dos Transportes], que é o
órgão responsável pela ferrovia hoje, isso já tem
um ano, então provavelmente é só uma questão
de atualizar os dados, mas a questão do estado
da ferrovia, o diagnóstico do montante de recur-
sos que precisam ser empregados, enfim, o esta-
do tem e pode apontar para as empresas que tive-
ram o interesse, mas não tenho nenhuma dúvida
de que é um aporte significativo, mas que pode
ser feito de maneira gradativa até a plena recu-
peração do trem.
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Mercado...
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Trem...
Perfil...
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Diário do Amapá – É papel da Agência
dialogar com o mercado, buscar captar inves-
tidores para o Estado?
Joselito Abrantes
– Exatamente, a Agência
Amapá é algo até certo ponto recente, foi cria-
da há três, quatro anos, com esse papel, jovem
ainda, mas com muito esforço devido as difi-
culdades que o país e o próprio estado do Ama-
pá vinham passando, ela vem tentando cumprir
o seu papel que são essas discussões para fomen-
tar a economia do Amapá, dar uma dinâmica,
acelerar a nossa economia.
Diário – Nunca é demais lembrar que ela
veio a partir da fusão de duas secretarias de
estado, a Seicom e a Adap, não é?
Joselito
– Sim, foi na terceira gestão do
governador Waldez Góes, mas ainda durante a
campanha, numa discussão com o empresariado,
veio a proposta de criação de uma agência de
desenvolvimento econômico, então assim que
foi eleito o governador com sua equipe traçou
uma proposta que veio com a extinção da Sei-
com e da Adap para dar lugar à Agência.
Diário – E com ela veio também a regula-
mentação da Zona Franca Verde, para dina-
mizar o Distrito Industrial. Como está?
Joselito
– Em função de tudo o que comen-
tei anteriormente, da conjuntura de crise eco-
nômica que o Brasil passou, muito mais inten-
sa nos últimos anos, que começa agora a dar
sinais de recuperação, então hoje nós temos duas
empresas já certificadas pela Zona Franca Ver-
de, mas estamos em discussão e elaboração de
projetos, que precisam ser aprovados pelo Con-
selho Superior da Suframa [Superintendência
da Zona Franca de Manaus] nas reuniões que
eles fazem trimestralmente. Mas estamos pre-
parando mais duas ou três empresas para também
serem certificadas, inclusive uma fábrica de
ração, que deve estar sendo inaugurada dentro
dos próximos três meses no Distrito Industrial.
Diário – A agência também teve um papel
importante nas tentativas para tentar des-
travar a mineração aqui no Amapá, princi-
palmente no processo das sucessoras de Anglo
American e Zamin Ferrous. O que dá para
falar a respeito?
Joselito
– Olha, ainda no final do ano, em
dezembro, um novo grupo, que inclusive eram
credores da Zamin no processo de recuperação
judicial, apresentou uma nova proposta e a jus-
tiça em São Paulo deu ganho para esse grupo,
que buscou também o destravamento da questão
da ferrovia, que estava em poder do Estado do
Amapá. Para que eles viessem a consolidar o
processo de recuperação precisava que o estado
retomasse o processo de concessão da Estrada de
Ferro do Amapá, considerada fundamental para
o processo de escoamento do minério.
Diário – E isso já aconteceu?
Joselito
– Hoje existe uma discussão, aliás já
consolidado, pois o governo entende que não é
mais do interesse que a estrada de ferro seja uti-
lizada apenas para o escoamento do manganês,
pois temos várias produções que estão se avo-
lumando, estão crescendo mesmo, seja o mer-
cado de grãos, seja na madeira, com a questão
da floresta de produção, além de outros produ-
tos que vão precisar da ferrovia. Então numa
negociação com a empresa foi feita essa pro-
posta, houve o aceite por parte dela e firmamos
um contrato, com uma nova concessão, então a
empresa deve iniciar esse processo de recupe-
ração, priorizando questões de dívidas traba-
lhistas, um valor significativo, algo entre 10 a 12
milhões de reais para enfim retomar o processo
de produção e exportação de minério.
Diário – Qual empresa exatamente?
Joselito
– Se não estou enganado chama-se
IndoSino, ligada a outros grupos, associados a
ingleses, indianos também, isso foi em dezem-
bro, mas nos próximos dias eles deverão com-
provar os depósitos das dívidas trabalhistas jun-
to à justiça de São Paulo para só assim iniciar as
tratativas para o destravamento dos recursos,
contratar novamente pessoal aqui no Amapá
e retomar as atividades. Mas o governo,
através da Procuradoria do Estado, a
Seplan e a própria Agência Amapá e a
Setrap, formou um grupo de trabalho
que está de fato acompanhando bem de
perto esse processo.
Diário – O estado já chegou a
fazer um certame licitatório para
arrendar os trens, mas deu deserto
pelo que se soube. Para a ferrovia fun-
cionar tem que destravar a mineração,
não é?
Joselito
– Exatamente. A estrada de ferro
só se viabiliza com certeza com a produção de
minério. E desde aquele acidente com o porto
da Zamin, aquilo coincidiu com a queda brusca
no preço do minério de ferro no mercado inter-
nacional, de 130 dólares para cerca de 40 dóla-
res a tonelada. Hoje vem se ensaiando aí uma
recuperação no preço do minério, que em deter-
minados momentos chega ao valor de 80 a 90
dólares [a tonelada]. Só que isso precisa se man-
ter numa certa constância, pois essa oscilação,
principalmente em função dessa guerra comer-
O diretor da Agência de Desenvolvimento
Econômico nos estúdios da rádio Diário FM (90,9).
CLEBER BARBOSA
DA REDAÇÃO