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emARIO DO AMAPÁ e DOMINGO E SEGUNDA-FEIRA 105 E 06 DE JANEIRO DE 2020

Opinião

1

jornal ,,

DIARIO AMAPA

COMPROMISSO COM ANOTICIA

LUIZ MELO

ZIULANA MELO

Direror Superimendeme Dirernra de Jornalismo

ZIULANA MELO

Editora Chefe

MÁRLIOMELO

DirNor Administrativo

DIÁRIO DE COMUNICAÇÕES LTDA.

C.N.P.J: 02.401.125/0001-59

Administração, Redação e Publicidade

Avenida Coriolano Jucá, 456 - Centro

CEP 68900-101 Macapá (AP)

Fone:

99165-4286

www

.diariodoamapa.com.br

Circulação simultânea em Macapá, Belém, Brasília e em todos os municípios do Amapá. Os

conceitos emitidos em artigos e colunas são de responsabilidade dos seus autores e nem

sempre refletem a opinião deste Jornal. Suas publicaçCies são com o propósito de estimular o

debate dos problemas amapaenses e do país. O

Diário do Amapá

busca levantar e fomentar

debates que visem a solução dos problemas amapaenses e brasileiros, e também refletir as

diversas tendências do pensamento das sociedades nacional e internacional.

e

DOM PEDRO JOSÉ CONTI - BISPO DE MACAPÁ

Articulista

Viemos adorá-lo

e

onta uma anedota da vida de Papa São

João XXIII que, quando ele era ainda

núncio apostólico em Paris, participou

de uma recepção e lá se encontrou com o

rabino Chefe da França. Quando chegaram

na porta de entrada, que era bastante estreita,

o patriarca deu a preferência ao rabino dizen–

do-lhe: "Por favor, é bomque passe na frente

oAntigo Testamento, depois virá o Novo!"

Neste domingo, celebramos a solenidade

da Epifania que significa "manifestação".

Os misteriosos "magos" que vêm do Oriente

e seguem a luz da "estrela" representam,

com bastante clareza, todos os povos, de

qualquer origem e emia,que virão para ado–

rar o recém-nascido. Essa é uma forma,mui–

to bonita e grandiosa, que o evangelista

Mateus encontrou para apresentar e propor

a pessoa de Jesus como irmão "universal'',

solidário como a humanidade inteira e, para

quem o acolher e acreditar, salvação ofere–

cida a todos. Com efeito, sempre nos per–

guntamos por que após tantos séculos de

preparação e de espera,que nós cristãos cha–

mamos de Antigo Testamento, aquele povo

escolhido não soube reconhecer o Messias?

Ou, melhor, por que bem poucos o segui–

ram? Diferentemente, o anúncio cristão se

espalhou rapidamente pelas e stradas do

então Império Romano e por outros tantos

caminhos chegou até nós. Têm muitas expli–

cações que, para quem acredita, não depen–

dem somente das capacidades humanas. Nós

acreditamos na força do Espírito Santo. Ele

se antecipa

à

chegada dos próprios

missionários e evangelizadores.

É

ele, o Espírito, que abre os corações

ao dom da fé. No entanto, a sole–

nidade da Epifania nos convida

sempre a abrir também os nossos

horizontes.

OMessias Salvador não é patri–

mõnio somente de alguns, nem

exclusividade para raros escolhidos.

É

verdade que foram poucos a iniciar

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a missão do anúncio do Evangelho, '

mas Jesus deixou claro que devia ser para

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"todas as nações" e "até os confins da terra". • ·

:

Ou seja, sem distinções ou exclusões. A

mensagem do Reino de Deus deve ser ofe–

recida a todos e a variedade dos povos, lín–

guas, raças e culturas, explica o nome de

Igreja "católica" capaz de acolher tanta

riqueza de diversidades. Podemos chegar

à

mesma conclusão, a partir de outro ponto

de vista: não precisa mudar de costumes e

de tradições para acolher o Evangelho de

Jesus. Cada um de nós é chamado a viver a

fé no Senhor a partir da sua real situação.

É

essa "condição humana'', com to das as s

uas diversidades e, ao mesmo tempo, com

toda a sua universalidade que deve ser trans–

formada pela Boa Notícia do Reino. Acre–

ditamos que não serão costumes vindo de

fora amudar uma certa realidade. Será a luz

do Evangelho a fazer reconhecer quanto

uma cultura está mais perto, ou mais longe

ainda, do mandamento do amor.

''

A

mensagem

do

Reino

de

Deus deve ser

oferecida

a

t«los

e

a

variedade

dos

povos,

línguas,

mças

e

culturas,

explica o

nome de

Igreja

"católica" capaz

de

acolher

tanta

riqueza de

diversidades.

''

e

CLAUDIO PIGHIN - SACERDOTE E DOUTOR EM TEOLOGIA

Articulista

Promovemos uma cultura da paz

T

odos nós somos convidados por uma

política da paz. Esta é possível por

meio de uma informação de paz. Paz

e informação. Duas realidades fundamentais

para aconvivência humana. Parece que estão

em risco. O nosso mundo, onde o progresso

avança sempre mais e a tecnologia dos

meios de comunicação se expande com rit–

mos acelerados, mostra-nos a real ligação e

dependência entre esses dois fatores, a

comunicação e a informação.

Aliás, dizia o papa S. João Paulo II, elas

representam hoje um poder que poderia bem

servir a causa da paz, mas também criar ten–

sões e provocar guerras e violações dos direi–

tos humanos. Segundo McLuhan, nós esta–

mos determinados pela tecnologia, ou seja,

pelo determinismo tecnológico e, por isso,

para ele, a única solução é desconectar o

cabo de força da tomada, isto é, cortar esse

tipo de comunicação. Certamente, nós não

estamos de acordo com esse tipo de afirma–

ção, embora reconheçamos que a situação

seja preocupante. Porém, achamos que o ser

humano possa encontrar as soluções por

meio da sua capacidade do saber e do dia–

logar. No entanto, nos questionamos: será

que estamos ensaiando, vivendo esta

dimensão do saber e do dialogar?

Pelo menos nós da Igreja nos

interrogamos o que estamos fazen–

do, de fato, em relação a isso?

Além do mais, por exemplo,

como a informação é submetida a

limitações e condicionamentos

políticos e econõmicos,arriscando,

assim, de ser sempre menos inde–

pendente, livre einsuficiente. Desde

sempre, a guerra como o terrorismo

se alimentam por uma informação fac–

ciosa, parcial e duvidosa que gera medo,

ódio e violência.

Ao mesmo tempo, cada vez que se escon–

de ou se muda a verdade, que se obscurece

uma manifestação ou projeto de paz, que se

privilegiam os interesses de uns no lugar do

bem comum, cumpre-se assim um grave

atentado

à

construção da paz. S. João Paulo

II escreveu: "as formas e as maneiras como

são apresentadas situações e problemas tais

como o desenvolvimento, os direitos huma–

nos, as relações entre os povos, os conflitos

ideológicos, sociais e políticos, as reivindi–

cações nacionais, a corrida para ter mais

''

Ao

mesmo tempo, cada vez

que se

esconde

ou se muda

a

verdade, que se obscurece uma

manifestação ou

projeto de paz,

que

se privilegiam os

interesses

de

uns

DO

lugar do bem

comum,

cnmpre·se assim um

grm

atentado

à

construção

' '

da paz.

Qualquer ser humano, em qualquer

lugar do mundo, está consciente da

sua fragilidade, da seriedade das

consequências das próprias esco–

lhas entre os caminhos do bem e

do mal, da beleza de ter mais ami–

gos e nenhum inimigo, da força da

solidariedade e da alegria da parti–

lha. A humanidade toda sente um

grande chamado à fraternidade, à

paz, ao enriquecimento na troca dos

saberes esabores, das artes, das músicas

e das danças. Não existe uma "cultura"

verdadeiramente humana que não tenha em

si os germes do Evangelho,amarca registrada

daquela "imagem e semelhança" com o Deus

criador, Pai de todos os povos e nações. Em

época de globalização do consumo, do indi–

vidualismo e da indiferença, precisamos res–

gatar a "globalização do amor". Não importa

se, como cristãos e católicos, formos muitos

ou pouc os, o que interessa é apontar sempre

o bem, a luz, a verdade, a justiça, além dos

próprios interesses e vantagens. Todas as

vezes que alguém descobre que a bondade, a

misericórdia eacompaixão, são melhores que

o ódio, a vingança e a violência,já está cola–

borando com a vitória do Amor. Não seremos

nós, carregados com as nossas ideias eculturas

a sennos "universais", será ele,o único Senhor

e Salvador de todos, Jesus Cristo, que os

Magos finalmente encontraram e adoraram!

O que nos cabe é apontar o Caminho, como

a estrela. Felizes por sermos pequenas luzes.

armas, para fazer alguns exemplos,

influem diretamente em formar aopi–

nião pública e criar mentalidades

orientadas no sentido da paz ou

abertas, no entanto, para soluções

de força".

Continua o Santo papa: "A

comunicação social, se quiser ser

instrumento de paz, deverá superar

as considerações unilaterais e par–

ciais, removendo preconceitos, crian–

do, no entanto, um espírito de com–

preensão e de recíproca solidariedade".

Infelizmente, os grandes e poderosos meios

de informação difundem uma falsa ideia da

paz que se associa ainércia,renúncia, entrega,

resignação, impotência. As imagens, palavras

e atitudes irresponsáveis transmitem princí–

pios e comportamentos que corroem as raízes

por uma cultura da paz. Porém, a paz se gera

emantém com uma informação e uma comu–

nicação livre, se preocupa como bem comum,

é próxima aos direitos e as necessidades das

pessoas. Assim sendo, uma livre informação

pode crescer somente na paz.

Assim, não devemos "dormir'',mas acordar

as nossas aspirações para uma cultura de paz.