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DIÁRIO DO AMAPÁ
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QUARTA-FEIRA 108 DE JANEIRO DE 2020
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PolíticaNacional
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Editora Chefe: Ziulana Melo 8 Fone:
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PAUTA
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Objetivo do governo
é
reduztr gastoscomservidores
Reforma administrativa: Bolsonaro diz que
ainda precisa dar •polimento•
à
proposta
Nos bastidores, Moro
reitera dúvidas sobre aplicação do
juiz de garantias eaguarda STF
Oministro da Justiça, Sergio Moro, aguarda a deci–
são do Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito do
pedido de três partidos questionando a constituciona–
lidade da criação da figura do juiz de garantias.
O juiz de garantias foi aprovado pelo Congresso
no final de 2019 - e o projeto de lei foi sancionado
pelo presidente Jair Bolsonaro.
Moro foi contra o tema, e tem conversado com
senadores também contrários à proposta - como a
senadora Simone Tebet (MDB-MS), presidente da
CCJ do Senado - para avaliar se há ambiente para
alguma movimentação no Congresso.
Nos bastidores, segundo o blog apurou, Moro tem
repetido nos últimos dias que o problema nào é "sim–
plesmente" dizer se é contra ou a favor da medida.
Ele reitera que, mesmo aprovado, há dúvidas sobre
como será aplicada a figura do juiz de garantias: por
exemplo, se se aplica primeiro a figura para processos
em tribunais superiores, para processos em andamen–
to ou quando se tem apenas um juiz por comarca, como
será feito.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), presidido
por Dias Toffoli, criou um grupo de trabalho no fim
de 2019 para discutir como implementar a medida.
Toffoli, no dia 3, disse que o juiz das garantias visa
maior "imparcialidade" nos processos e não aumen–
tará gastos.
O presidente Jair Bolsonaro afir–
mou que se reunirá com ministros
ainda neste mês paradar "polimento"
à
proposta de reforma administrativa.
Oobjetivo do governo éreduziros
gastos com os servidores públicos e,
segundo Bolsonaro, a reforma a ser
implementadasóvalerá
para
os novos
concursados. O presidente também
temdito que otexto será o"mais sua–
ve possível".
ra. Vamos discutir esse assunto nova–
mente. A gente vai dar um polimen–
to nela. Nós queremos uma reforma
administrativa que nào cause nada de
abrupto na sociedade. Não dá para a
gente consertar urna calçavelha com
remendo de aço, nào dá. Alguma coi–
sa é remendo, alguma coisa é refor–
ma. Acho que já amadureceu o que
a equipe econômica queria", decla–
rou o presidente.
dência oficial da Presidência, Bolso–
naro disse ainda que houve um "pro–
blema de entendimento" porque a
equipe econômica vê "números",
enquanto ele precisa analisar "núme–
ros e pessoas".
Para Moro, segundo interlocutores, a aprovação
pelo Congresso foi feita "sem reflexão e sem deba–
te"- e seria melhor se o debate fosse feito no àmbito
do novo Código de Processo Penal, em andamento na
Câmara dos Deputados.
Neste final de semana, o presidente Bolsonaro
comentou o assunto e defendeu a sanção.
''Temos uma reunião de minis–
tros, se nào me engano, no
dia
19ago-
Ao conceder urna entrevista cole–
tiva no Palácio da Alvorada, resi-
Para o presidente Bolsonaro, o
governo precisa analisar como a
"mensagem" da reforma chegará aos
atuais servidores e, por isso, precisa
"trabalhar a informação" e somente
após essa etapa chegar a urna deci–
são sobre a proposta.
Pela lei, o juiz de garantias passará a ser o respon–
sável por acompanhar a investigação e autorizar medi–
das como prisões preventivas ou temporárias, quebra
de sigilos bancário e fiscal, bloqueio de bens e opera–
ções de buscas e apreensões. Depois, outro magistra–
do assumirá o processo e dará a sentença.
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Presidente do STFfalou em reunião doConselho NacionaldeJustiçaICNJ), que também preside
Toffoli diz que juiz de garantias visa 'maior
imparcialidade' nos processos enão aumentará gastos
O presidente do Supremo Tribunal Federal
(STF), Dias Toffoli, afirmou que a criação do
juiz de garantias visa uma maior imparciali–
dade nos processos do país e não gerará aumen–
to de custos e trabalho ao Judiciário.
O juiz de garantias faz parte do pacote anti–
crime aprovado pelo Congresso Nacional no
ano passado.
A afirmação de Toffoli foi feita durante a
abertura de reunião no Conselho Nacional de
Justiça (CNJ), presidido pelo ministro, com um
grupo de trabalho criado para avaliar a imple–
mentação do juiz de garantias. "O juiz vai jul–
gar com maior imparcialidade. Não é juiz a
favor do investigado", afirmou o ministro.
Ele adiantou que estudos estão sendo feitos
para que o CNJ possa orientar os tribunais na
implantação da lei. "O juiz já faz isso. Não há
que se falar em aumento de custo e de trabalho.
E uma questão de organização interna'', disse.
Ainda segundo Toffoli, cabe ao CNJ ape–
nas a orientação. "Questões de constituciona–
lidade são afeitas ao Supremo", completou.
Pela lei, o juiz de garantias passará a ser o
responsável por acompanhar a investigação e
autorizar medidas como prisões preventivas ou
temporárias, quebra de sigilos bancário e fis–
cal, bloqueio de bens e operações de buscas e
apreensões. Depois, outro magistrado assumi–
rá oprocesso e dará a sentença.
E a primeira reunião para levantamento de
dados e ideias sobre como implementar o juiz
de garantias no país. Na segunda-feira (30), o
CNJ abriu uma consulta pública sobre o tema,
que deve se encerrar no dia 10 de janeiro.
O coordenador do grupo, o ministro do
Superior Tribunal de Justiça (STJ) Humberto
Martins, disse que é possível estruturar o juiz
de garantias e que é preciso tempo. "Mas pode–
mos realizar essa tarefa", afirmou. "A tarefa
do grupo é empreender estudos, não estamos
alterando nem interpretando a lei", disse.
Segundo o coordenador, "é preciso anali–
sar cuidadosamente a realidade a partir de
dados concretos, a fim de verificar a melhor
forma de concretizar a proposta legislativa".
"Na justiça estadual, cerca de 21,4% do total
dos processos em tramitação na fase de conhe–
cimento [inicial] são criminais. Na justiçafede–
ral, esse número é de cerca de 3,8%. Além dis–
so, em ambos os segmentos, as varas únicas
representam quase 20% do total das unidades
judiciárias e correspondem a 60% do total de
localidades. Esses números mostram bem a
dimensão da tarefa que é estruturar o juízo das
garantias em todo o território nacional", disse.
O ministro da Justiça, Sergio Moro, reco–
mendou ao presidente Jair Bolsonaro que vetas–
se a proposta, mas não foi atendido. Bolsona–
ro sancionou a criação do juiz de garantias e
justificou dizendo que não podia ficar dizendo
"não" sempre ao Parlamento.
Depois de aprovada a criação do juiz de
garantias, a Associação dos Magistrados Bra–
sileiros, a Associação dos Juízes Federais e os
partidos Podemos, Cidadania e PSL entraram
com ações no STF questionando a constitu–
cionalidade da proposta.
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SegundoT arekSaab, miUtaresestão envolvidosem ataqueauma instalaçãoemGran Sabana
Procurador-geral da Venezuela diz que pediu
extradição de militares encontrados em Roraima
O procurador-geral daVenezuela, TarekSaab,
afirmou que pediu ao Brasil a extradição de cin–
co militares venezuelanos encontrados na sema–
na passada em Roraima.
Segundo Saab, eles estão envolvidos em um
ataque auma instalação militaremGran Sabana,
no dia 22 de dezembro. Em 28 de dezembro, o
Ministério das Relações Exteriores da Venezue–
la também pediu ao Brasil para entregar os mili–
tares. "Hoje enviamos ao nosso homólogo na
República Federativa do Brasil, Augusto Aras,
uma comunicação irúorrnando a ele o início dos
trâmites para a extradição de cinco ex-efetivos
das Forças Armadas da Venezuela envolvidos
nos ataques a dois comandos militares no muni–
cípio de Gran Sabana", publicou Saab.
"Na comunicação, solicitamos de maneira
formal que sejam iniciados, porparte
das
autori–
dades da República Federativa do Brasil, os trâ–
mites necessários a fim de por
à
disposição das
autoridadesvenezuelanas esses cidadãos", acres–
centou.
De acorria com o Supremo Tribunal Federal
(STF), pedidos de extradição seguem o seguinte
trâmite:
*
a embaixada envia o pedido ao ltarnaraty,
que o encaminha ao Ministério da Justiça, que o
envia ao S1F;
*no STF, a Procuradoria Geral da Repúbli–
ca(PGR) opinaafavorou contraaextradição, que
precisa ser decidida pelo tribunal;
*
o Supremo leva em contra se há requisitos
paraconcederaextradição. Os ministros avaliam,
por exemplo, se as pessoas sofrem perseguição.
Procurado, o STF informou que não havia
recebido opedido até a noite desta quinta-feira, e
a PGR disse não ter informações sobre opedido.
Até a última atualização desta reportagem, o Gl
aguardava as respostas dos ministérios da Justi–
ça e das Relações Exteriores.
Relembre o caso
Em 27 de dezembro, os ministérios da Defe–
sa e das Relações Exteriores informam que o
Exército
havia
encontrado cinco militares
militares
venezuelanos durante patrulhamento na região
da terra indigena de São Marcos (RR).
Segundo osministérios, oscinco estavamesta–
vam desarmados e foram conduzidos a Boa Vis–
ta, onde foram entrevistados.
Um dia depois, em 28 de dezembro, os dois
ministérios divulgaramurnanotaconjuntana
qual
informaramque osmilitares foram recebidospela
"Operação Acolhida" e iniciariam os procedi–
mentos para pedir refúgio no Brasil.
A Venezuela, então, criticou o Brasil, afir–
mando que opaísse tomouum ''satélite'' dos Esta–
dos Unidos e que o ltamaraty havia dado condi–
ção de refugiados a "terroristas".