Previous Page  6 / 34 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 6 / 34 Next Page
Page Background

Os donos do frigorífico JBS, Joesley e Wesley Batis-

ta, disseram em delação à Procuradoria-Geral da Repú-

blica (PGR) que gravaram o presidente Michel Temer

dando aval para comprar o silêncio do deputado cassa-

do e ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo

Cunha (PMDB-RJ), depois que ele foi preso na opera-

ção Lava Jato. A informação é do colunista do jornal "O

Globo" Lauro Jardim.

Segundo o jornal, o empresário Joesley entregou uma

gravação feita em 7 de março deste ano em que Temer

indica o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR)

para resolver assuntos da J&F, uma holding que con-

trola o frigorífico JBS. Posteriormente, Rocha Lourdes

foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil, envia-

dos por Joesley.

Ainda não há informação sobre se a delação foi homo-

logada. O Supremo Tribunal Federal (STF) disse que

não irá se pronunciar nesta quarta-feira (17) sobre a dela-

ção.

Em outra gravação, também de março, o empresário

diz a Temer que estava dando a Eduardo Cunha e ao

operador Lúcio Funaro uma mesada para que permane-

cessem calados na prisão. Diante dessa informação,

Temer diz, na gravação: "tem que manter isso, viu?"

Na delação de Joesley, o senador Aécio Neves (MG),

presidente do PSDB, é gravado pedindo ao empresário

R$ 2 milhões. No áudio, com duração de cerca de 30

minutos, o presidente nacional do PSDB justifica o pedi-

do dizendo que precisava da quantia para pagar sua defe-

sa na Lava Jato.

A entrega do dinheiro foi feita a Frederico Pacheco

de Medeiros, primo de Aécio, e filmada pela Polícia

Federal (PF). A PF rastreou o caminho do dinheiro e

descobriu que foi depositado numa empresa do senador

Zezé Perrella (PSDB-MG).

Em nota, a Secretaria Especial de Comunicação Social

da Presidência disse que o presidente Michel Temer

"jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do

ex-deputado Eduardo Cunha. Não participou nem auto-

rizou qualquer movimento com o objetivo de evitar dela-

ção ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar".

Aécio, também em nota, se declarou "absolutamen-

te tranquilo quanto à correção de todos os seus atos. No

que se refere à relação com o senhor Joesley Batista, ela

era estritamente pessoal, sem qualquer envolvimento

com o setor público. O senador aguarda ter acesso ao

conjunto das informações para prestar todos os esclare-

cimentos necessários".

A JBS e a defesa de Eduardo Cunha informaram que

não se pronunciarão.

O senador Zezé Perrella declarou, no Facebook: "Eu

quero dizer para os que me conhecem e para os que não

me conhecem que eu nunca falei com o dono da Friboi.

Não conheço ninguém ligado a esse grupo. Nunca rece-

bi de maneira oficial ou extra-oficial um real sequer des-

sa referida empresa".

"Estou absolutamente tranquilo. [...] Eu espero que

todas as pessoas citadas tenham a oportunidade de escla-

recer a sua participação. O sigilo das minhas empresas,

dos meus filhos, estão absolutamente à disposição da

Justiça. Ficará comprovado que não tenho nada a ver

com essa história. Eu nunca estive em Lava Jato e nun-

ca estarei", afirmou Perrella.

O deputado Rodrigo Rocha Loures está em Nova

York e, segundo sua assessoria, só irá se pronunciar

quando voltar ao Brasil. O retorno está programado para

esta quinta-feira (18).

Segundo o jornal, em duas ocasiões em março deste

ano Joesley conversou com Temer e com Aécio levan-

do um gravador escondido.

O colunista conta que os irmãos Joesley e Wesley

Batista estiveram na quarta-feira passada no Supremo

Tribunal Federal (STF) no gabinete do ministro relator

da Lava Jato, Edson Fachin – responsável por homolo-

gar a delação dos empresários. Diante dele, os empre-

sários teriam confirmado que tudo o que contaram à

PGR em abril foi de livre e espontânea vontade.

Joesley contou ainda que seu contato no PT era Gui-

do Mantega, ex-ministro da Fazenda de Lula e Dilma

Rousseff. Segundo "O Globo", o empresário contou que

era com Mantega que o dinheiro da propina era nego-

ciado para ser distribuído aos petistas e aliados, e tam-

bém era o ex-ministro que operava os interesses da JBS

no BNDES.

/

/

/