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emARIO DO AMAPÁ e DOMINGO E SEGUNDA-FEIRA 105 E 06 DE JANEIRO DE 2020
Opinião
1
jornal ,,
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sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicaçCies são com o propósito de estimular o
debate dos problemas amapaenses e do país. O
Diário do Amapá
busca levantar e fomentar
debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as
diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional.
e
DOM PEDRO JOSÉ CONTI - BISPO DE MACAPÁ
Articulista
Viemos adorá-lo
e
onta uma anedota da vida de Papa São
João XXIII que, quando ele era ainda
núncio apostólico em Paris, participou
de uma recepção e lá se encontrou com o
rabino Chefe da França. Quando chegaram
na porta de entrada, que era bastante estreita,
o patriarca deu a preferência ao rabino dizen–
do-lhe: "Por favor, é bomque passe na frente
oAntigo Testamento, depois virá o Novo!"
Neste domingo, celebramos a solenidade
da Epifania que significa "manifestação".
Os misteriosos "magos" que vêm do Oriente
e seguem a luz da "estrela" representam,
com bastante clareza, todos os povos, de
qualquer origem e emia,que virão para ado–
rar o recém-nascido. Essa é uma forma,mui–
to bonita e grandiosa, que o evangelista
Mateus encontrou para apresentar e propor
a pessoa de Jesus como irmão "universal'',
solidário como a humanidade inteira e, para
quem o acolher e acreditar, salvação ofere–
cida a todos. Com efeito, sempre nos per–
guntamos por que após tantos séculos de
preparação e de espera,que nós cristãos cha–
mamos de Antigo Testamento, aquele povo
escolhido não soube reconhecer o Messias?
Ou, melhor, por que bem poucos o segui–
ram? Diferentemente, o anúncio cristão se
espalhou rapidamente pelas e stradas do
então Império Romano e por outros tantos
caminhos chegou até nós. Têm muitas expli–
cações que, para quem acredita, não depen–
dem somente das capacidades humanas. Nós
acreditamos na força do Espírito Santo. Ele
se antecipa
à
chegada dos próprios
missionários e evangelizadores.
É
ele, o Espírito, que abre os corações
ao dom da fé. No entanto, a sole–
nidade da Epifania nos convida
sempre a abrir também os nossos
horizontes.
OMessias Salvador não é patri–
mõnio somente de alguns, nem
exclusividade para raros escolhidos.
É
verdade que foram poucos a iniciar
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a missão do anúncio do Evangelho, '
mas Jesus deixou claro que devia ser para
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"todas as nações" e "até os confins da terra". • ·
:
Ou seja, sem distinções ou exclusões. A
mensagem do Reino de Deus deve ser ofe–
recida a todos e a variedade dos povos, lín–
guas, raças e culturas, explica o nome de
Igreja "católica" capaz de acolher tanta
riqueza de diversidades. Podemos chegar
à
mesma conclusão, a partir de outro ponto
de vista: não precisa mudar de costumes e
de tradições para acolher o Evangelho de
Jesus. Cada um de nós é chamado a viver a
fé no Senhor a partir da sua real situação.
É
essa "condição humana'', com to das as s
uas diversidades e, ao mesmo tempo, com
toda a sua universalidade que deve ser trans–
formada pela Boa Notícia do Reino. Acre–
ditamos que não serão costumes vindo de
fora amudar uma certa realidade. Será a luz
do Evangelho a fazer reconhecer quanto
uma cultura está mais perto, ou mais longe
ainda, do mandamento do amor.
''
A
mensagem
do
Reino
de
Deus deve ser
oferecida
a
t«los
e
a
variedade
dos
povos,
línguas,
mças
e
culturas,
explica o
nome de
Igreja
"católica" capaz
de
acolher
tanta
riqueza de
diversidades.
''
e
CLAUDIO PIGHIN - SACERDOTE E DOUTOR EM TEOLOGIA
Articulista
Promovemos uma cultura da paz
T
odos nós somos convidados por uma
política da paz. Esta é possível por
meio de uma informação de paz. Paz
e informação. Duas realidades fundamentais
para aconvivência humana. Parece que estão
em risco. O nosso mundo, onde o progresso
avança sempre mais e a tecnologia dos
meios de comunicação se expande com rit–
mos acelerados, mostra-nos a real ligação e
dependência entre esses dois fatores, a
comunicação e a informação.
Aliás, dizia o papa S. João Paulo II, elas
representam hoje um poder que poderia bem
servir a causa da paz, mas também criar ten–
sões e provocar guerras e violações dos direi–
tos humanos. Segundo McLuhan, nós esta–
mos determinados pela tecnologia, ou seja,
pelo determinismo tecnológico e, por isso,
para ele, a única solução é desconectar o
cabo de força da tomada, isto é, cortar esse
tipo de comunicação. Certamente, nós não
estamos de acordo com esse tipo de afirma–
ção, embora reconheçamos que a situação
seja preocupante. Porém, achamos que o ser
humano possa encontrar as soluções por
meio da sua capacidade do saber e do dia–
logar. No entanto, nos questionamos: será
que estamos ensaiando, vivendo esta
dimensão do saber e do dialogar?
Pelo menos nós da Igreja nos
interrogamos o que estamos fazen–
do, de fato, em relação a isso?
Além do mais, por exemplo,
como a informação é submetida a
limitações e condicionamentos
políticos e econõmicos,arriscando,
assim, de ser sempre menos inde–
pendente, livre einsuficiente. Desde
sempre, a guerra como o terrorismo
se alimentam por uma informação fac–
ciosa, parcial e duvidosa que gera medo,
ódio e violência.
Ao mesmo tempo, cada vez que se escon–
de ou se muda a verdade, que se obscurece
uma manifestação ou projeto de paz, que se
privilegiam os interesses de uns no lugar do
bem comum, cumpre-se assim um grave
atentado
à
construção da paz. S. João Paulo
II escreveu: "as formas e as maneiras como
são apresentadas situações e problemas tais
como o desenvolvimento, os direitos huma–
nos, as relações entre os povos, os conflitos
ideológicos, sociais e políticos, as reivindi–
cações nacionais, a corrida para ter mais
''
Ao
mesmo tempo, cada vez
que se
esconde
ou se muda
a
verdade, que se obscurece uma
manifestação ou
projeto de paz,
que
se privilegiam os
interesses
de
uns
DO
lugar do bem
comum,
cnmpre·se assim um
grm
atentado
à
construção
' '
da paz.
Qualquer ser humano, em qualquer
lugar do mundo, está consciente da
sua fragilidade, da seriedade das
consequências das próprias esco–
lhas entre os caminhos do bem e
do mal, da beleza de ter mais ami–
gos e nenhum inimigo, da força da
solidariedade e da alegria da parti–
lha. A humanidade toda sente um
grande chamado à fraternidade, à
paz, ao enriquecimento na troca dos
saberes esabores, das artes, das músicas
e das danças. Não existe uma "cultura"
verdadeiramente humana que não tenha em
si os germes do Evangelho,amarca registrada
daquela "imagem e semelhança" com o Deus
criador, Pai de todos os povos e nações. Em
época de globalização do consumo, do indi–
vidualismo e da indiferença, precisamos res–
gatar a "globalização do amor". Não importa
se, como cristãos e católicos, formos muitos
ou pouc os, o que interessa é apontar sempre
o bem, a luz, a verdade, a justiça, além dos
próprios interesses e vantagens. Todas as
vezes que alguém descobre que a bondade, a
misericórdia eacompaixão, são melhores que
o ódio, a vingança e a violência,já está cola–
borando com a vitória do Amor. Não seremos
nós, carregados com as nossas ideias eculturas
a sennos "universais", será ele,o único Senhor
e Salvador de todos, Jesus Cristo, que os
Magos finalmente encontraram e adoraram!
O que nos cabe é apontar o Caminho, como
a estrela. Felizes por sermos pequenas luzes.
armas, para fazer alguns exemplos,
influem diretamente em formar aopi–
nião pública e criar mentalidades
orientadas no sentido da paz ou
abertas, no entanto, para soluções
de força".
Continua o Santo papa: "A
comunicação social, se quiser ser
instrumento de paz, deverá superar
as considerações unilaterais e par–
ciais, removendo preconceitos, crian–
do, no entanto, um espírito de com–
preensão e de recíproca solidariedade".
Infelizmente, os grandes e poderosos meios
de informação difundem uma falsa ideia da
paz que se associa ainércia,renúncia, entrega,
resignação, impotência. As imagens, palavras
e atitudes irresponsáveis transmitem princí–
pios e comportamentos que corroem as raízes
por uma cultura da paz. Porém, a paz se gera
emantém com uma informação e uma comu–
nicação livre, se preocupa como bem comum,
é próxima aos direitos e as necessidades das
pessoas. Assim sendo, uma livre informação
pode crescer somente na paz.
Assim, não devemos "dormir'',mas acordar
as nossas aspirações para uma cultura de paz.