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O DIÁRIO DO AMAPÁ O DOMINGO E SEGUNDA-FEIRA 119 E 20 DE JANEIRO DE 2020

LUIZ MELO

ZIULANA MELO

Direror Superimendeme Dirernra de Jornalismo

COMPROMISSO COM ANOTÍCIA

ZIULANA MELO

Editora Chefe

MÁRLIOMELO

Direror Adminisrralivo

DIÁRIO DE COMUNICAÇÕES LTDA.

C.N.P.J: 02.401.125/0001-59

Administração, Redação e Publicidade

Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro

CEP 68900-101 Macapá (AP)

Fone:

99165-4286

www.diariodoamapa.com.br

Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os

conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem

sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicações são com o propósito de estimular o

debate dos problemas amapaenses e do país. O

Diário do Amapá

busca levantar e fomentar

debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as

diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional.

e

DOM PEDRO JOSÉ CONTI - BISPO DE MACAPÁ

Articulista

Roupa de médico

G

ilberto era um médico que trabalhava

numa ambulância. Nunca se preocupa–

va muito com o seu modo de vestir.

Queria usar roupas confortáveis que facilitas–

sem o seu trabalho na hora de socorrer vítimas.

Certo dia, uma senhora muito bem vestida foi

em direção

à

ambulância e perguntou, com

um ar de superioridade e grosseria, onde estava

o médico.

- Boa tarde, senhora. Em que posso ser útil

- respondeu Gilberto.

- Você é surdo?- replicou a mulher-Não

ouviu, quero saber onde está o médico.

- Pois não, senhora, o médico sou eu, em

que posso ser útil - voltou a repetir Gilberto.

- O quê? Você é o médico? Com esta roupa,

eu não ia descobrir nunca.

- Desculpe, senhora, eu achei que estava

procurando um médico e não um terno.

- Desculpe, doutor, mas assim vestido..

- Sabe que eu pensei a mesma coisa vendo

a senhora. Uma mulher tão elegante, com belas

roupas. Pensei que ia sorrir, nos cumprimentar

e desejar bom dia a todos nós. Mas não foi

assim. Tem que reconhecer mesmo que a roupa

não diz muita coisa, não.

Uma pequena história para tentar responder

a uma pergunta curiosa: o que João Batista viu

em Jesus para declarar: - Eis o Cordeiro de

Deus, que tira o pecado do mundo? Com cer–

teza muito mais que a roupa com a qual Jesus

estava vestido. O que ele viu e entendeu de

Jesus? Ele mesmo responde que viu descer e

permanecer sobre ele o Espírito Santo. Por

isso logo acrescenta:" Este &e acute; o

Filho de Deus!".

No início deste breve Tempo

Comum, antes da Quaresma, encon–

tramos esta página do evangelho de

João. No próximo domingo, volta–

remos ao evangelho de Mateus.

Sabemos que o quarto evangelho foi

o último a ser escrito e apresenta os

resultados de uma minuciosa reflexão

teológica. Cada página é um concen–

trado de referências ao Antigo Testa–

mento e, ao mesmo tempo, uma extraor–

dinária novidade de formas para expressar

o anúncio da fé cristã.

É

o evangelista João,

por exemplo, que chama Jesus de "Palavra"

que se fez carne, de Luz do mundo, de Cami–

nho, Verdade e Vida. Essas e outras, são todas

"palavras" que já apareciam nas Escrituras,

como promessas, mas agora levadas ao cum–

primento,

à

plenitude, na pessoa de Jesus, cha–

mado de "Filho de Deus".

Nas palavras pronunciadas por João Batista

está, portanto, uma pequena e maravilhosa

"síntese" da missão de Jesus. Finalmente, che–

gava aquele que ia "tirar o pecado do mundo",

capaz de vencer o mal e a morte, para devolver

a esperança do perdão e da paz

à

humanidade

pecadora. Para a Bíblia, antes dos pecados dos

quais nó ;s, de uma forma ou de uma outra,

somos responsáveis, existe "o pecado do mun–

do" que é, afinal, a recusa do amor de Deus,

a orgulhosa desobediência do ser humano que

sempre cai na tentação de querer "ser como

''

É

o

evangelista

João,

por

exemplo,

que

c!Iama

Jesus

de

"Palavra"que

se tez

carne,

de

Luz do

mundo,

de

CaminlJo,

Venlade

e

Vida.

''

e

CLAUDIO PIGHIN - SACERDOTE E DOUTOR EM TEOLOGIA

Articulista

O

Santo Padre papa Francisco instituiu no

Ili

domingo do Tempo Comum o

"Domingo da Palavra de Deus".

"Com esta Carta, pretendo dar resposta a

muitos pedidos que me chegaram da parte do

povo de Deus no sentido de se poder celebrar

o Domingo da Palavra de Deus em toda a Igre–

ja e com unidade de intenções. Já se tornou

uma prática comum viver certos momentos

em que a comunidade cristã se concentra sobre

o grande valor que a Palavra de Deus ocupa

na sua vida diária. Nas diversas Igrejas locais,

há uma riqueza de iniciativas que torna a

Sagrada Escritura cada vez mais acessível aos

crentes para os fazerem sentir-se agradecidos

por tão grande dom, comprometidos a vivê-lo

no dia a dia e responsáveis por testemunhá-lo

com coerência.

O Concílio Ecuménico Vaticano II deu um

grande impulso

à

redescoberta da Palavra de

Deus, com a constituição dogmática Dei Ver–

bum. Das suas páginas que merecem ser sempre

meditadas e vividas, emergem de forma clara a

natureza da Sagrada Escritura, a sua transmissão

de geração em geração (cap. II), a sua inspiração

divina (cap. III) que abraça o Antigo e o Novo

Testamento (caps. IV e V) e a sua importância

para a vida da Igreja (cap. VI). Para incrementar

esta doutrina, Bento XVlconvocou em 2008

e na missão da Igreja» e, depois dela,

publicou a exortação apostólica Ver–

bum Domini, que constitui um ensi-

ti•l:I

namento imprescindível para as nos–

sas comunidades. Neste Documento,

aprofunda-se de modo particular o

caráter performativo da Palavra de

Deus, sobretudo quando, na ação litúr–

gica, emerge o seu caráterpropriamente

sacramental.

Por isso, é bom que não venha jamais

a faltar na vida do nosso povo esta relação

decisiva com a Palavra viva, que o Senhor nunca

Se cansa de dirigir

à

sua Esposa, para que esta

possa crescer no amor e no testemunho da fé.

Portanto estabeleço que o III Domingo do

Tempo Comum seja dedicado

à

celebração,

reflexão e divulgação da Palavra de Deus. Este

Domingo da Palavra de Deus colocar-se-á,

assim, num momento propício daquele período

do ano em que somos convidados a reforçar os

laços com os judeus e a rezar pela unidade dos

cristãos. Não se trata de mera coincidência tem–

poral: a celebração do Domingo da Palavra de

Deus expressa uma valência ecuménica, porque

a Sagrada Escritura indica, a quantos se colocam

à

sua escuta, o caminho a seguir para se chegar

''

Nesle Domingo,em particular,

será

útil

colocar

em evidência

a

sua

proclamação

eadaptar

a

homilia

para se pôr

em

destaque

o

serviço

que

se

presta

à

Palavra

do

Senhor.

Deus". Depois, no tempo de Jesus - que

é agora o nosso tempo - "o pecado"

é

a

_.;J

rejeição do próprio Cristo, a Palavra–

Luz: "Veio para o que era seu, mas

os seus não a receberam (Jol,11)".

"E a luz brilha nas trevas, e as trevas

não a dominaram" (Jol,5). Também,

para o evangelista João, Jesus

é

o

"novo" cordeiro da "nova" Páscoa,

da "nova e eterna Aliança". Na cruz

se cumpre a Escritura: "nenhum dos

seus ossos lhe será quebrado" (Jo 19,36),

justamente como devia ser para o cordeiro

na noite da saída do Egito e do seu memorial

(Ex 1 2,10.46; Nm 9,12).

A conclusão é simples: mais uma vez somos

convidados a aprimorar o nosso olhar a Jesus.

Ao longo do ano litúrgico, iremos lembrar tan–

tas circunstância e eventos da sua vida. Iremos

ouvir de novo tantas das suas palavras. No

entanto, a luta entre a luz e as trevas continua.

Sabemos e acreditamos que a vitória final será

da "luz verdadeira, que vindo ao mundo, a

todos ilumina" (Jol,9), mas a cada dia preci–

samos acolhê-la novamente e deixar que seja

luz para as decisões que tomamos continua–

mente. Numa hora de dúvida a quem recorrer?

A quem perambula na escuridão da existência,

também se aparenta saber tudo e ter a solução

para tudo? Cabe a cada um de nós escolher

por qual "luz" orientar-se. Que seja, por enquan–

to, ao menos, um peregrinar "na penumbra da

fé". Melhor desconfiar das roupagens bonitas,

elas enganam.

a uma unidade autêntica e sólida.

As comunidades encontrarão a fonna

de viver este Domingo como um

dia

solene. Entretanto será importante que,

na celebração eucarística, se possa

entronizar o texto sagrado, de modo

a tornar evidente aos olhos da assem–

bleia o valor normativo que possui a

Palavra de Deus. Neste Domingo, em

particular, será útil colocar em evidên–

cia a sua proclamação e adaptara homi–

lia para se pôr em destaque o serviço que

se presta

à

Palavra do Senhor. Neste

Domingo, os Bispos poderão celebrar o rito

do Leitorado ou confiar um ministério seme–

lhante, a fim de chamar a atenção para a impor–

tância da proclamação da Palavra de Deus na

liturgia. De facto, é fundamental que se faça todo

o esforço possível no sentido de preparar alguns

fiéis para serem verdadeiros anunciadores da Pala–

vra com uma preparação adequada, tal como já

acontece habitualmente com os acólitos ou os

ministros extraordinários da comunhão. Da mes–

ma maneira, os párocos poderão encontrar formas

de entregar a Bíblia, ou um dos seus livros, a toda

a assembleia, de modo a fazer emergir a impor–

tância de continuar na vida diária a leitura, o apro–

fundamento e a oração com a Sagrada Escritura,

com particular referência

à

lectio divina."